O bastonário da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas Domingues Azevedo disse, em entrevista ao jornal i, fortes críticas à situação vivida no BES, chegando mesmo a dizer que “das duas uma, ou os administradores são uns nabos, uns incompetentes, e então estavam no lugar errada a roubar, ou são mentirosos”.
Comentando a crise e queda no BES, Domingues Azevedo, Bastonário da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas (OTOC) critica este sábado, em entrevista ao jornal i, a forma como foi conduzido todo este processo. Entre críticas ao Governador do Banco de Portugal e ao Governo, Azevedo culpa os administradores pelo que se passou no banco até há pouco liderado por Ricardo Salgado.
“Das duas uma, ou os administradores são uns nabos, uns incompetentes, e então estavam no lugar errado a roubar, ou são mentirosos. Eu vou para a segunda: eles mentiram. (…) Temos administradores de empresas com tantos milhões de euros, que desempenham funções nos conselhos de administração, são gestores e não conhecem a legislação? É impossível, só um papalvo é que acredita nisso. É lançar areia para os olhos das pessoas”, atirou relativamente ao desencadear da crise no BES com as irregularidades detetadas na Espírito Santo Internacional.
Sobre o problema do BES em Portugal, defende Domingues Azevedo que já se deveria ter agido antes, isto porque era notório que o banco vivia com “dificuldades”. Prova disso é não terem aderido à linha de recapitalização do Governo, algo que o bastonário da OTOC considera que não foi feito para esconder os ‘podres’.
“O Banco Espírito Santo, por aquilo que se sabe hoje, há muito que anda com enormes dificuldades. Isto não é uma coisa que aconteça de um dia para o outro, vem acumulando ao longo dos tempos. E há sinais. (…) O BES não quis utilizar esses capitais (linha de recapitalização) porque não quis expor todos esses podres, a deficiência que já se verificava na sua gestão”, explicou.
Noutro ponto, o antigo deputado do Partido Socialista criticou ainda a atuação do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, mas também do Governo e da ministra das finanças.
“O senhor governador do Banco de Portugal devia estar calado, porque sabe desta situação há muito. E como normalizador há muito que deveria ter intervindo para os processos não evoluírem até onde evoluíram. (…) Como eu disse, estas coisas não aparecem do dia para a noite, vão-se formando. (…) O senhor governador do Banco de Portugal sabia que havia financiamentos do BES que estavam a ser desviados para as empresas do GES”, disse Azevedo.
Por fim, é claro sobre a intervenção do Governo quando tentou salvar o sistema financeiro e fez com que o BES caísse, acreditando que a fatura ainda vai sobrar para os portugueses.
“Há aqui coisas que não fazem sentido. Compreendo que o governador do Banco de Portugal ou a ministra das finanças quisessem evitar uma corrida aos depósitos, mas tenho de me perguntar se não terá sido irresponsável o primeiro-ministro, a ministra das Finanças e o senhor governador andarem a alardear aos quatro ventos que o BES era um banco sólido, solvente”, concluiu, acrescentando deixando um aviso: “quem é que acha que vai pagar esta fava? Eu acho que vamos ser nós a pagar”.
«NM»
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