O caso é inédito. A PSP abriu um inquérito disciplinar contra um agente que publicou no Facebook comentários sobre questões de serviço e críticas a colegas e superiores hierárquicos.
Revoltado por não lhe ter sido concedida uma folga num dos feriados de Abril, o agente em causa, de 42 anos e a trabalhar no departamento de investigação criminal, escolheu esta rede social para manifestar a sua indignação. «Infelizmente o estado da Polícia é este» – escreveu em Maio passado o agente principal, frequentador, ao que o SOL apurou, da blogosfera, dos sites de informação e das redes sociais.
«É este o tipo de oficiais que temos», disse, sem poupar nas palavras: «Só não parto para a violência porque não quero agravar o problema».
O Comando de Santarém resolveu abrir um inquérito para apurar até que ponto esta atitude violou normas internas, mas a PSP garante que o caso foi arquivado por «não existir matéria disciplinar».
A verdade é que este tema tem sido objecto de discussão no seio da instituição, apesar de, até à data, a PSP nunca se ter pronunciado oficialmente nem tomado uma medida de natureza disciplinar, como o fez agora. Não é, de resto, a primeira vez, sabe o SOL, que membros da corporação divulgam no Facebook informação sobre operações policiais antes de estas terem acontecido.
PSP diz não interferir na vida pessoal
«O uso pessoal desta e de outras redes sociais por parte dos agentes não está nem nunca esteve em causa, pois a PSP não interfere nem monitoriza a vida particular» dos seus elementos, disse ao SOL o comissário Fábio Castro, da Direcção Nacional da PSP, questionada directamente sobre os limites ao uso destas ferramentas.
O que não impede, frisa o Comissário, que, «sempre que são difundidas, por qualquer meio, informações de carácter reservado ou confidencial, estas matérias sejam alvo de processo de averiguações para apuramento da responsabilidade disciplinar».
Para Paulo Rodrigues, presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, «as redes sociais são importantes para expressar opiniões e divulgar iniciativas, mas a liberdade de expressão tem limites».
Reconhecendo a importância de um assunto que se prende com o «futuro», o dirigente diz que «o trabalho da Polícia pode ser posto em causa se se divulgarem estratégias e informação operacional». Mesmo as críticas, sublinha, «devem ser construtivas e não ofensas pessoais sem consistência só para denegrir a imagem de alguém ou da instituição.
«Sol»
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