O PSD perdeu a
Associação Nacional de Municípios que detinha desde 2001 e ficou com menos de
20%. O PS não ultrapassou a percentagem de há quatro anos, mas é o ganhador
claro da noite.
As eleições
autárquicas deste domingo caracterizaram-se por um imenso terramoto no poder
local, cuja característica mais marcante é a derrota do PSD, que perde a
presidência da Associação Nacional dos Municípios Portugueses. O próprio
primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, assumiu a derrota eleitoral do PSD e
foi claro a afirmar que este era um dos piores resultados eleitorais do
partido. Com 71 freguesias por apurar, às 4h, o PSD sozinho obtinha apenas
16,59% dos votos.
Em termos de
percentagens eleitorais nacionais, a vitória do PS é clara, estando nos 36,34%.
A situação do PSD e da maioria governamental melhora, quando à percentagem do
PSD isolado se junta a das coligações que uniram este partido ao CDS, ao PPM e
ao MPT. E ao valor isolado do PSD pode juntar-se cerca de 15%. Já o CDS sozinho
ficou nos 3,04%. Por sua vez, o PCP e o PEV vêem a sua percentagem global subir
para 11,09%. E o BE desaparece eleitoralmente, ficando pelos 2,42%.
Olhando para os
resultados dos partidos do actual Governo, é clara a leitura do desgaste
eleitoral que a maioria governamental obtém. Nas últimas autárquicas, em 2009,
o PSD e o CDS individualmente ou em coligação, somavam 43,11% e tinham 140
câmaras. O PSD sozinho teve então 23,67% e 117 câmaras. O CDS só teve 3,18% e 1
câmara. Já nas legislativas de 2011, o PSD e CDS tiveram 50,37% e 132
deputados, tendo o PSD sozinho 38,66% e o CDS 11,71%.
É certo que não
é expectável que esta derrota autárquica da maioria venha a provocar grandes
consequências imediatas sobre o Governo. O próprio primeiro-ministro tem
afastado a hipótese de se vir a demitir na sequência desta derrota. E embora
neste domingo de manhã tenha sustentado que “há sempre leituras nacionais a
fazer das eleições autárquicas”, não pôs em causa a sua legitimidade enquanto
primeiro-ministro. Já o Presidente da República, Cavaco Silva, fez questão de
afirmar, quando questionado sobre a eventual demissão de Passos: “Penso que é
claro que não depende, são eleições autárquicas, dizem respeito a cada junta de
freguesia do nosso país, a cada concelho do nosso país”.
A derrota do PSD
é ensombrada pela análise de alguns dos centros urbanos mais relevantes. Perde
o Porto e Sintra e perde também em Lisboa e Oeiras. Só na Madeira, o PSD perde
sete das 11 câmaras.
Mas a leitura dos
resultados da maioria governamental mostra uma clara dissonância entre a forma
como os dois partidos do Governo saem destas autárquicas. Isto porque o CDS
viveu uma vitória autárquica significativa, ultrapassando a realidade com que
se debatia há mais de uma década, com apenas uma câmara. Antes das urnas
fecharem, Paulo Portas anunciou que o CDS ficaria com sete câmaras, e festejou
também a vitória do independente Rui Moreira no Porto, que o seu partido
apoiou.
PS com ANMP
O PS ganha
claramente estas autárquicas ao atingir a maioria das câmaras e assim
conquistar a presidência da Associação Nacional de Municípios Portugueses, que
não detinha desde a derrota autárquica de António Guterres, em 2001.
Esta vitória foi
proclamada ainda antes do fecho das urnas pelo líder socialista António José
Seguro, que avançou mesmo com a certeza de que o PS já então tinha eleito 143
presidentes de câmara, embora este dado não seja ainda oficial. A vitória do PS
é aumentada do ponto de vista político pelo facto de António Costa ter
reforçado a sua posição em Lisboa, assim como pela forma como os socialistas
recuperam, por exemplo, Coimbra. Mas o PS perde também algumas cidades
emblemáticas, como Braga para o PSD e Évora, Beja e Loures para o PCP.
«Público»
1 comentário:
A CDU e os candidatos independentes são os verdadeiros vencedores da noite, e o CDS também não pode queixar-se. Já o PSD é o grande derrotado da noite, mas o Bloco de Esquerda também não teve grandes resultados e perdeu a única câmara que detinha.Alguns deles infelizmente o digo até apoiaram o Francisco Cunha e o PSD.
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