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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

OPINIÃO: "O Governo está a enganar os portugueses"

Por: Anabela Melão
"O Governo está a enganar os portugueses" quando diz que a operação de resgate do BES não terá custos para os contribuintes, acusa Paul De Grauwe, professor de Economia na Universidade de Leuven, na Bélgica, e ex-conselheiro da Comissão Europeia. A dura crítica é extensível ao governador do Banco de Portugal, que garante que a medida "não terá qualquer custo para o erário público, nem para os contribuintes". As autoridades oficiais repetem que o salvamento do BES não será feito pelo Estado, nem com o dinheiro dos contribuintes, ou seja, que não há risco e que os recursos a usar na capitalização do Novo Banco (parte boa do BES) são dos bancos e "não incluem fundos públicos". O fundo de resolução, que é dos bancos, será o acionista único do Novo Banco. A parte má da história do banco bom e do banco mau é que o fundo, criado em 2012, tem apenas 500 milhões de euros disponíveis. Quem emprestará aos bancos, por um prazo de até dois anos, o que falta para chegar ao capital necessário: 4,4 mil milhões de euros? Nós, donos dos bancos, roendo a parte má (já fomos donos de mais alguns e os prognósticos apontam para que possamos ainda vir a ser de mais uns quantos - "Poderá ocorrer um impacto orçamental se outros bancos precisarem do apoio", diz o professor!). É mentira que o contribuinte português esteja isolado dos riscos. O empréstimo pode não ter risco, mas o Tesouro está a emprestar dinheiro e, no limite, terá de ir ao mercado. Por isso, efectivamente, corre riscos, o que pode até significar um reforço do empréstimo da troika. O Governo está a recapitalizar a parte boa do BES num montante de 4,9 mil milhões de euros. O que significa que o Governo está a assumir uma dívida seja ela depois compensada mais à frente ou não. "Seja com um empréstimo do FMI e da UE, ou não, é indiferente". O Governo está a enganar os portugueses e os portugueses sabem-no bem! O que é de pasmar é que nos sintamos cada vez mais ricos, donos de mais bancos. Estamos, como dizia o outro, mais ricos. Agora, vamos percebendo o valor (ou o custo) daquela afirmação.

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