A evolução da actuação das diversas forças políticas na vida autárquica alpiarcense ao longo deste primeiro ano de mandato demonstra claramente que só a CDU mantém uma atitude positiva e consequente quanto ao desenvolvimento do concelho
Mário Pereira, presidente da Câmara Municipal de Alpiarça |
Porque o ambiente político em Alpiarça não é o melhor para
além do funcionamento institucional de muitas reuniões de Câmara deixar muito a
desejar, Jornal Alpiarcense
questionou Mário Pereira, Presidente da Câmara Municipal de Alpiarça para que
nos desse a sua opinião sobre a situação politica local.
Aproveitámos a disponibilidade do presidente para que nos
desse também a sua opinião sobre as
relações politicas com os vereadores da oposição.
Mário Pereira elogia a
“forma correcta” do Pedro
Gaspar (PS) mas quanto a Francisco
Cunha (TPA/PSD) o seu “preconceito anti-comunismo” e as
suas “insinuações” mostram um “enorme
desrespeito pela dignidade do órgão autárquico para o qual foi eleito”.
Jornal Alpiarcense (JA)
- O que tem a dizer sobre a actual situação política que se vive em Alpiarça?
Presidente
da Câmara (PC) - A evolução da actuação das diversas forças
políticas na vida autárquica alpiarcense ao longo deste primeiro ano de mandato
demonstra claramente que só a CDU mantém uma atitude positiva e consequente
quanto ao desenvolvimento do concelho. Temos procurado continuar a honrar os
compromissos assumidos com a população, a apoiar os agentes culturais,
desportivos e económicos, de modo a que haja progresso social, mesmo quando
toda a vida económica do País e as medidas políticas do Governo parecem querer
puxar para o sentido inverso.
O relacionamento formal entre a Câmara, a
Junta de Freguesia e as Assembleias municipal e de freguesia tem sido muito
bom, assim como com o movimento associativo e as escolas; julgo dever ser um
elemento a valorizar, na análise da actualidade no concelho.
É apenas a CDU – os seus apoiantes e
eleitos na Freguesia e no Município – quem tem demonstrado verdadeiro interesse
em defender o poder local contra os ataques do poder central às autarquias, em
defender os serviços públicos de proximidade no concelho, em manter o nível de
qualidade de prestação de serviços municipais essenciais, em apoiar socialmente
os que são brutalmente atingidos pela redução dos seus rendimentos e prestações
sociais, em resultado de políticas injustas por parte do Governo PSD-CDS,
muitas delas na continuidade do que foi feito por anteriores governos de
maioria PS.
Câmara Municipal de Alpiarça |
Neste ano do Centenário temos conseguido
realizar muitos e diversos eventos culturais e desportivos que têm atraído
muitos visitantes ao concelho e contribuído para afirmar Alpiarça e as suas
gentes no exterior.
Tudo faremos para continuar a agir junto
da nossa população, recuperando financeiramente o Município e aproveitando os
fundos do novo Quadro Comunitário para realizar algumas obras importantes.
Quanto à acção de outros, ou seja,
concretamente, ao papel que neste quadro tem sido desempenhado pelas forças da
oposição PS e PSD/MPT, lamento dizer que se nota sobretudo – com algumas
excepções pontuais – uma preocupação “destrutiva”, de “dizer mal”, disparando
em todas as direcções – entenda-se, contra tudo o que quer que seja feito pela
maioria CDU – julgando que, assim, poderão ter algum retorno eleitoralista no
futuro.
Como se fosse possível ganhar
credibilidade com um discurso e uma prática pautada pelo “bota-abaixo”, sem
reflexão interna, sem coerência, sem uma compreensão do que seja a acção das
autarquias locais, as suas competências e atribuições, sem qualquer ligação à
realidade alpiarcense.
