A contracção da economia está a suprimir milhares de postos de trabalho nas empresas portuguesas, sobretudo nas de menor dimensão. Segundo os dados da Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), o número de empresas envolvidas em processos de despedimentos colectivos subiu 25% no primeiro semestre deste ano, período em que 326 comunicaram a intenção de dispensar trabalhadores. No total, há mais de 3.000 funcionários que vão ficar sem o posto de trabalho.
Os números da DGERT mostram que, embora o total de trabalhadores dispensados seja menor este ano, há mais empresas a despedir. No primeiro semestre de 2010, houve 3.697 trabalhadores despedidos, mas apenas 261 empresas comunicaram a abertura de processos. Esta evolução mostra que os despedimentos colectivos estão a alastrar com mais velocidade nas Pequenas e Médias Empresas (PME).
No ano passado, cerca de duas dezenas de grandes empresas, segundo os registos daquela direcção-geral, foram responsáveis por mais de mil despedimentos. Este ano, os maiores grupos não estão a despedir tanto, mas há mais PME.
Joaquim Dionísio, da Comissão Executiva da CGTP, reconhece que «muitas PME estão a sofrer bastante, às vezes tanto como os próprios trabalhadores». Contudo, alerta também para algum «aproveitamento» que várias entidades patronais fazem do ambiente económico para fecharem portas. «Não há um controlo eficaz destes processos por parte do Estado», diz o dirigente sindical, dando exemplos de que a CGTP teve conhecimento: empresas que encerram para não pagarem dívidas a credores, para depois abrirem com uma designação diferente.
Outra tendência patente nos despedimentos é o facto de os processos serem iniciados sobretudo na região de Lisboa e Vale do Tejo. Se no início da crise eram os sectores tradicionais no Norte do país a sofrerem as consequências da turbulência económica, hoje a perda de postos de trabalho é maior na capital, de onde é originária metade das empresas com despedimentos colectivos.
De resto, os dados da DGERT não dão um retrato completo do mercado de trabalho em Portugal, pois os despedimentos colectivos são apenas uma pequena parte das dispensas de trabalhadores (pode haver despedimentos individuais por extinção de posto de trabalho, por exemplo).
Segundo dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional, cerca de 55 mil inscritos nos centros de emprego, nos primeiros seis meses do ano, apontaram o despedimento como o motivo para o desemprego. Trata-se de uma grandeza semelhante à do período homólogo (57 mil pessoas).
«SOL»
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