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Joana Serrano |
JOANA SERRANO
é a presidente da Junta de Freguesia de Alpiarça e que foi eleita pelas listas da CDU.
É uma mulher
que se sente realizada por tudo o que tem feito no Concelho mas muito mais
gostaria de fazer se o dinheiro abundasse nos cofres da Junta.
É uma
presidente que não baixa os braços perante injustiças sejam elas partidárias ou
outras.
Sente-se impotente para ajudar quem dela precisa porque exerce o cargo de
Presidente de uma Junta de Freguesia onde as pessoas que a abordam lhe pedem
ajuda porque lhes chove em casa, porque não têm casa-de-banho, não têm dinheiro
para dar de comer aos filhos, comprar livros, roupa e tantas outras
necessidades que, tantas pessoas subestimam porque as consideram como
adquiridas. O não poder ajudar é uma grande frustração para a autarca.
Vamos conhecer um pouco melhor a Joana Serrano
na entrevista que concedeu ao "Jornal Alpiarcense"
O seu mandato como presidente
da Junta de Freguesia de Alpiarça caminha para o fim. Que marca é que gostava
de deixar na Junta?
No meu primeiro mandato, que
termina em Outubro de 2013, quero sobretudo ter a certeza que fiz tudo o que
estava ao meu alcance para concretizar os objectivos a que me propus. Quero ter
a certeza que ouvi e apoiei quem solicitou a minha ajuda. Quero olhar para trás
e saber que consegui ter um bom relacionamento com todas as pessoas com quem
trabalhei e que sempre estiveram ao meu lado nos bons e maus momentos. Sabia
que, ao aceitar este desafio, não seria fácil todos os dias mas diante de todas
as dificuldades pude sempre acreditar em pessoas, funcionários e alpiarcenses,
que me disseram que nem sempre a idade ou a experiência são o mais importante
em cargos desta natureza.
O que é que no seu entender faz
falta em Alpiarça?
Alpiarça
é um concelho com muitas carências. Tem falta de serviços e infraestruturas de
apoio às famílias que se queiram fixar na nossa terra.
Alpiarça,
por ser um concelho com uma única freguesia, tem uma necessidade acrescida no
que toca ao desenvolvimento económico e social. Uma freguesia desta dimensão
deveria ter um apoio mais favorável por parte do Estado e de todo o poder
central.
As
empresas têm dificuldade em sustentar-se por falta de investimento e de lucro.
A falta de procura muitas vezes corresponde a uma falta de oferta. Se a
população não tem poder de compra não pode sustentar quaisquer empresas que se
fixem na nossa terra.
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Escola Visconde Barroso |
O
que gostaria de fazer e que ainda não foi feito?
Tenho
um projecto acabado na gaveta da minha secretária que não pode ser concretizado
por falta de verbas. Este projecto é a reabilitação do Edifício da antiga
escola Visconde Barroso - um edifício emblemático para Alpiarça que se encontra
em avançado estado de degradação e que poderia servir muitas das
associações que estão instaladas noutros locais com menos condições físicas.
Gostaria
que fossem transportados todos os jazigos que se encontram no Cemitério velho
para o Cemitério novo. Este transporte equivale a milhares de euros impossíveis
de conseguir com o orçamento que a Junta tem disponível para todas as
necessidades que se impõem. Uma vez concretizado este trabalho, o espaço do Cemitério
Velho deveria ser alvo de uma requalificação de fundo.
Qual é maior dificuldade que sente enquanto autarca?
O
poder local é, sem qualquer dúvida, o que está mais perto das necessidades das
populações. Por este mesmo motivo deveria ser também mais valorizado por parte
do poder central.
Como
autarca sinto uma enorme impotência de concretizar o que quero e gostaria para
melhorar a qualidade de vida dos alpiarcenses.
