A base do sucesso deste país de 320 mil habitantes reside, segundo o FMI, no compromisso das autoridades islandesas em implementar o programa definido pelo fundo. Mas à sua maneira. Um dos principais objectivos do governo passou por proteger o Estado social do país e isso foi conseguido, sublinha Poul Thomsen.
Além disso, o executivo recusou sempre proteger os credores dos bancos que colapsaram em 2008 – e cujas dívidas superavam 10 vezes o valor da economia.
Thomsen recorda que o plano acordado – em tempo recorde – com as autoridades islandesas tinha três elementos importantes:
1.Foi reunido um grupo de advogados, que tinham como objectivo estudar a melhor maneira de evitar que os prejuízos dos bancos fossem suportados pelo sector público.
2.O objectivo inicial do programa era estabilizar a taxa de câmbio. Neste caso, foram tomadas medidas não convencionais, como o controlo de capitais.
3.Os estabilizadores automáticos puderem operar por completo no primeiro ano do programa, adiando, assim, o ajustamento orçamental.
Os desafios que se seguem
Um dos desafios mais importantes que o país enfrenta neste momento é “o fim do controlo de capitais". "E esta não é uma tarefa fácil", admite Daria V. Zakharova.
Mas a Islândia, prossegue Zakharova, precisa de mostrar que consegue reduzir o controlo de capitais de forma bem-sucedida. "O Estado já recuperou o acesso aos mercados de capitais internacionais e a limpeza dos balanços dos bancos está a correr bem. Assim, é importante seguir em frente para que os ganhos sejam sustentáveis e consolidados", diz a chefe da missão do FMI.
Para proteger a moeda do país de uma eventual queda provocada pela redução do controlo de capitais – e controlar a taxa de inflação do país - o banco central já aumentou a taxa de juro do país por cinco vezes desde Agosto de 2011 para os 5,5%.
"As baixas taxas de juro e as poucas oportunidades de investimento devido ao controlo de capitais têm um impacto negativo nas poupanças. Considero que o crescimento económico baseado apenas nos gastos dos consumidores não é sustentável no longo prazo", afirmou recentemente um economista do Arion Bank à Bloomberg.
"Entre a democracia e os interesses financeiros temos de escolher a democracia"
Numa entrevista concedida ao Negócios a 19 de Maio de 2010, o presidente da Islândia, Ólafur Grímsson (na foto), defendeu a necessidade de "restabelecer o devido papel do Estado na regulação do sistema financeiro e na actividade económica". "A Islândia ilustra que no seio da Europa houve uma falha fundamental dos mecanismos institucionais. Temos um mercado financeiros pan-europeu sem um mecanismo de regulação pan-europeu", afirmou Grímsson.
Nesta entrevista, o presidente da Islância lamentou que "quer na Europa, quer nos Estados Unidos, o grande espírito de avançar com reformas profundas no sistema financeiro retrocedeu".
E garantiu "entre a democracia e os interesses financeiros temos de escolher a democracia", referindo-se ao caso do banco Icesave. Neste caso, Grímsson vetou o acordo de indemnização ao Reino Unido e à Holanda referente às perdas da sucursal online de um banco islandês e, em referendo, a população apoiou a sua decisão
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