O contexto da crise financeira que atinge a Europa é uma "oportunidade para a corrupção", porque exige processos rápidos "e há a tentação de atalhar caminhos, deixando o rigor para trás", afirma o investigador Luís de Sousa.
O responsável da Transparência e Integridade, uma das entidades que vai participar no projeto "Sistema Nacional de Integridade", iniciativa europeia que vai realizar, até final do ano, o mais completo diagnóstico sobre corrupção jamais feito na Europa, afirma que as crises são momentos de aproveitamento para fenómenos de corrupção.
O trabalho europeu vai concluir, até ao final do ano, um diagnóstico da situação da corrupção na Europa, partindo da sociedade civil.
O trabalho europeu vai concluir, até ao final do ano, um diagnóstico da situação da corrupção na Europa, partindo da sociedade civil.
"Não foi nenhum governo que se lembrou de iniciar este estudo, foi a sociedade civil a dar um passo em frente, vamos ver o que funciona e o que não funciona", explica o investigador.
Os investigadores já iniciaram o trabalho de recolha de informação e dizem que para já têm obtido toda a colaboração das entidades, sem se cingirem à recolha de material documental, pois vão também entrevistar responsáveis da administração pública e políticos, os que estão e os que hão-de vir.
Na análise da documentação deteta-se logo uma situação, a palavra "corrupção" quase não aparece nos documentos oficiais, algo que Luís de Sousa explica com uma cultura enraizada em Portugal.
São 13 os pilares para os quais a equipa de investigadores vai fazer avaliações com indicadores vários, embora cada um desses pilares tenha contextualizações diferentes nos vários países: Assembleia da República, Governo, tribunais, administração pública, Ministério Público e investigação criminal, Comissão Nacional de Eleições, Provedor de Justiça, Tribunal de Contas, organismos especializados no combate à corrupção, partidos políticos, comunicação social, sociedade civil e setor privado.
Em relação aos partidos, o problema é o financiamento. Luís de Sousa diz mesmo que, na sequência de contactos que manteve com vários responsáveis partidários, o mais certo é que a atual lei acabe por ser revogada e se parta para um novo trabalho legislativo com base na anterior lei.
"Alguns mandatários financeiros dos partidos com quem falei assumiram que esta lei foi um retrocesso, que abriu novos alçapões, argumentam que havia um grande esforço de disciplinar o financiamento, mas que, com esta lei, criaram-se alçapões para novas oportunidades e agora refugiam-se no legislador", afirma o investigador.
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