Alpiarça,
como outros concelhos do distrito, vive momentos de grande dificuldade, existem
pessoas com grandes carências ao nível das necessidades mais básicas. Não poder
dar resposta e colmatar algumas destas necessidades é uma grande frustração
para uma pessoa que exerce um cargo de Presidente de uma Junta de Freguesia.
Pessoas que me abordam a pedem ajuda porque lhes chove em casa, porque não têm
casa-de-banho, não têm dinheiro para dar de comer aos filhos, comprar livros,
roupa e tantas outras necessidades que, tantas pessoas subestimam porque as
consideram como adquiridas.
Já
para não falar das pessoas que se dirigem diariamente à JFA a pedir emprego ou
qualquer ajuda que lhes possa ser dada.
O
nosso Gabinete de Inserção Profissional tem feito um trabalho bastante
positivo. Coloca desempregados nas empresas do Concelho ou do Distrito.
Conseguimos nestes três últimos meses empregar mais de vinte pessoas numa
grande empresa sediada na zona industrial de Alpiarça.
Para
mim, isto é muito mais importante que qualquer obra de cimento que se possa
fazer. Dar trabalho a uma pessoa desempregada é dar-lhe, pelo menos, a
possibilidade de se sentir útil, de sentir que existe esperança numa vida
melhor.
Quais
os principais problemas que a Junta de Freguesia enfrenta?
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Junta de Freguesia de Alpiarça |
Não
querendo ser repetitiva ao insistir no tema "falta de verbas", terei
mesmo que o fazer!
Desde
2009 (ano em que iniciei o mandato) já foram retirados ao orçamento da JFA mais
de trinta mil euros por parte do Estado. Dinheiro este que nos tem feito muita
falta para concretizar todos os objectivos a que nos tínhamos proposto no
programa eleitoral.
A
dívida que existia à ADSE, que rondava os 37.000€, e que se vinha a acumular há
14 anos, é agora obrigatória ser paga por parte da Junta de Freguesia.
A
Direcção Geral das Autarquias Locais (DGAL) enviou-nos um oficio a comunicar
que a partir daquela data, iria reter trimestralmente 8.500€ até perfazer o
total da divida.
Em
negociações com o Diretor da ADSE, consegui chegar a um acordo bastante
razoável, fazendo diminuir o valor para 2.500€ trimestrais.
Todas
estas dificuldades são enfrentadas diariamente com muita seriedade e cautela
pensando sempre no que é melhor para a nossa população.
As
opções que se tomam, na gestão de um organismo como a Junta, são de grande
responsabilidade e, nem sempre, temos a certeza de que estamos a agir da melhor
forma e de acordo com as aspirações do nosso povo.
A
Junta de Freguesia tem feito algumas obras recentemente?
A
Junta de Freguesia não tem feito obras de grande envergadura pelos motivos que
referi anteriormente.
Temos
a nosso cargo a manutenção do Jardim Municipal, Jardim D. Dion, Jardim da
Igreja e todo o espaço exterior e interior do cemitério novo. E também o espaço
interior do cemitério velho.
Todos os parques
infantis dentro e fora das escolas são da inteira responsabilidade da Junta.
O canil municipal,
que neste momento tem 10 animais, é diariamente limpo por um funcionário da
Junta. Todos os animais são alimentados com ração comprada pela JFA e não saem
dali sem serem vacinados ou possuidores de chip.
As estufas
existentes na Reserva Natural do Cavalo Sorraia pertencem à JFA e fornecem
flores e plantas para a vila toda.
Aconselho vivamente
todos os alpiarcenses a visitarem as nossas estufas que têm uma enorme
variedade de flores e plantas produzidas por nós. O excelente
trabalho que é lá desenvolvido é merecedor de uma visita.
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Jardim D. Dion |
Alpiarça
é um concelho com vida?
Claro
que tem vida. Somos um concelho atento e consciente de todo o trabalho que se
faz para o desenvolvimento da terra. Não nos deixamos levar por demagogias e
falsas politicas.
