O
secretário-geral do PS, António José Seguro, disse hoje que não compreende a
estranheza do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho por o PS recorrer
"vezes de mais" para o Tribunal Constitucional (TC).
"Há outra coisa [com] que o primeiro-ministro
recentemente atacou o PS. É de que o PS recorre vezes de mais para o TC. O que
é que o primeiro-ministro estava à espera do PS ? Que nós fossemos uma oposição
meiga, dócil, suave ?", questionou António José Seguro em Fornos de
Algodres onde participou no jantar de Reis da Federação Distrital do PS da
Guarda, que juntou cerca de 350 militantes.
Segundo o dirigente nacional do PS, "a
Constituição é a lei fundamental do nosso país".
"Se há um Governo que não sabe governar de acordo
com a Constituição, então o PS cá está em todos os momentos para lhe fazer
lembrar e para enviar todas as leis que nós consideremos que são
inconstitucionais, para o TC", garantiu António José Seguro.
Quinta-feira, num comentário ao pedido de
fiscalização sucessiva do PS ao Tribunal Constitucional sobre o Orçamento do
Estado, o primeiro-ministro considerou que "soa a falso" o PS desejar
que Portugal cumpra o programa de ajustamento como a Irlanda, e, ao mesmo
tempo, reclamar o incumprimento das metas do défice.
"Era importante que o PS, que discorda das
medidas que estão contidas no Orçamento do Estado em vigor, dissesse quais as
medidas alternativas que defende. Quando esse exercício não é feito, soa a
falso dizer que se tem a expectativa de que Portugal possa fechar o programa
com sucesso, e de preferência como a Irlanda como diz o PS", disse.
O primeiro-ministro disse, ainda, "lamentar
profundamente que durante este período o Partido Socialista não possa dar um
contributo positivo para que se chegue ao fim do programa cumprindo as metas do
défice.
António José Seguro também referiu que, esta
semana, o primeiro-ministro, "chorando lágrimas de crocodilo", disse
que "gostava mais que o PS tivesse colaborado com o Governo".
"Quantas vezes o Governo ignorou as
propostas do PS ? (...) Como é que é possível o primeiro-ministro dizer que
quer colaborar mais com o PS e esta semana aprova um novo estatuto da RTP sem
nunca ter consultado o PS ?", perguntou, assumindo que a RTP "é a
televisão do estado, não é a televisão do Governo".
"E quando se faz uma alteração tão profunda
do estatuto da televisão portuguesa, não é normal que se converse com os outros
partidos? Se peça a opinião do principal partido da oposição ?", disse.
Seguro citou o exemplo para "demonstrar a
hipocrisia de um primeiro-ministro que já está em campanha eleitoral e a única
coisa que neste momento se especializou é em fazer oposição ao PS" e em
"todas as intervenções que faz é para arrear no PS".
O dirigente socialista disse ainda que olhando
para o primeiro-ministro e para o Governo "parece que a crise já
passou".
"Temos que dizer ao primeiro-ministro que
ele não vive na lua", declarou.
«jn»
Sem comentários:
Enviar um comentário