ASSUNTO: resposta a uma notícia publicada em O Mirante.pt,
com o título "Recuperação da aldeia avieira do Patacão é para fazer mas não
para já"
Exmo. Sr. director,
Em relação à notícia agora publicada, os valores
divulgados na sessão daquela Assembleia Municipal são diferentes, e estão de acordo com o
documento que foi distribuído pela AIDIA aos eleitos daquela entidade. O investimento
previsional é de um milhão de euros para recuperar a aldeia avieira do Patacão. Este valor
é suportado em 85% a fundo perdido pelo QREN, e os restantes 15% por um empresário que já
o revelou em Outubro passado, numa reunião com o Sr. presidente da Câmara de
Alpiarça. O empresário, que possui um aldeamento na Herdade da Comporta, aguardou até hoje por uma
resposta, que nunca lhe foi dada.
Assegurou à Câmara Municipal e ao projecto
Avieiro que podia garantir o acesso de inúmeros turistas estrangeiros ao Patacão e à região,
estando disposto a iniciar de imediato o restauro de três casas palafíticas, com fundos próprios,
como sinal de garantia da seriedade das suas intenções.
Acções como as que têm sido desenvolvidas pelo
projecto dos Avieiros são raras nos dias que correm. Conseguiu-se praticamente oferecer um
projecto chave-na-mão a Alpiarça e aos Alpiarcenses, que a Câmara rejeitou. Mesmo o
projecto de arquitectura da aldeia está pronto e foi oferecido por arquitectas da Faculdade de
Arquitectura da Universidade de Coimbra.
Numa época em que todos se lastimam de falta de
iniciativas e de empreendedorismo, é lamentável esta ocorrência. A decisão penaliza
Alpiarça e a economia da região. Compromete a concretização da Rota da Cultura Avieira, ao
longo do rio Tejo, entre a Marina do Parque das Nações e Abrantes. Penaliza indirectamente outro
investimento em Alpiarça, de restauro de um hotel rural, que só ganharia com a aldeia
reabilitada. Estas verbas a fundo perdido serão agora devolvidas a Bruxelas, sem retorno. O QREN
termina em 2013 e não haverá no futuro outras oportunidades como esta. A Câmara sabe que
no futuro não terá oportunidade de fazer o que hoje podia fazer e rejeitou.
A aldeia do Patacão restaurada seria candidata a
aldeia histórica de Portugal, e reforçaria a candidatura da cultura Avieira a património
nacional, quando sabemos hoje tratar-se da única cultura palafítica fluvial da Europa. O Patacão é
a mais genuína aldeia de todas as aldeias Avieiras do Tejo e do Sado.
Perde a região, perdemos todos nós, com a
desistência da Câmara em relação a um projecto económico, cultural e identitário. Inclusive não
se teve em conta que a cultura Avieira faz parte da simbologia do concelho, dado que o brazão da
Junta de Freguesia de Alpiarça ostenta o rio Tejo e uma bateira Avieira.
Em relação à limpeza da aldeia, foi recordado à
Câmara - nessa sessão da Assembleia - que a AIDIA e os voluntários que trabalharam para
limpar a aldeia do Patacão ofereceram, ao longo de dois anos, 190 (cento e noventa) dias-homem de
trabalho voluntário. A Câmara considerou agora ter outras prioridades para parar com os
trabalhos de manutenção da limpeza feita.
Com isso está a permitir que a natureza tome de
novo conta da aldeia, voltando esta a ser engolida pelas silvas e pelas figueiras bravas
como já está a acontecer, e deitando a perder todo o trabalho realizado. A AIDIA pagou aos operadores
de máquinas para assegurar a limpeza e para lá foi com dezenas de voluntários
para realizar um trabalho que foi exemplar, como serviço cívico à comunidade, e idêntico a
outros trabalhos que a associação tem realizado na limpeza das marachas do Tejo e do
Paul da Gouxa. A Câmara não garantiu a continuidade dos trabalhos, apesar de se ter por
várias vezes sugerido que o fizesse. No futuro será muito mais difícil.
