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quinta-feira, 14 de maio de 2009

Sónia Sanfona precisa de tempo para fazer o relatório

Comissão de inquérito ao BPN vai ser prolongada
A comissão de inquérito parlamentar ao caso BPN vai ser prolongada por mais 30 dias. “Aquilo que está previsto, como houve várias jornadas parlamentares e temos um longo e profundo relatório para elaborar, é fazer o relatório agora e adiar as audições que estavam marcadas para a próxima semana”, explicou ao CM Maria de Belém Roseira, que preside à comissão.

A audição de Vítor Constâncio, governador do Banco de Portugal, e de Teixeira dos Santos, ministro das Finanças, marcadas para os dias 19 e 21, são assim proteladas até à semana que se inicia a 25 de Maio.

O objectivo é dar tempo a Sónia Sanfona, deputada socialista, para terminar o relatório de forma a que os deputados possam ter em mãos as conclusões de quase cinco meses de trabalho quando forem ouvidos no Parlamento os responsáveis da supervisão bancária e do Governo.

Segundo Maria de Belém Roseira, o pedido de prolongamento é feito por mais 30 dias, contudo “quando é requerida a prorrogação não é costume usar a totalidade dos dias”.
«CM»

1 comentário:

Anónimo disse...

Álvaro Brasileiro - um camarada, um amigo

"- Morreu o Álvaro Brasileiro.

Assim me disseram pelo telefone. Ontem.
E tudo o resto, todas as notícias, todos os pequenos acontecimentos (grandes que eles fossem), tudo o que preenche os dias se apagou perante a brutalidade do telefonema. Que nem sei se agradeci como o devia ter feito.

Desde ontem, anda comigo a lembrança que me trouxe a morte do amigo, do camarada, um dos casos em que escolho a ordem alfabética para dizer o que o Álvaro era para mim. Um amigo, um camarada. Um amigo camarada, um camarada amigo.

Conhecemo-nos em Caxias, ambos com 27 anos que no mesmo ano nascemos. Era, o Álvaro, um dos três de Alpiarça - com o Abalada e o Arraiolos - mais velhos. Sim, porque os outros três - o Machado, o Marvão, o Raposo/"Facalhim", que também recentemente morreu sem que lhe tivesse dado o abraço de que estávamos em falta há 45 anos - andavam próximos dos 20.

Calmo, ponderado, consistente, assim o conhecemos. E à Justina, que víamos através das redes das visitas, sempre a companheira.

Depois, foi a vida e a luta que nos fizeram encontrados tantas vezes. Sempre o amigo, sempre o camarada. Nas campanhas de 1969 e 1973, na revolução por que lutáramos. Às vezes em convívios no meloal, ou em sua ou em minha casa, só porque nos sentíamos bem juntos. Como amigos. E camaradas, sempre.

Na Assembleia da República, o nome do Álvaro Brasileiro, eleito pelo distrito de Santarém, está inscrito - queiram-no ou não os historiadores encartados - como um dos mais prestigiados deputados, um que, entre "doutores e engenheiros", se fazia respeitar como operário rural, como seareiro, que sabia o que queria e sabia do que falava, que chegou a presidente da comissão de agricultura, não por arranjos e conluios mas por indiscutível mérito. Tive a sorte de partilhar com ele os dois mandatos por Santarém, no curto período em que coincidimos na AR. Foi dos tempos mais ricos da minha actividade parlamentar. Ao Álvaro Brasileiro o agradeço! Como nós trabalhámos em perfeita cooperação, apenas com a finalidade de estarmos ali ao serviço dos interesses de quem representávamos! E fizemos, os dois, uma inesquecível volta a quase todos os concelhos de Santarém, prestando contas do que fizéramos em representação do povo do distrito.

Nunca deixámos de nos encontrar e abraçar e conviver, com ou sem pretextos.
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Só mais dois episódios que ajudarão a transmitir, nestas magoadas palavras, o que sinto. Um, lembrando a tão sintomática situação de ter tido de ser, há poucos anos (muito depois de 1974!), testemunha de defesa (abonatória) do Álvaro, num tribunal, por ele ter co-assinado um documento político, o que o levou, com outros camaradas, àquela situação, a ele que fora julgado pelos tribunais plenários do fascismo, tal como eu o fui; outro episódio foi o da alegria que ele me deu ao aceitar apresentar o meu último livro em Alpiarça. O 50 anos de economia e militância teve, em Álvaro Brasileiro, o amigo e o camarada que deu o testemunho mais claro e insofismável do que foi a luta militante (e na economia produtiva) deste meio século que atravessámos. Com as nossas fragilidades mas com as nossas convicções e determinadas vontades. Esta luta que continua, Álvaro. Sem que estejas ao nosso lado, mas continunado connosco. Com o teu exemplo.

Sérgio Ribeiro

Economista
Membro da DORSA do PCP
Antigo Deputado na AR
Antigo Deputado no Parlamento Europeu