Por: Antonieta Dias (*) |
Cerca de três milhões de
portugueses sofrem de hipertensão arterial.
A hipertensão arterial é uma
doença crónica, quase sempre silenciosa, caracteriza-se por um aumento crónico
da tensão arterial sistólica e diastólica tem elevadas taxas de morbilidade e obriga
a uma decisão terapêutica eficaz.
O diagnóstico da hipertensão
arterial é feito quando um paciente apresenta três medições, confirmadas com
intervalos de uma semana de valores de tensão sistólica acima de 140 mmHg ou
uma tensão diastólica superior a 90 mmHg.
A etiologia da hipertensão
arterial é de causa desconhecida na maior parte dos casos(85 a 95%), sendo
designada por hipertensão essencial/hipertensão primária ou idiopática.
Considera-se hipertensão
secundária (5-15%) quando a causa é conhecida, isto é, sempre que exista uma
perturbação orgânica identificada como causadora da doença(por exemplo de
etiologia renal ou hormonal).
Existem diversas patologias que
podem ser responsáveis pela hipertensão arterial, destacando-se como as mais
relevantes: hiperaldosteronismo, doença renal(nefropatias crónicas,
glomerulonefrites, nefropatias hereditárias, pielonefrites, nefrite
intersticial crónica), hipertensão gravídica, hipotireoidismo, reacções
adversas a fármacos, tumores produtores de aminas biogénicas.
Sendo a hipertensão arterial uma
patologia de grande prevalência na população em geral, estima-se que a
incidência da doença seja de cerca de 20%, sendo que apenas 10% dos hipertensos se encontram controlados.
Alguns estudos realizados
revelaram que cerca de 50% dos doentes hipertensos desconheciam a sua doença e nos pacientes já
medicados metade tinham abandonado a terapêutica.
A hipertensão arterial não
controlada está associada a múltiplas complicações graves, com comprometimento
funcional multiorgânico nomeadamente acidente vascular cerebral, enfarte agudo
do miocárdio, insuficiência cardíaca congestiva entre outras.
A classificação de hipertensão
arterial adoptada e publicada pela Sociedade Americana de Hipertensão através
do VII relatório do Joint National Committee- Arterial Hipertension-JNC7, foi
dividida em três categorias: normal, pré-hipertensão e hipertensão.
Determinou-se como normal a
pressão sistólica <120 80="80" a="a" diast="diast" e="e" font="font" hg.="hg." lica="lica" mm="mm" mmhg="mmhg" o="o" press="press">120>
Assim tendo por base esta
classificação determinou-se como:
Normal uma pressão arterial sistólica (PAS)<120 arterial="arterial" diast="diast" e="e" font="font" hg="hg" lica="lica" mm="mm" o="o" press="press">120>
Pré-hipertensão se os valores da tensão arterial estavam
compreendidos entre 120-139 ou 80-89 mmHg.
Normal <130 e="e" font="font" mmhg="mmhg">130>
Normal alta 130-139 ou 85-89 mmHg
Considera-se Hipertensão:
Estadio 1
Se valores de tensão arterial
compreendidos entre tensão arterial sistólica. 140-159 ou tensão arterial
diastólica: 90-99 mmHg.
Estadio 2
Se valores de tensão arterial
compreendidos entre tensão arterial sistólica 160-179 ou tensão arterial
diastólica: 100-109 mmHg.
Estadio 3
Se valores de tensão arterial
compreendidos entre tensão arterial sistólica >/=180 ou tensão arterial
diastólica: >/ =110.
A tensão arterial elevada é um
factor de risco elevado, que pode ser minimizado se a intervenção terapêutica
for criteriosamente instituída com fármacos eficazes que permitam controlá-la.
Para além da terapêutica
farmacológicas devemos ter outras atitudes complementares para melhorar a
eficácia do tratamento das quais destacamos as seguintes indicações:
Recomendações não farmacológicas
que devem ser incentivadas nos doentes hipertensos:
1- Estilos
de vida saudáveis com modificações dos hábitos de vida;
2- Redução
do peso;
3- Dieta
hipossalina;
4- Diminuição
do consumo de álcool;
5- Controlo
da dislipidemia;
6- Aumento
da ingestão de potássio;
7- Cessação
tabágica;
8- Promoção
de actividade física regular;
9- Eliminação
de fármacos com efeitos anti-hipertensivo;
10- Promoção
de programas antistress.
O diagnóstico e tratamento
atempado e adequado dos doentes hipertensos vai originar menos custos, reduzir
os internamentos, diminuir os casos de invalidez(dependência de terceira
pessoa) e reduzir a procura de assistência medica nos serviços de urgência.
Para melhor controlo dos doentes
hipertensos consideramos de vital importância a:
1-Vigilância médica periódica com
intervalos mais curtos(mensalmente) de reavaliação até estabilização dos
valores da tenção arterial.
2-Ajustar a dose do medicamento
ou de associação de anti-hipertensores até obtenção de resposta terapêutica
adequada.
Muitas vezes estes doentes têm
que ser tratados com mais do que um medicamento anti-hipertensor.
3-Esclarecimento claro dos
pacientes, sobre as complicações que podem advir da não adesão ao plano
terapêutico e da vantagem da manutenção da normalização da tensão arterial.
4-Envolver o doente na
responsabilidade e cumplicidade do cumprimento das orientações médicas que lhe
tenham sido propostas.
5-Investimento no tratamento das
co-morbilidades quando associadas à hipertensão a fim de evitar riscos e
diminuir a ocorrência de complicações clínicas (hipertrofia ventricular
esquerda, insuficiência cardíaca congestiva, aterosclerose, vasculopatias
periféricas, insuficiência renal).
6-Manutenção da vigilância de
três em três meses ou bi-anual se parâmetros avaliados se mantiverem
estabilizados.
Em suma, manter o doente
hipertenso controlado, diminui a probabilidade de agravamento da disfunção dos
órgãos alvo, mantém a estabilidade hemodinâmic , diminui os efeitos mórbidos
destes pacientes nomeadamente a isquemia miocárdica ou os acidentes vasculares
cerebrais.
Apesar de toda a investigação que
tem sido feita e de todos os avanços obtidos no diagnóstico e tratamento a
hipertensão arterial, continua a ser uma doença grave que conduz muitas vezes à
morte.
De acordo com os dados fornecidos
pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a hipertensão arterial é a terceira
causa de morte no mundo.
Os comentários sobre VII Joint
publicados por Otávio Rizzi Coelho, descrevem que os dados recentes publicados
pelo JVII Joint (The Seventh Reporto f de Joint Nacional Committee on
Prevention, Detection, Evaluation, and the Treatement of High Blood Pressure), recomenda
a necessidade de combater eficazmente esta doença de forma a diminuir o risco
cardiovascular que ela provoca.
Importa, ainda referir
que o investimento na prevenção e tratamento atempado dos doentes hipertensos
são essenciais para uma redução drástica das complicações da doença
(Doutorada em Medicina
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