Ainda na mesma sessão da Assembleia Municipal
informou-se que a AIDIA ofereceu o trabalho gratuito de dois dos seus voluntários - Armindo
Leite e Júlio Lobo - para assegurar a limpeza e a manutenção da Vala Real de Alpiarça ao longo de
todo o ano. Esta oferta foi feita por carta enviada ao presidente da Câmara em 2011, sem
nunca ter havido uma resposta por parte do executivo. Foi referido pelo representante da
AIDIA nesta Assembleia que não se deve recusar ofertas destas, quando se sabe que a Vala Real de
Alpiarça é um dos pontos de atracção turística local, numa localidade que tanta falta
tem de locais para atrair os turistas. Se há dificuldades financeiras, como explicar o
desinteresse na oferta de trabalho voluntário qualificado para uma acção relevante para a
economia local?
Por fim foi também referido que a AIDIA propôs a
adaptação do edifício histórico-patrimonial da antiga adega do Sr. João Duarte, que fica no
largo em frente da Câmara Municipal. O investimento para a adaptação é elegível no
contexto do projecto dos Avieiros, podendo fazer parte da mesma proposta de investimento que
inclui a aldeia do Patacão, porque a AIDIA propôs a adaptação do edifício, para que ali seja
edificado o Museu Nacional da Cultura Avieira. Para este trabalho, no valor de 150.000
euros, conta-se com fundos perdidos do QREN a 85%, sendo os restantes 15% divididos entre a
Câmara Municipal, a AIDIA e o Albandeio (Grupo Etnográfico de Alpiarça). A AIDIA possui
onze embarcações Avieiras, preparadas para serem musealizadas, e o Albandeio possui inúmeras
peças etnográficas dos Avieiros que tem
recolhido junto da comunidade Avieira de Alpiarça
- num património único, muito valioso e atractivo para ser conhecido pelos turistas. Foi
provado que este pólo museológico se ligaria ao Museu dos Patudos e à aldeia do Patacão,
aumentando e enriquecendo a oferta turística,contribuindo para que os visitantes prolongassem
pelo menos por um dia a sua estadia em Alpiarça.
A estas propostas, que se podem considerar como
valiosas ofertas à Câmara e aos munícipes de Alpiarça, respondeu o Sr. presidente da Câmara
ter-se optado por demolir o histórico edifício, para ali fazer surgir um jardim, com
uma estátua.
Foi sugerido, com alguma emoção, que se pondere o
que se vai fazer e se opte por uma solução que tenha em conta todo o trabalho
realizado pela AIDIA e pelo projecto dos Avieiros, ao longo de tantos anos, e que se conjuguem os
projectos, para valorizar Alpiarça e a região, e que se criem postos de trabalho, numa altura em
que todos estamos tão necessitados de investimentos desta natureza.
A direcção da AIDIA.
ANEXOS: NOTÍCIAS DO JORNAL MIRANTE ONLINE RELACIONADAS
Recuperação da aldeia avieira do Patacão é
para fazer mas não para já
É intenção da Câmara de Alpiarça
recuperar as casas palafitas da aldeia avieira do Patacão (estrada do campo que
liga Alpiarça à Chamusca) mas não poderá ser nos próximos tempos. O presidente
da autarquia, Mário Pereira (CDU), avançou com a informação depois do munícipe
João Serrano – responsável do projecto de candidatura avieira a património
nacional _ ter questionado o executivo, durante a última assembleia municipal,
se a autarquia está a pensar recuperar e preservar a aldeia avieira.
Mário Pereira confirma que continua
com o objectivo de recuperar a aldeia mas neste momento não é possível devido
às dificuldades financeiras que tanto a câmara como o governo atravessam. O
autarca esclareceu disse que neste momento cada município só pode apresentar
uma candidatura ao QREN (Quadro Referência Estratégico Nacional). O executivo
municipal de Alpiarça optou por concorrer aos fundos comunitários para avançar
com a obra dos arranjos exteriores dos paços do concelho.
João Serrano referiu que o
investimento na recuperação da aldeia avieira, no valor de um milhão oitocentos
e cinquenta mil euros, não teria qualquer custo para o município. Um milhão de
euros desses investimento seria a fundo perdido e 850 mil euros pago por um
investidor privado. No entanto, Mário Pereira referiu que não é bem assim e que
a autarquia teria sempre que ter encargos financeiros, que neste momento não
estão em condições de o fazer.
