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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Famílias portuguesas cortam no consumo para níveis nunca vistos

Nem entre 1983 e 1984, quando o FMI veio pela primeira vez a Portugal, a tendência do consumo caiu tanto.
As famílias portuguesas contraíram o consumo para níveis nunca vistos. Nem na primeira intervenção do FMI em Portugal, entre 1983 e 1984, a queda foi tão agressiva, mostra o indicador coincidente do Banco de Portugal, divulgado hoje. A tendência de consumo caiu para -3,4 pontos em Julho, o valor mais baixo desde que começaram a ser recolhidos os dados, em 1978.
Este foi o oitavo mês consecutivo em que a tendência do consumo privado contraiu, sinalizando que a componente responsável por mais de dois terços do produto interno bruto (PIB) será fortemente negativa este ano.
A tendência recessiva foi ainda confirmada pelo indicador de actividade económica. Os dados do Banco de Portugal mostram que o nível de actividade económica está no vermelho há já seis meses e que se reduz consecutivamente há pelo menos um ano. Este é, aliás, o valor mais baixo desde Julho de 2009, altura em que Portugal estava em recessão. O indicador coincidente de actividade caiu para -1.6 pontos e os dados registados de Janeiro a Julho degradaram-se para -0,8 pontos, um valor bem abaixo do verificado no ano passado (1 ponto).
Esta informação vai ao encontro dos números divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística, que perspectivam também um abrandamento da actividade económica e uma degradação das expectativas tanto das empresas, como dos consumidores.
A justificar o comportamento recessivo da economia portuguesa está o exigente pacote de medidas de austeridade que Portugal definiu com três instituições internacionais - Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu - para resgatar o país da bancarrota. As expectativas do Governo e da ‘troika' apontam para uma recessão de 2,2% do produto interno bruto este ano e para uma nova contracção de 1,8% em 2012.
«DE»






2 comentários:

Anónimo disse...

Criação de fundo de despedimentos divide patrões e sindicatos

A UGT considera que o Governo "viola" o acordo de concertação social de Março e o memorando da ‘troika' se a redução do valor das indemnizações por despedimento não entrar em vigor em simultâneo com o fundo financiado pelas empresas para pagar parte dessas compensações. Por sua vez, a Confederação da Indústria (CIP) defende que o acordo não obriga as empresas a criarem o fundo.

Foi isso que a UGT e a CIP foram ontem dizer aos deputados, no primeiro debate na especialidade sobre a proposta do Governo que altera a a lei laboral. Na comissão parlamentar de Segurança Social e Trabalho, o líder da UGT, João Proença disse que é "crucial" que as duas matérias entrem em vigor ao mesmo tempo, sob pena de os trabalhadores serem os únicos sacrificados. A criação do fundo "é um ponto fundamental do acordo" pois significa que, se por um lado, se reduz o valor das indemnizações, por outro há a garantia de que a compensação por despedimento será efectivamente paga, disse Proença.

Já Gregório Novo, da CIP, faz uma leitura diferente: "Não foi acordado qualquer fundo" na concertação social. O compromisso, que a CIP "assumirá de forma responsável", disse, foi de que as empresas poderão encontrar "livremente um mecanismo de compensação".

Também o secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, foi ouvido pelos deputados, defendendo que a criação do fundo "é uma falácia".

A proposta do Governo, já aprovada na generalidade, reduz o valor das indemnizações de 30 para 20 dias mas não faz referência à criação do fundo.

«DE»

Anónimo disse...

Imunes à austeridade os gestores públicos aumentaram gastos com telemóvel


Os rumores de austeridade parecem ter passado ao lado dos gestores públicos, pelo menos no que toca aos gastos com telemóveis. Destaque para Fernando Pinto, presidente da TAP, que gastou mais de 750 euros por mês em 2010.

O Jornal I noticia esta manhã que as faturas de telemóvel dos gestores públicos aumentaram cerca de 20% de 2009 para 2010. Na sua análise são consideradas as 15 maiores empresas públicas do país.

Apesar do congelamento de prémios de gestão e dos cortes salariais, os 75 principais gestores destas empresas, em conjunto, gastaram cerca de 141,6 mil euros no ano passado.

Os números assustam, mas também não há que pecar pelo exagero. O Juiz Presidente do Tribunal Central de Instrução Criminal, Cardoso Alexandre, desistiu de usar o telemóvel pago pelo Estado porque lhe impuseram um plafond de 15 euros que, quando ultrapassado, não lhe permitia fazer uso do aparelho. Almerindo Marques, ex-Presidente das Estradas de Portugal, por seu turno, não apresentou gastos nos últimos três anos.

As empresas onde se registaram mais gastos foram a Caixa Geral de Depósitos (CGD) e a TAP (Transportes Aéreos Portugueses).

Os administradores da entidade bancária gastaram 33,7 mil euros em 2010 (mais 54% que no ano anterior) e os seis gestores da transportadora aérea gastaram 20,6 mil euros em telemóvel. Fernando Pinto, presidente da TAP, destaca-se por ter ultrapassado o limite máximo anual imposto pela assembleia-geral da empresa (9000 euros), gastando 9124 euros.

Nestes gastos, além das chamadas e mensagens, incluí-se o o acesso à internet.

Entre as empresas analisadas, apenas a Carris, os CTT e a ANCP reduziram os gastos com telemóvel.

@ SAPO

*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.*