Exmºsr. Presidente da Câmara Municipal
Exmos srs. Vereadores
Exmª.srª. Presidente da Junta de Freguesia
Exmºsr Presidente da Assembleia de Freguesia
Srs. Deputados da Assembleia Municipal
Srs e Srªs Convidados
Boa tarde a todos
Quero, em nome da CDU, coligação composta pelo PCP, pelo Partido
Ecologista “Os Verdes”, pela Associação Intervenção Democrática e por mais de
12 000 cidadãos sem filiação partidária que integraram as suas listas, começar
por cumprimentar todos os eleitos que agora estão a terminar o seu mandato.
Cumprimentar de seguida todos os eleitos que irão iniciar as suas
funções, na Assembleia Municipal, na Câmara Municipal e ainda na Junta e
Assembleia de Freguesia, cuja tomada de posse teve lugar na passada
Sexta-feira.
Saudar os meus companheiros e camaradas da CDU e os eleitos das
outras forças políticas, PS e PSD, aqui proporcionalmente representadas como
resultado do sufrágio popular de 29 de Setembro.
A CDU venceu as eleições de forma clara e inequívoca.
Manteve a maioria absoluta na Câmara Municipal e reforçou as suas
posições na Assembleia Municipal e na Assembleia de Freguesia, também com
maioria absoluta.
E daqui têm obrigatoriamente que se tirar diversas ilações:
A CDU estava, há muito derrotada, destroçada e esmagada na
Alpiarça virtual, em evidente contradição com a Alpiarça real, a Alpiarça da
população, das pessoas e do Povo.
Povo esse que manifestou mais uma vez a sua identificação com a
CDU, o seu projecto, as suas propostas, os seus candidatos, a sua conduta e que
lhe renovou de forma clara a sua maioria.
Foi uma vitória do trabalho, da honestidade e da competência,
manifestada ao longo do mandato.
Um mandato exercido em diálogo e colaboração com todos e todas as
entidades: escolas, associações e colectividades, comerciantes e empresários,
agricultores, forças de segurança, igreja, trabalhadores da autarquia.
Uma vitória sustentada numa campanha séria, sóbria, responsável.
Assente no contacto directo com as pessoas, sem promessas de
emprego na Câmara ou fora dela, sem ameaças, sem calúnias, sem demagogias e
populismos bacocos.
Uma campanha onde apenas oferecemos ideias, responsabilidade,
realismo.
Onde não prometemos o que sabemos não poder cumprir, onde falámos
verdade.
Falámos dos nossos erros, das nossas insuficiências, dos problemas
que encontrámos e daqueles que iremos ter de enfrentar num mandato ainda mais
difícil que o anterior.
Uma campanha onde respeitámos os adversários e as suas ideias.
Assim continuaremos a proceder no futuro.
Com respeito pelas pessoas, pelas suas ideias, pela diferença.
Sempre com a humildade de quem não se arroga em exclusivo detentor
da verdade, da sabedoria, da inteligência, da visão única e iluminada.
Senhoras e Senhores:
Vivemos um momento particularmente delicado na vida do país com
uma situação económica e social muitíssimo grave.
Estamos cada vez mais dependentes do estrangeiro, temos uma dívida
impagável.
São sempre os mesmos a pagar a factura das opções erradas de
sucessivos governos.
Assistimos a um verdadeiro roubo aos reformados e pensionistas,
aos trabalhadores da Administração Pública, aos trabalhadores, aos pequenos e
médios agricultores, empresários e comerciantes.
O capital financeiro, os especuladores, os grupos económicos, a
banca, passam mais uma vez ao lado dos sacrifícios impostos ao nosso Povo. Os
seus lucros aumentam.
Sobra-lhes a eles o que todos os dias nos é roubado.
Como se isto não bastasse, querem acabar com direitos
conquistados, com o Serviço Nacional de Saúde, com a Escola Pública, com
direitos sociais consagrados na Constituição. Querem encerrar a nossa
Repartição de Finanças.
Encerram empresas todos os dias, cresce o desemprego, aumenta a
miséria e a fome.
E o Poder Local Democrático também está ameaçado.