Mesmo as propostas que poderiam ser tidas
como construtivas são, quase sempre, apresentadas por puro oportunismo
político, e para que delas surja ruído, de forma desgarrada, em conflito com o
Programa Eleitoral da CDU que foi sufragado positivamente pela maioria absoluta
dos eleitores, e cujo objectivo final é apenas poder dizer que a CDU recusou
uma determinada proposta.
É uma pena este tipo de oposição,
sobretudo porque vivemos um momento de agravamento das condições de vida de
muitos milhares de portugueses, de alpiarcenses, de crescentes ataques e
limitações ao poder local democrático, saído da Revolução de Abril, para
combate aos quais seriam importantes os esforços de todas as forças políticas
com representação nas autarquias.
Nós, eleitos da CDU na Câmara Municipal,
continuaremos a procurar pontos de entendimento e formas de actuação comuns com
as outras forças políticas, desde que esteja em causa o interesse de Alpiarça e
dos alpiarcenses, esperando que alguns dos eleitos por essas forças possam vir
a alterar os seus comportamentos e atitudes até agora demonstrados.
Por outro lado, enquanto maioria, e
cumprindo o Estatuto do Direito de Oposição tal como em todos os anos
anteriores, iremos solicitar às forças políticas com representação nos órgãos
do Município que apresentem propostas que possam vir a ser integradas no
Orçamento e Plano de Actividades para 2015.
JA - O que o levou a
acabar com a “relação pessoal de amizade” que mantinha com o vereador Francisco
Cunha?
PC - Julgo
que antes das eleições autárquicas de 2013 todos os actuais membros do
executivo camarário mantinham boas relações pessoais entre si. No que a mim diz
respeito, tenho sempre procurado que a cordialidade – e até a amizade –
prevaleça no relacionamento político institucional.
Uma reunião de Câmara |
Julgo que o vereador do PS Pedro Gaspar
tem interpretado de forma correcta a sua responsabilidade e o seu papel:
demonstra os seus pontos de vista, na maioria das vezes opostos à opinião da
maioria; coloca as suas questões e faz as suas afirmações, com total liberdade,
naturalmente; mas fá-lo com correcção e no total respeito institucional, para
com o órgão Câmara Municipal, e no respeito pessoal, para com os outros membros
do executivo.
O mesmo já não poderei dizer sobre a
atitude do vereador eleito pelo PSD, Francisco Cunha, que tem, desde início de
mandato, um enorme desrespeito pela dignidade do órgão autárquico para o qual
foi eleito, insistindo numa intervenção definida pela constante insinuação
depreciativa do carácter dos outros e pela provocação como modo de
desestabilização do que deveria ser o normal funcionamento institucional das
reuniões de Câmara.
Como certamente compreenderão os leitores,
não será fácil a pessoas sérias e honestas lidarem com completa serenidade com
as insinuações do vereador Francisco Cunha; como compreenderão também, é muito
difícil a militantes do PCP – partido político português que lutou pela
dignidade dos trabalhadores alpiarcenses e pela liberdade em Portugal, pela
construção da democracia, que, todos os dias continua a lutar por uma sociedade
mais justa e progressista – ficarem “impávidos e serenos” perante as constantes
provocações eivadas de preconceito anti-comunista deste vereador.
Vereador Pedro Gaspar, do PS (lado esquerdo) e Vereador Francisco Cunha do TPA/PSD (lado direito) |
Portanto, neste cenário, não serei
certamente eu que, com as minhas atitudes, contribuo para acabar com qualquer
“relacão pessoal de amizade”.
Mantenho
a expectativa de que seja possível intervirmos institucionalmente na Câmara e
na Assembleia Municipal de forma a dignificarmos os órgãos autárquicos (neste
ano centenários) e a democracia local, de forma a dignificarmos a nossa terra e
os nossos conterrâneos. Para tal é necessária a colaboração de todos,
independentemente de “amizades” reais ou fictícias. Colaboração marcada pelo
respeito e ao serviço dos alpiarcenses.