Enfrentamos
de cabeça erguida qualquer dificuldade que nos é imposta.
Somos
um concelho com grandes tradições de luta e não baixamos os braços perante
injustiças, venham elas de onde vierem.
Quais
as obras/projectos levadas a efeito que considera mais relevantes enquanto
presidente da Junta?
Não
percebo o teor da questão. Se tiver a ver com obras levadas a cabo pela Junta
estarei a repetir-me e isso será cansativo para os leitores.
Relativamente
a outras obras do concelho, deverão ser os alpiarcenses a pronunciar-se.
A
“Feira do Melão” tem sido uma iniciativa da Junta de Freguesia no entanto nos
momentos oportunos os “louros” vão para o Executivo da CDU. Aceita que assim
seja ou há alguma estratégia política?
Em
2010, toda a organização do Festival do Melão foi de inteira responsabilidade
da Junta de Freguesia (Executivo e Funcionários) conforme consta no nosso
programa eleitoral. Foi um sucesso do qual muito nos orgulhámos. O trabalho foi
duro mas conseguimos concretizar o nosso objetivo e pôr de pé um digno Festival
do Melão.
Ressuscitámos
o Melão de Alpiarça e trouxemos à nossa terra muitas pessoas que se deslocaram
só para o provar.
Demos
valor ao que Alpiarça tem de mais genuíno. A nossa agricultura, quem trabalha
nela e o fruto da mesma.
Talvez
por ter corrido tão bem e ter tido tanto sucesso, nos anos seguintes deixámos
de ter um peso tão importante na organização deste Festival. A organização
deixou de ser da total responsabilidade da Junta de Freguesia e passou a ser da
Câmara Municipal.
Quero
acreditar que, tal foi feito, a pensar no bem estar dos nossos agricultores,
deste fruto oriundo da nossa terra e da população em geral.
Acredito
sempre que, todas as atitudes que se tomam, seja por parte de quem for, têm
sempre um parte positiva e, neste caso, se o sucesso foi aproveitado para o bem
da nossa população, eu congratulo-me.
Concorda
com a lei que limita o número de mandatos possíveis a um presidente de Junta?
Acho
que devemos dar oportunidade a outras pessoas de mostrarem o valor do seu
empenho e trabalho.
Qual
o sentimento que a invade por ser este o seu último mandato enquanto presidente
da Junta de Freguesia de Alpiarça.
Quem
sabe se é o último? Pode ser o primeiro de três...
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Parque Infantil |
Admite candidatar-se de novo a presidir a Junta
de Freguesia ou como já constou: deixará de ser uma candidata ao órgão a que
preside para concorrer pelas listas da CDU na lista da Câmara nas próximas
eleições autárquicas?
Esta
pergunta, para mim, além de ser evasiva e polémica, não faz qualquer sentido.
Quais as suas relações com a oposição,
nomeadamente com o PS e CDS?
Sempre
tive boa relação com a oposição. Temos um membro do CDS no nosso Executivo e o
trabalho tem sido bastante positivo.
Quando
as pessoas trabalham para um bem comum, é fácil o entendimento.
Sente-se acarinhada pela população?
Muito.
Tenho conhecido, trabalhado e convivido com pessoas extraordinárias.
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Antigo Cemitário |
Tem
sido acusada de pouco ou nada fazer pela Freguesia. Está de acordo?
Nunca
podemos agradar a todas as pessoas e aceito as criticas que me têm sido feitas
pelos eleitores.
A
sua “celebre” entrevista que deu a um semanário da região fez ou não fissuras
nas suas relações com o PCP?
Não
considerando célebre a entrevista que dei, é evidente que, a partir daí, tudo
se alterou.
Como mulher sente-se realizada ou ambiciona
“voar mais alto”.
Todo
e qualquer ser humano deve ter como objectivo principal de vida evoluir sempre.
É
o que pretendo para mim e para o meu futuro.
António
Centeio