Vera Noronha descreve pormenorizadamente o contrário daquilo que foi oficialmente anunciado pelo executivo da Câmara Municipal de Alpiarça

Por: M. Ramos

 Permitam que traga mais uma vez à baila a barragem dos Patudos. Parece que a solução entretanto adoptada com a bombagem de água não inquinada para dentro da albufeira está a dar bom resultado. Não se vêem, por enquanto, peixes mortos.

Não obstante, no meio desta barafunda política de "esclarecimentos" comunicados e contra comunicados das várias forças políticas que representam os alpiarcenses, há uma coisa que me deixa deveras intrigado.

Por altura da "Feira do Melão" em que tivemos por cá a televisão e alguns eventos desportivos que decorreram na barragem dos Patudos, alguns leitores e colaboradores chamaram à atenção neste jornal, para a poluição existente na água e consequente mau cheiro que poderia trazer complicações para a saúde dos desportistas de aquatlo e triatlo que ali iriam competir.

Conforme todos estamos lembrados, de imediato surgiu um comunicado emanado da Câmara Municipal, dizendo que a água não apresentava qualquer perigo para a saúde pública, nomeadamente para os atletas, e que, segundo as análises efectuadas, reunia todas as condições, até em termos "balneares" (sic).

Não sabemos se houve ou não problemas posteriores com os atletas participantes, dos quais faziam parte algumas crianças em idade escolar. Mas, curiosamente e para que conste, no mensário local "Voz de Alpiarça" que saiu recentemente, a engenheira Vera Noronha, Mestre em engenharia do ambiente, descreve pormenorizadamente o contrário daquilo que foi oficialmente anunciado pelo executivo da Câmara Municipal de Alpiarça.

Lá, a engenheira Vera Noronha aponta todos os perigos derivados da "eutrofização",como a libertação de toxinas etc. altamente nocivas para as espécies aquáticas e, consequentemente, para o ser humano. Aliás, o Jornal Alpiarcense teve o cuidado de referir, na altura, algumas fontes técnicas e científicas que alertavam para isso mesmo.

O que me admira, no fundo, é como é possível o executivo da CDU que gere o município, arriscar estas afirmações dizendo o contrário daquilo que é explicado técnica e cientificamente por quem estuda estes assuntos. É claro que poderão ter as suas razões e eu, como simples cidadão, não tenho bases documentais para dizer o contrário.

O que sei é que há aqui pareceres que entram em completa contradição, fazendo fé naquilo que é dito pelos responsáveis da câmara municipal e, ao mesmo tempo, pelos estudiosos da matéria.

Seria um acto de coragem e sentido de responsabilidade que, o presidente Mário Pereira, mostrasse a toda a população de Alpiarça e demais interessados, o resultado das análises que provam e suportam a sua tomada de atitude ao permitir e aconselhar o uso daquela água para fins "balneares" e desportivos. Assim, calava qualquer suspeita que ainda possa existir no vulgar cidadão que, ao escutar tantas versões da mesma coisa, acaba por ficar baralhado e mesmo desnorteado, sem saber quem tem razão.

Para não haver dúvidas, nada como colocar o preto no branco e...já está!

Será que são Homens para isso?