Por: José João Pais |
Nota prévia ao livro "Alpiarça, um concelho da Republica".
Como sempre tenho dito, repetido e provado, Alpiarça é quase um “poço sem fundo” de histórias. É impressionante a quantidade de matéria que sobre ela descubro nos arquivos que vasculho por toda a parte. Procura-se um determinado assunto e logo outros vêm na rede, numa sucessão contínua que parece inesgotável.
E esta situação é tanto mais de realçar, quando todos temos a noção de que somos um concelho pequeno em superfície. De facto, assim é. Os seus 95 km2 fazem com que seja um dos mais pequenos do país. Mas foi sempre um concelho com uma grande “alma”, como constatamos ao longo destas e doutras páginas que já escrevi. Grande na sua História. Grande nas pessoas que o fizeram. É uma História construída por gente ilustre e prestigiada a nível nacional, mas também por gente humilde, que, apesar da sua condição, nunca baixou os braços na adversidade, na luta contra o que julga ser injusto, que se bateu sempre pela sua dignidade. Disse sempre PRESENTE nos grandes momentos em que era necessário gritar a palavra LIBERDADE. Fosse em 1832 durante as lutas liberais, fosse em Maio de 1846 quando adere à Revolta da Maria da Fonte e à da Patuleia, em sintonia com Passos Manuel, ou em 5 de Outubro de 1910, acompanhando José Relvas e o célebre grupo de Alpiarça, ou ainda em 25 de Abril de 1974. Alpiarça nunca ficou apenas a assistir passivamente ao desenrolar dos acontecimentos. A sua população jamais se refugiou dentro das quatro paredes da casa à espera que as tempestades passassem. Veio para a rua. Disse sempre presente.
Podemos discordar de algumas palavras, actos, atitudes, ou tomadas de decisão, mas, sobre Alpiarça, há palavras que podemos sempre utilizar sem medo de sermos desmentidos. Nunca foi uma terra amorfa, conformada e subserviente.
É uma possibilidade para a capa do livro "Alpiarça, um concelho da Republica 1914-2014". Tem as cores de Alpiarça, verde e preto. |
Como refere o Dr. Victor Castro nas Memórias da Criação do concelho de Alpiarça, por detrás da acção dos homens de Alpiarça que tomaram sobre os seus ombros a tarefa de criar o concelho, está “a vontade de autonomia, o espirito de liberdade e solidariedade, a fixação de objectivos de progresso e bem-estar, a capacidade de organização e decisão que animaram esses homens, avós dos actuais alpiarcenses” (Castro, s/d, p. 25).
A listagem que publico no livro, com os nomes daqueles que fizeram parte de todos os órgãos municipais, Comissão Executiva, Comissões Administrativas, Presidentes da Câmara, Senado, Conselho Municipal e Assembleia Municipal, desde 1914 até 2014, evidenciam a quantidade enorme de alpiarcenses que durante 100 anos se devotaram à causa pública e lideraram politicamente o concelho. Todos eles, juntamente com os dinamizadores das actividades económicas do concelho e toda a população, foram os motores do concelho durante estes 100 anos.
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