Jacob Soll acabou de lançar um livro sobre a história da contabilidade e, em entrevista ao jornal Público, comentou a realidade portuguesa, na sequência da queda do Banco Espírito Santo (BES). O norte-americano acredita que existirão outros casos como o português e sublinha que a responsabilidade também é dos cidadãos.
“Portugal tem de ser tornar num país com maior responsabilização financeira. Sou pró-Europa (…) mas as instituições europeias não respondem aos cidadãos. (…) Os portugueses não podem esperar que seja a Europa a resolver os seus problemas”, afirmou Jacob Soll, historiador da contabilidade, em entrevista ao jornal Público.
O norte-americano, que acabou de publicar um livro sobre a história da contabilidade, acredita que falta “participação cívica” por parte dos cidadãos e é urgente uma “cultura de responsabilização e transparência sobre a informação pública”, isto é, a responsabilidade não cabe apenas às instituições.
Os cidadãos, uma imprensa económica forte, que em conjunto sejam capazes de exercer pressão pública sobre os partidos políticos, são de extrema importância para que se coloquem em funcionamento regras de regulação. “É possível. Basta haver vontade pública e uma sociedade com uma cultura de literacia financeira”, sustentou.
Soll garante, quando questionado sobre a queda do Banco Espírito Santo (BES) em Portugal, que outros lhe hão de seguir o exemplo na Europa. “Escrutinar o banco não era apenas uma responsabilidade portuguesa, era também europeia. Se calhar até era mais da Europa do que de Portugal. O banco faliu. E outros hão de falir. Os testes de stress à banca foram uma decisão inteligente, mas ainda há zonas cinzentas”, referiu.
O que é que os cidadãos podem fazer? “Exigir que se ‘abram os livros’, é o que nos diz a história. ‘Queremos ver os livros’”, esclarece o historiador, fazendo referência à altura em que as pessoas eram ensinadas na escola a registar as contas todos os dias à noite, sendo periodicamente alvo de auditoria.
«NM»
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