A taxa de desemprego real chega aos 23,3%, em Portugal. É o que se pode inferir fazendo cálculos extrapolados a partir dos números do Instituto Nacional de Estatística, que divulgou hoje que a taxa oficial alcançou 15% no segundo trimestre. Para todos os efeitos, existem 827 mil pessoas sem trabalho.
Mas taxa de subutilização do trabalho - que inclui outras pessoas excluídas do mercado de emprego para lá dos desempregados - permite-nos chegar a outro valor, bem pior.
É que o INE também contabiliza números para trabalhadores em situação de subemprego e para inativos que desejam ter emprego, um conjunto de situações que somados aos desempregados atingem mais de 1,3 milhões de pessoas, nota a Lusa.
De notar que o gabinete de estatísticas nacional publicou hoje pela primeira vez três indicadores suplementares que seguem as normas europeias: subemprego de trabalhadores a tempo parcial, inativos à procura de emprego mas não disponíveis e inativos disponíveis mas que não procuram emprego.
O subemprego de trabalhadores a tempo parcial, que abrangia 266 mil pessoas no segundo trimestre, refere-se a pessoas com trabalho em part time dispostas a trabalhar mais horas.
Os inativos à procura de emprego, mas não disponíveis eram 38 mil no segundo trimestre. São pessoas que embora tenham procurado ativamente emprego não estavam disponíveis para trabalhar de imediato (por estarem, por exemplo, à espera dos resultados de uma entrevista de emprego ou por já terem aceite um emprego que só começará numa data posterior).
Os inativos disponíveis, mas que não procuram emprego eram 217 mil no segundo trimestre; trata-se neste caso de indivíduos que estavam prontos para trabalhar, mas, por uma série de razões, não procuraram ativamente emprego.
«Não é legítimo adicionar a estimativa do seu número ao número de desempregados para calcular taxas de desemprego alternativas à taxa de desemprego oficial», lê-se num artigo em anexo às estatísticas hoje divulgadas.
No entanto, é possível calcular uma «taxa de subutilização do trabalho» - que corresponde ao número total de pessoas excluídas do mercado de trabalho.
Juntando o número de pessoas nas categorias suplementares aos desempregados, e dividindo pela população ativa ajustada com as categorias suplementares, chega-se a esta «taxa de subutilização do trabalho»: 23,3% neste trimestre, mais 0,4 pontos que no trimestre anterior.
Para o ano de 2011, esta taxa teria atingido os 19,7%; a taxa oficial de desemprego no ano passado foi 12,7%.
O desemprego de muito longa duração é dos mais preocupantes. Há um novo recorde de pessoas sem trabalho há mais de dois anos.
O Governo e a troika têm manifestado «grande preocupação» com a evolução do desemprego. Depois de rever os seus métodos de cálculo, o Governo prevê que a taxa atinja uma média de 15,5% para o total de 2012. O país assistirá a um agravamento da taxa para 16% em 2013.
Já se vai assistindo, em todo o país, a um entra e sai constantes dos centros de emprego.
São publicadas estatísticas sobre o desemprego todos os meses e fazem-se balanços de três em três, semestrais e anuais. Já ouvir falar em números piores do que os divulgados hoje?
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Fonte:
http://www.agenciafinanceira.
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