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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O homem que quebrou o Banco de Inglaterra reforma-se


George Soros abandona gestão de ‘hedge funds’ para evitar regras mais apertadas do regulador dos EUA.
George Soros, 80 anos, vai retirar-se da gestão de fundos, quatro décadas depois de se ter iniciado no mundo dos investimentos, segundo a Bloomberg. Numa carta aos investidores do seu ‘hedge fund', o Quantum Fund, é referido que no final do ano será devolvido o valor das aplicações dos seus clientes. O motivo para o fim da carreira oficial do investidor, que levou o Banco de Inglaterra a um ataque de nervos em 1992, são as novas regras do regulador financeiro norte-americano, a SEC, que pretende mais informações dos gestores de ‘hedge funds'.
Como a grande parte dos 25,5 mil milhões de dólares geridos por Soros fazem parte da sua riqueza pessoal e de património dos seus familiares, o milionário decidiu deixar de gerir dinheiro de investidores para escapar ao crivo do regulador. Mas o especulador, que lucrou mil milhões de dólares às custas do Banco de Inglaterra, continuará no mercado, a gerir os investimentos da sua família. O regulador norte-americano irá exigir, a partir do próximo ano, que as gestoras de ‘hedge funds' divulguem informação sobre os seus funcionários, activos e os conflitos de interesses dessas entidades.
Apesar de ter conseguido a fama no mundo financeiro com o ataque que lançou à libra, a reputação de Soros foi alcançada graças aos retornos consistentes do seu fundo. Segundo a Bloomberg, o Quantum Fund teve retornos na ordem dos 20% ao ano nas últimas quatro décadas. Além disso, a gestão de Soros conseguiu passar incólume à tempestade financeira de 2008, com o fundo a render 8% enquando quase todas as classes de activos ficaram soterradas com a crise do ‘subprime' e com a derrocada do Lehman Brothers.
Apesar do sucesso no mundo financeiro, Soros tentou nos últimos anos livrar-se da etiqueta do especulador. Além do episódio com a libra, onde Soros utilizou o poder de fogo do seu fundo para ganhar com a queda da divisa e obrigou a Inglaterra a abandonar o sistema de câmbios europeu, há quem o acuse de ter ajudado a provocar a crise asiática de 1997. O procedimento foi o mesmo. Ataque forte à moeda tailandesa, que acabaria por desvalorizar e pressionar as divisas asiáticas. O enfraquecimento das moedas levou a uma subida do endividamento externo dos países da região, o que obrigaria à intervenção do FMI e a uma crise económica na região que acabou por se sentir um pouco por todo o mundo. A estratégia ter-lhe-á rendido 750 milhões de dólares.
Mas ao investidor agressivo, sucedeu um Soros mais ligado a causa filantrópicas. No seguimento da crise asiática, o mercado russo também viveu uma crise severa. A descida dos preços das matérias-primas, fonte da riqueza de Moscovo, colocou problemas à economia do país e levou a uma desvalorização da moeda. Apesar disso, e apesar de ter previsto essa crise, Soros investiu em força em acções e obrigações russas. Um antigo director-geral da empresas de Soros disse que "ele sentiu que se estivesse investido na Rússia, outros o seguiriam e os fluxos de capitais transformariam a sociedade. Existe um lado filantrópico do George que começou a interferir com a sua faceta especulativa".
Lei Dodd-Frank
Até ao fim de Março de 2012, todos os fundos abertos a investidores têm de se registar na SEC (Securities and Exchange Commission). E então tem de enumerar alguns detalhes como quem são os investidores, os empregados, activos e potenciais conflitos de interesses
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