A Organização Mundial da Saúde adicionou esta terça-feira o telemóvel à sua lista de cancerígenos, a par do chumbo e do clorofórmio, devido às radiações emitidas pelos aparelhos telefónicos móveis.
A decisão reverte todas as posições tomadas pela OMS até ao momento, que afirmava não haver qualquer relação directa entre o uso do telemóvel e o desenvolvimento de doença oncológica. Agora, e apesar de não ter surgido nenhum dado que estabeleça uma ligação explícita entre o uso daquela tecnologia e supostos efeitos nocivos para a saúde, a OMS adopta um princípio de cautela há muito defendido por alguns especialistas internacionais. Ou seja, o risco não é certo, mas é possível.
A OMS age após recomendação de um grupo de 31 cientistas de 14 países. Em 2008, o SOL falou com a cientista israelita Siegal Sadetzki, que alertara para o risco de desenvolvimento de tumores nas glândulas salivares após o uso intenso e prolongado do telemóvel. Sadetzki tinha identificado uma incidência superior deste tipo de cancro entre utilizadores intensivos de aparelhos móveis, com a doença a desenvolver-se no lado da cabeça onde os pacientes habitualmente encostavam o telemóvel.
A radiação emitida pelos telemóveis é comparada pelo neurologista-chefe do hospital californiano Cedars-Sinai, Keith Black, à de um microondas de baixa potência.
Em anos recentes, aumentaram as vozes a apelar a uma maior cautela por parte dos utilizadores de telemóveis, recomendando que não se encoste totalmente o aparelho ao ouvido e que não se use o telefone móvel durante demasiado tempo. É especialmente desaconselhada a utilização intensa do telemóvel por parte de crianças. A Agência Europeia do Ambiente e várias universidades norte-americanas estão entre as organizações que há vários anos recomendam um uso limitado desta tecnologia.
«SOL»
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