A Federação de Agricultores do Ribatejo anunciou hoje que vai pedir ao ministério da Agricultura que declare "estado de calamidade pública" para as culturas da vinha e do tomate na região.
Amândio Freitas, presidente da federação, disse hoje em conferência de imprensa que as condições meteorológicas dos últimos meses, sobretudo as fortes chuvadas e o calor intenso, provocaram "estragos irreparáveis" em muitos hectares de vinha e de tomate.
Segundo a estimativa inicial recolhida pela federação, os estragos nas culturas de tomate podem ascender aos 25 milhões de euros e afetam um setor que emprega cerca de 6 mil pessoas. "Este é um valor calculado por baixo e receámos que possa aumentar até ao final do verão", acrescentou a mesma instituição.
Além disto, Amândio Freitas teme que a quebra na produção de tomate coloque em causa que Portugal consiga cumprir a quota anual de produção de 1,05 milhões de toneladas e que essa situação leve a que estejam também em causa os apoios comunitários aos agricultores, nomeadamente os do Regime de Pagamento Único (RPU), que são exigem um produtividade média de 60 toneladas por hectare.
Segundo a federação, muitos produtores ficaram impedidos de plantar tomate, deixando os terrenos em baldio, e aqueles que já tinham plantado viram as suas culturas inundadas pela água das chuvadas que assolaram a região. Nalguns casos os produtores tiveram que voltar a preparar a terra para nova plantação, aumentando os custos de produção, referiu Amândio Freitas.
No caso do setor da vinha, os cálculos da federação apontam para que cerca de 60 porcento da produção deste ano esteja perdida, sendo que, nalguns casos, existem produtores que nem vão vindimar porque perderam toda a sua vinha.
"Esta quebra na produção de uva vai afetar muito as adegas cooperativas porque estas empresas têm custos fixos calculados de acordo com uma expetativa de produção que não se vai cumprir este ano", sublinha Amândio Freitas. O dirigente agrícola dá exemplos: no caso da Adega Cooperativa de Almeirim as previsões apontam para que sejam transformados cerca de 8 a 9 milhões de quilos de uva, um valor muito inferior aos 20 milhões que foram processados no ano passado.
A federação estima também que haja uma quebra de 30 a 40 por cento na produção de uva de mesa, seja para vinho seja para consumo como fruta.
"Alguns produtores privados de vinho estão já recorrer a produto importado de Espanha e de outros países para compensarem as perdas deste ano", referiu Amândio Freitas, sublinhando que "esta importação é uma concorrência desleal para as adegas da região".
"Vamos pedir já esta quarta feira uma reunião urgente à senhora ministra da Agricultura para alertar para esta situação gravíssima que se vive na nossa região e para a sensibilizar para a necessidade de apoios nacionais e europeus", concluiu o presidente da Federação de Agricultores do Ribatejo.
«SIC/Lusa»
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