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segunda-feira, 10 de março de 2014

Gastar mais água vai penalizar na fatura a partir de 2016

O presidente da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) afirmou hoje que os consumidores que gastam mais água vão ser penalizados quando entrarem em vigor os novos tarifários, em 2016, que criam quatro escalões de consumo.
Jaime Melo Batista considerou a nova lei orgânica da ERSAR, hoje publicada na Diário da República, como “um avanço” relativamente à anterior, já que reforça os poderes do regulador e permitem-lhe intervir na fixação de tarifas num universo de 500 entidades gestoras, que prestam serviços na área do abastecimento de água, saneamento e tratamento de lixo.
A ERSAR está a preparar os regulamentos que vão orientar a definição de tarifas no futuro, passando a seguir critérios que incentivam ao uso eficiente da água e introduzem penalizações ambientais.
“Quem gastar muita água é penalizado”, tendo um custo unitário superior, enquanto quem gastar apenas a quantidade de água indispensável para o uso normal de uma família será beneficiado com um escalão de custo mais baixo, adiantou o presidente da ERSAR.
Segundo Jaime Melo Baptista, “estão previstos instrumentos para acomodar as diferentes situações” e o número de elementos do agregado familiar, prevendo-se a existência de uma tarifário familiar e um outro, social, que atenderá às “fragilidades de certas famílias em termos económicos”.
Dos quatro escalões, o primeiro corresponde aos gastos essenciais de uma família, tendo um custo reduzido; o segundo e terceiros escalões “terão custos mais elevados na lógica da recuperação de custos”; e o quarto e último terá um valor “claramente mais elevado e penalizador do ponto de vista ambiental para quem gastar muita água”.
Os municípios vão continuar a poder definir as tarifas, mas estas terão de estar de acordo com o regulamento tarifário da ERSAR.
Caso contrário, a ERSAR terá poderes para obrigar os municípios a cumprirem a lei.
“Em última instância e, naturalmente, em situações excecionais [a lei] atribui à ERSAR o poder de emitir uma instrução vinculativa de correção de tarifário”, sublinhou Jaime Melo Baptista.
Esta instrução vinculativa pode vir a ter lugar quando as tarifas “conduzam a uma clara insustentabilidade do serviço do ponto de vista económico-financeiro”, sejam injustas para os utilizadores ou ultrapassem o limiar de acessibilidade económica.
Os regulamentos entrarão em vigor a partir de 2016 e preveem um período de transição para que os municípios “possam evoluir da situação atual” e “acomodar os seus tarifários” às novas exigências.
A ERSAR vai poder também fixar as tarifas dos sistemas de titularidade estatal (essencialmente o universo do grupo Águas de Portugal que fornece água aos municípios), criando incentivos “para uma maior eficiência da prestação dos serviços”, o que, segundo Jaime Melo Baptista “conduzirá a uma pressão de redução das tarifas”.
O regulamento dos resíduos “já foi intensamente discutido com o setor” e deverá ser aprovado já na sua versão final, enquanto o da água, “que está em elaboração, será ainda discutido com o setor e só depois será aprovado.
Manifestando “satisfação” em ver hoje publicados os novos estatutos da ERSAR, Jaime Melo Baptista apontou também como positivo o reforço da independência face ao poder político.
Em termos financeiros, a ERSAR deixa de estar dependente do Orçamento do Estado e passa a financiar-se exclusivamente através das taxas de regulação.
Em termos funcionais, as nomeações para cargos dirigentes serão feitas pelo Governo, mas serão precedidas de audições na Assembleia da República.
A extensão dos mandatos para seis anos permite igualmente maior “estabilidade regulatória”, destacou o responsável da ERSAR.
Presidente do Instituto Regulador de Águas e Resíduos desde 2003, entidade que deu lugar à ERSAR em 2009, Jaime Melo Batista foi reconduzido em 2012 e vai deixar o cargo no próximo ano, já que a nova lei-quadro das entidades reguladoras impede a renovação dos mandatos.

«DD/Lusa»

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