Procuradoria-Geral da República já confirmou a detenção do antigo primeiro-ministro, que vai ser ouvido este sábado pelo juiz de instrução criminal. Em causa está um processo de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal.
José
Sócrates foi detido esta sexta-feira no Aeroporto da Portela, em Lisboa, quando
chegava de Paris. O Expresso apurou que uma das causas da
detenção está relacionada com a casa avaliada em três milhões de euros onde o
ex-primeiro-ministro residiu quando tirou um curso na capital francesa, depois
de deixar o governo: os investigadores querem saber de onde veio o dinheiro
para comprar a habitação. Sócrates disse sempre que pediu um empréstimo ao
banco para poder pagar o aluguer do apartamento.
Uma fonte judicial confirmou ao Expresso que
além da casa de Paris estão em causa "muitas outras coisas". Os atos
de jose Sócrates enquanto primeiro-ministro poderão estar agora sob suspeita.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) já
emitiu um comunicado a confirmar a detenção, que surge no âmbito de um processo
de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal. O inquérito está a ser
conduzido pelo procurador Rosário Teixeira.
No comunicado, a PGR diz que há mais três
detidos além do ex-primeiro-ministro, sem nomear quais. Estes três detidos já foram
presentes ao juiz de instrução criminal. Os interrogatórios foram entretanto
suspensos e vão ser retomados este sábado. O mesmo comunicado diz que a
presente investigação não teve origem no processo Monte Branco.
Ao longo da noite, a detenção de Sócrates
foi relacionada com uma outra operação das autoridades, que desenvolveram
buscas na sede do grupo Lena, em Leiria. Foi inclusivamente avançado que os
três detidos seria quadro da empresa. Entretanto, o grupo Lena já emitiu um
comunicado a negar estes factos.
"É falso que haja quaisquer detenções
de responsáveis ou colaboradores do Grupo Lena, seja a que título for",
refere o texto. "As buscas que foram efetuadas este final de tarde e
início de noite na sede do Grupo nada tinham a ver, tanto quanto fomos
informados e foi percetível, com a atividade empresarial do Grupo Lena."
Em Agosto, a revista "Sábado"
escreveu que Sócrates estava a ser investigado no âmbito de um processo
extraído do caso Monte Branco. Na altura, a PGR desmentiu que o ex-primeiro-ministro
estivesse a ser investigado.
Em baixo, pode ler na íntegra o comunicado
que a Procuradoria-Geral da República emitiu esta sexta-feira:
"Ao abrigo do disposto no art. 86.º,
n.º 13, al. b) do Código de Processo Penal, a Procuradoria-Geral da República
torna público o seguinte:
No âmbito de um inquérito, dirigido pelo
Ministério Público e que corre termos no Departamento Central de Investigação e
Ação Penal (DCIAP), e onde se investigam suspeitas dos crimes de fraude fiscal,
branqueamento de capitais e corrupção, na sequência de diligências,
desencadeadas nos últimos dias, foram efetuadas quatro detenções.
Entre os detidos encontra-se José
Sócrates.
Três dos detidos foram presentes ao juiz
de instrução criminal durante o dia de sexta-feira, sendo que os
interrogatórios serão retomados este sábado. Também este sábado, o quarto
arguido será presente ao juiz de instrução.
Foram ainda realizadas buscas em vários
locais, tendo estado envolvidos nas diligências quatro magistrados do
Ministério Público, e sessenta elementos da Autoridade Tributária e Aduaneira e
da Polícia de Segurança Pública (PSP), entidades que coadjuvam o Ministério
Público nesta investigação.
O inquérito, que investiga operações
bancárias, movimentos e transferências de dinheiro sem justificação conhecida e
legalmente admissível, encontra-se em segredo de justiça.
Esclarece-se também que esta investigação é independente do denominado inquérito Monte Branco, não tendo tido origem no mesmo".
Esclarece-se também que esta investigação é independente do denominado inquérito Monte Branco, não tendo tido origem no mesmo".
«Expresso»
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