O deputado municipal João de Brito
(PSD) referiu que, a avançar, este é um investimento que traz mais valias para
Alpiarça. Graciete Brito (PS) afirmou que seria de todo o interesse que a
aldeia do Patacão fosse reabilitada. O projecto de candidatura da cultura
avieira a património nacional, que tem um investimento estimado de 30 milhões
de euros, envolvendo 39 instituições de todo o país, prevê a recuperação das
aldeias avieiras desde a Azambuja até à Golegã.
Em relação à limpeza que é feita com
regularidade na aldeia do Patacão (estrada de campo que liga Alpiarça à
Chamusca), Mário Pereira garante que na Primavera vão voltar a limpar o espaço.
http://www.omirante.pt/noticia.asp?idEdicao=54&id=55754&idSeccao=479&Action=noticia#.
UNrS0W-pBtq
Recuperado em: quarta-feira, 26
de Dezembro de 2012
Obra dos arranjos exteriores dos paços do
concelho de Alpiarça gera discórdia
A obra dos arranjos exteriores dos paços do concelho de Alpiarça, cujo
arranque está previsto para o início de Janeiro de 2013, provocou alguma
discussão na última sessão da assembleia municipal. O deputado municipal Paulo
Sardinheiro (PS) questionou a prioridade da obra e espera que esta não seja a
obra da "vergonha" do executivo municipal.
"O país está em crise e nós vamos avançar com uma obra que vale
zero em termos de investimento. Há pessoas em Alpiarça com muitas carências,
com fome. Será que esta obra é assim tão prioritária só para que possam cortar
a fita da inauguração em Setembro, na véspera das eleições autárquicas",
criticou Sardinheiro. O eleito socialista referiu que o espaço merece que a
obra seja feita mas questiona se o dinheiro não poderia ser canalizado para
outros projectos que criem emprego e levem visitantes a Alpiarça.
O presidente do município, Mário Pereira (CDU), refere que foi uma
opção do executivo e que esta obra vai desenvolver bastante uma zona muito
importante da vila. O autarca explicou ainda que para executar a obra, o
executivo decidiu deitar abaixo uma antiga adega, desactivada, _ conhecida pela
adega do João Duarte -construída junto ao edifício dos paços do concelho em
1955.
Esta decisão provocou outra discussão. O munícipe João Serrano,
presente na sessão, indignou-se com a decisão do executivo municipal e pediu
directamente ao presidente para que não fizesse isso. Serrano sugeriu mesmo que
a antiga adega acolhesse um futuro Museu Nacional de Cultura Avieira.
Mário Pereira explicou que visitou o antigo edifício com um arquitecto
e ainda pensaram reabilitá-lo mas, segundo o autarca, o investimento nunca
seria inferior a um milhão de euros, dado o avançado estado de degradação. Por
isso optaram por deitar o edifício abaixo. "A antiga adega foi construída
como um edifício de recurso, feito através de técnicas rudimentares e por isso
seria necessário um grande investimento",justificou.
Em relação à proposta para a criação do Museu Nacional de Cultura
Avieira em Alpiarça, Mário Pereira mostrou-se receptivo à ideia e disse que o
executivo municipal está aberto a discutir o assunto e a ouvir ideias.
http://www.omirante.pt/index.asp?idEdicao=54&id=55739&idSeccao=479&Action=noticia#.U
Nrkwm-pBto
Recuperado em: quarta-feira, 26 de Dezembro de 2012
3 comentários:
Este executivo é a vergonha das vergonhas. Prefere investir num projecto que não gera riqueza alguma para o municipio em vez de apostar num com maior envergadura e que viria a trazer mais visitantes ao concelho, mais clientes aos nossos restaurantes e mais trabalho para os alpiarcenses.
Acho que o executivo tem de se explicar muito bem sobre estas supostas prioridades.
O comunismo nunca foi sinónimo de progresso, mas não o conotava como castadror do desenvolvimento economico do concelho
Na Coreia do Norte também existem grandes e bonitas praças e edificios.
Mas depois a população vive estagnada, sem informação, completamente estupidificada.
É o comunismo no seu pior aquele que temos em Alpiarça.
Já em Cuba, não tem nada a ver com isto. Este Presidente da Câmara é concerteza o pior Presidente que alguma vez Alpiarça já teve desde o 25 de Abril. Cada dia que passa até às proximas eleições é angustiante.
Espero bem que o Franciso Cunha ainda venha a tempo de evitar o pior!!! Rua com os Comunistas!!!
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