Por: Ricardo Hipólito |
Razões para o decréscimo (ou aumento) do
número de habitantes num concelho são variadas. Querer transformá-las apenas
num factor derivado da cor política do governo local (e num curtíssimo
intervalo de tempo), não me parece uma forma séria de a analisar.
Alguém com um pouco de tino acreditará
que, num concelho como o de Alpiarça, com tudo de rastos, sem qualquer tipo de
qualidade de vida (era o que nos diziam nos finais da década de 90), ao fim de
2 anos de nova governação, seja por isso que se aumenta em centenas o número de
pessoas no concelho?
E depois há aumentos e aumentos de
população. Sintra teve aumentos espectaculares de habitantes na década de 80 e
90. Lisboa, por sua vez, decresceu. Quererá isso dizer que a (catastrófica)
governação de Edite Estrela foi incomparavelmente melhor do que as de Sampaio e
de João Soares?
Será que o aumento da população no
concelho de Oeiras, nos anos 70 e 80, terá alguma coisa a ver com o aumento
ocorrido, no mesmo concelho, já neste milénio?
Será que o facto de Portugal ter sido
preponderantemente um país de emigração, para passar a sê-lo, de forma
significativa, de imigração e, agora, desgraçadamente, novamente um país de
emigração, não tem nada a ver com as oscilações nas populações?
E a atractividade de concelho dormitório
não pesará? E essa característica trará significativos ganhos para o
desenvolvimento local?
E as condições económicas e sociais de um
país (dependentes essencialmente da política do governo nacional) não contarão,
particularmente para regiões como a nossa? Ainda para mais com um governo que
se está positivamente maribando para as consequências demográficas (a médio e
longo prazos) que Portugal irá sofrer com esta situação.
Quando se quiser discutir estas oscilações
de número de habitantes numa região / concelho, por favor, não se parta de
trivialidades primárias.
E, por último, com o comentário das 14.50
somos levados a crer que o PS governou Alpiarça desde 1930 até 1981 e quando
voltou ao poder, zás!, mais uma catrefada de habitantes. Logo que saiu do poder
em 2004 (é o que se deduz de tão brilhante raciocínio), nova debandada, com centenas
de habitantes a correr atrás dele (para onde é que ele fosse).
Este é um dos casos que se o referido
comentarista percebesse alguma coisa de demografia, movimentos migratórios (e,
particularmente, imigratórios) e, já agora, fizesse umas comparações com o que
se passa a nível nacional e também a regiões com características à de Alpiarça,
não se ficaria por um raciocínio (?) tão linear.
(há um comentador que apresenta uma
justificação para um aumento de população no 1º quartel do século passado
derivado à fábrica de cerâmica do Casalinho.Julgo que, por aquilo que conheço da
fábrica (da sua instalação e de pessoas que por lá trabalharam e me deram
testemunhos) e da fundação do Casalinho, e com aqueles números (dezenas e
dezenas de famílias), ela não tem sustentação. Como estudioso do meu concelho
gostaria muito de aceder a documentos ou testemunhos que sustentassem tal
afirmação que, digo sinceramente, desconhecia).
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