MEDALHA MUNICIPAL DA LIBERDADE
– AO POVO DE ALPIARÇA –
ALPIARÇA, um pequeno concelho rural na margem esquerda do rio Tejo, fundado a 2 de Abril de 1914, ladeado pelos concelhos de Almeirim, Santarém e Chamusca.
Terra acolhedora, conhecida em todo o país pela qualidade dos seus melões, dos seus vinhos e pelo ciclismo d’Os Águias.
Mas, sobretudo, uma terra reconhecida pelas suas gentes, pelo seu povo.
Um povo corajoso, que sempre soube lutar pela justiça, pela democracia, e pela LIBERDADE.
Um povo oprimido, que sofreu, que soube sofrer, sem desistir, sem nunca baixar os braços.
As gentes de Alpiarça foram um exemplo na luta dos povos rurais, a nível nacional.
Na procura de melhores condições de vida, de melhores condições de trabalho, de melhores salários.
Um povo esclarecido, que sempre soube distinguir o certo do errado, conhecedor dos seus direitos, que por eles lutou, com sacrifício da vida pessoal de muitos dos seus filhos e, muitas vezes, com o sacrifício da sua própria liberdade ou até mesmo da sua própria vida.
Povo historicamente conhecido pela sua têmpera e pela defesa dos valores de Justiça e de Fraternidade, pelos quais lutou desde o regime monárquico, papel esse reforçado durante a vigência do Estado Novo, agora já numa perspectiva mais avançada, pela Democracia e Liberdade.
Assim, em consequência da coragem demonstrada pelos Alpiarcenses, o Estado Salazarista, fascista e opressor, sentiu necessidade de instalar aqui um posto da tenebrosa polícia política. Um posto da PIDE em Alpiarça.
O povo de Alpiarça que há muito tempo já era perseguido, passou a ser vigiado de perto.
Mas a coragem e a luta nunca mostraram sinais de desistência.
Foi o tempo de mais prisões arbitrárias, foi o tempo das invasões noturnas dos lares de cada um, foi o tempo de mais espancamentos, foi o tempo em que o barulho de um jeep ao passar na nossa rua, era causador de angústias e preocupações.
Alpiarça é uma terra de heróis e heroínas. Conhecemos o nome de muitos. Alguns e algumas, já foram inclusivamente homenageados pelo Município.
Homenageados com toda a justiça, por tudo o que realizaram e sofreram. Por aquilo que foram.
Mas muitos outros Alpiarcenses, direta ou indiretamente, também foram vítimas. Muitos outros tiveram que ter muita coragem. Muitos outros lutaram. Alpiarcenses anónimos. Alguns eram crianças apenas, mas viram sua vida afetada pela ditadura e pela consequente luta.
Viram membros da sua família serem torturados, presos, ou obrigados a fugir.
É a pensar em todas estas pessoas, a maioria delas desconhecida, mas que na realidade também foram importantes nesta marca de lutadores, de amantes da Liberdade, que os Alpiarcenses detêm.
Assim, neste ano de 2014, em que se comemora o Centenário do Concelho, a Assembleia Municipal de Alpiarça, na impossibilidade de homenagear individualmente cada um dos Alpiarcenses, delibera atribuir a Medalha Municipal da Liberdade, simbolicamente, ao POVO DE ALPIARÇA, de modo a mostrar toda a sua gratidão e a premiar o mérito que é ser Alpiarcense.
Proposta aprovada por unanimidade.
«CMA»
1 comentário:
E aqui está! É esta a homenagem que a oposição não queria, preferindo antes homenagear o M. Duarte. Quem é esse senhor ao pé deste povo e da sua história ao longo destes 100 anos?
O povo de Alpiarça não será merecedor desta justa homenagem? Eh pá, desapareça daqui quem acha que não porque também não merece a nossa amizade.
Mas a bem dizer, tenho para mim que só terá coragem para se insurgir contra esta atitude da CDU de homenagear as lutas deste povo pela liberdade quem não conhece bem este povo ou aquelas pessoas a quem as conquistas dos alpiarcenses até lhes fazem raiva. Vamos ver se não é assim.
Os partidos da oposição engoliram um grande sapo ao votar a favor das lutas pela liberdade, coisa que alguns abominam. A idéia do M. Duarte seria uma forma airosa de sair deste beco sem saída que foi serem obrigados a votar a favor de um povo que odeiam, pelo menos provam isso todos os dias nas suas conversas anticomunistas. É que quer queiram quer não queiram, o partido comunista faz parte da história deste povo e isso não o conseguirão branquear. E, atenção, a CDU omitiu isso do texto e nem assim foi pacífico. Tá bonito isto... Talvez seja hora de fazer tréguas, a bem da nossa terra.
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