Agricultura: Inovação e diversidade em Lagoalva
Inovação, diversidade na produção e no modelo de negócio e práticas agrícolas amigas do ambiente, fazem da Sociedade Agrícola da Lagoalva de Cima, com sede em Alpiarça, um caso “exemplar” no panorama nacional.
Grupo familiar criado em torno do património legado pelo Duque de Palmela, a sociedade estende a sua actividade por 5.500 hectares de terrenos, em sete grandes propriedades espalhadas pelo Vale do Tejo, Alentejo e Trás-os-Montes, prestando ainda consultoria e outros serviços. Sem perder de vista o objectivo de retirar o maior rendimento possível, a sociedade investiu há muito em práticas inovadoras na mobilização do solo, na fertilização e no regadio.
“Hoje temos alguma vantagem comparativa, porque a agricultura de conservação, por exemplo, é uma área em que estamos envolvidos há mais de 20 anos”, disse o presidente do conselho de administração da sociedade, Manuel Campilho.
Nos campos espalhados pelo Vale do Tejo, a empresa produz cereais, cultura que no inverno intercala com a produção de ervilhas (que evita a erosão do solo), para congelação, e batata, com que abastece a Matutano.
Alia ainda a produção florestal (sobreiros, pinheiros e eucaliptos) à criação extensiva de ovinos (três mil ovelhas em produção e 50 carneiros) e bovinos (980, das raças mertolenga, mirandesa e limousine) destinados à produção de carne.
Nos eucaliptos tem em curso uma experiência, iniciada há três anos, de irrigação, estando em estudo o efeito do crescimento rápido na qualidade da celulose.
Produzidos desde 1888 e com marca própria desde 1994, os vinhos, que têm merecido vários prémios nacionais e internacionais, fazem parte do pacote das exportações (vende para 14 países cerca de 40 por cento das 300 mil garrafas que produz anualmente), sendo objectivo, segundo o enólogo Diogo Campilho, crescer até às 600 mil garrafas, dada a aposta em novas plantações.
A sociedade estende actividade por 5.500 hectares.
Azeite, golfe e biogás
O azeite, que foi distinguido este ano com uma medalha de ouro do Comité Olivícola Internacional, provém do olival tradicional de duas variedades italianas trazidas para Portugal por um ramo da família.
O olival é uma das áreas em expansão, também visando a exportação, com a aposta na condução “em sebe”, que permite aumentar a produção e recuperar a qualidade nas tecnologias usadas na colheita e no fabrico do azeite, disse à Lusa Abílio Pereira, o técnico responsável pela área agrícola da sociedade.
O saber acumulado – por exemplo, na mobilização mínima dos solos, prática introduzida há duas décadas a partir de um sistema norte-americano que mexe apenas na linha onde vai ser instalada a cultura – permite que actualmente a Lagoalva faça consultoria a proprietários que não possuem ‘know how’ ou arrende terrenos.
Por outro lado, permitiu o desenvolvimento da Lagoalva Equipamentos, empresa que vende os equipamentos agrícolas testados previamente nas suas culturas, mas que estende já a sua actividade para áreas paralelas, como a rega de campos de golfe, tratamento e dessalinização de água, microgeração e futuramente produção de biogás.
A Lagoalva está igualmente presente na área da distribuição, colocando no mercado produtos produzidos pela sociedade, como os vinhos, azeites, vinagre, mas também cogumelos, frutos silvestres e espargos que vende congelados em vácuo, e outros de que é representante (gelados).
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