A
Quercus está apreensiva com a falta de acesso de uma "grande parte"
da população ao tratamento de águas residuais, salientando os problemas
decorrentes da fiscalização "deficiente" de descargas em cursos de
água.Segundo Carla Graça da Quercus, o tratamento de águas residuais
só chega a 71 por cento da população, ficando muito aquém dos objetivos de
atingir cerca de 90% da população.
"Ainda estamos bastante quém, já depois de três quadros
comunitários de apoio e de grandes investimentos realizados", disse.
A vice-presidente da associação do defesa do ambiente falava a
propósito da iniciativa organizada para marcar o Dia Nacional da Água, que hoje
se assinala, e que consiste numa peça de teatro sobre o
"tubo-ladrão", nome dado ao canal que desvia os efluentes que
deveriam ser tratados, indo diretamente para as linhas de água, que ficam
contaminadas e com problemas de saúde pública.
A ação pública, realizada pelo Teatro Apollo, em Lisboa, é uma
forma de alertar a opinião pública para esta situação.
Carla Graça realçou a falta de fiscalização, mas também os
"casos fiscalizados, recorrentes, de equipamentos [de tratamento de águas]
que não estão a funcionar adequadamente, que estão obsoletos, foram mal
dimensionados, têm problemas e que precisam de ser recuperados ou até
substituídos".
Perante as denúncias de descargas que chegam à associação, a
Quercus contacta as autoridades, mas, segundo a responsável, "recebe como
resposta a referência a este tubo ladrão e "um passa-culpas e
passa-responsabilidades de umas entidades para outras".
"Detetamos esta deficiente fiscalização que não permite que
se resolvam os problemas", frisou.
Carla Graça referiu-se às suiniculturas, "que são das mais
poluentes" e apresentam "um défice de tratamento", mas também às
indústrias de lacticínios, de produção de bagaço de óleo de azeite, ou na
agro-indústria e agro-alimentar.
Quanto
às estações de tratamento de águas residuais (ETAR), considerou que,
"continuam a ter problemas, apesar dos investimentos realizados nas áreas
de Lisboa e Porto", utilizando o tubo ladrão e o efluente vai para os
cursos de água sem tratamento.
Outro exemplo, é o caso das fossas séticas, que podem ser
solução se forem adequadamente dimensionadas e fiscalizadas, se tiverem uma
adequada manutenção. contudo, verifica-se que "muitas vezes, a fossa não é
limpa" e os esgotos são lançados diretamente para os cursos de água ou
para o solo, alertou a vice-presidente da Quercus.
Lembrou que, no início do verão, Portugal estava em
incumprimento da diretiva de tratamento de águas residuais já que existia um
conjunto de cerca de 50 aglomerados populacionais, com mais de 2.000
habitantes, sem tratamento adequado de esgotos. «Lusa»
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