Ameaçado pelos sucessivos cortes nas verbas transferidas para as
autarquias, pela crescente dependência do Poder central e pela transferência de
competências das Câmaras para as Comunidades intermunicipais, por legislação
cada vez mais bloqueadora da sua acção e da sua autonomia.
Entretanto são transferidas cada vez mais competências e
responsabilidades para as Câmaras e Juntas de Freguesia, para além de terem de
ser estas a procurar minorar os problemas sociais causados por estas políticas
desastrosas.
Os próximos anos serão ainda mais difíceis para o Município de
Alpiarça.
Temos consciência disso.
E é com base nessa realidade de que não nos sentimos minimamente
responsáveis, que iremos exercer o nosso mandato.
Sabemos que a desastrosa situação em que o país se encontra e de
que Alpiarça não pode fugir, será utilizada para manobras demagógicas e pouco
sérias… Que em Alpiarça não criam empregos e a culpa é da Câmara… Que os
empresários fogem de Alpiarça porque a Câmara é da CDU (a este propósito da CDU
afoguentar os empresários, gostava de lembrar que a Câmara de Palmela sempre
foi CDU e é aí que se situa o maior empreendimento privado do nosso país, a
Auto Europa e não consta que estejam para ir embora por causa da Câmara CDU!)
Dirão ainda que cresce o desemprego e que se agravam os problemas
sociais e de quem é a culpa? Da CDU!
Insistirão na ideia de que os partidos são todos iguais. Que o que
está a dar é os independentes.
Discurso perigoso, pouco consistente e nada rigoroso.
Querem é tacho, acumulam empregos com ordenados na Assembleia
Municipal, como já todos ouvimos e todos sabemos que aqui não há ordenados…Que
têm reformas escandalosas, que recebem verbas do Orçamento de Estado… etc, etc…
Mas todos os que se servem desses argumentos nunca dizem quem
aprovou tais mordomias e quem, sempre se lhe opôs na Assembleia da República e
fora dela.
Perigoso porque se insere na linha anti-partidos que conduz
inevitavelmente á ideia de que os partidos são os culpados de tudo, se assim é
acabe-se com os partidos.
Mas que entidade os irá substituir? Como funciona a democracia sem
partidos?
Pouco consistente e nada rigoroso porque faz passar a ideia de que
quem concorre ou é filiado em partidos não é livre mas, se sair, se der o salto
para outro partido, então, num passe de mágica, é independente e livre, tão
livre como os passarinhos.
Independentes são aqueles que não dependem de ninguém para o
exercício da sua actividade seja ela qual for, independentes são todos aqueles
que pensam pela sua cabeça e que se batem pelas suas convicções.
Não quero finalizar sem endereçar uma palavra ao Professor
Fernando Louro, na qualidade de Presidente da Assembleia Municipal.
Como sabem, em inúmeras circunstâncias tive de assumir esse cargo.
Representar a Assembleia e dirigir os trabalhos da Assembleia
Municipal.
Esta Assembleia tem de ser respeitada e de se fazer respeitar
enquanto órgão institucional. Tem um regimento que pode e deve sempre ser
melhorado e tem regras.
E deve ser um exemplo no debate e confronto de ideias.
O público, ou seja o POVO, passou a ter o seu espaço neste fórum.
Assim deve continuar.
Mas a Assembleia Municipal não é um Tribunal, não é o local para
confrontação partidária, para a ofensa a quem foi eleito pelo Povo, para a
avaliação das qualidades profissionais dos seus membros, para ajustes de contas
pessoais e mesquinhos, para a amplificação de mentiras, mentirolas e calúnias.
A Assembleia Municipal não pode ser a plateia que falta a alguns
para exprimirem os seus pontos de vista, alimentarem o seu ego e as suas
vaidades e ambições pessoais.
Aqui devem discutir-se os problemas do concelho, deve fazer-se
política no sentido nobre do termo, que não pode confundir-se com
partidarização dum órgão Institucional.
Pela nossa parte daremos o nosso contributo para a elevação do
debate e da discussão do que realmente interessa a Alpiarça e aos Alpiarcenses.
Muito obrigada.