Ocupamos uma das piores posições na União Europeia
quando se fala em justiça social. E como é que isso se mede? Pela pobreza,
acesso ao mercado de trabalho ou a cuidados de saúde, por exemplo.
Portugal está entre os dez países da União Europeia (UE) com menos justiça social, ocupando a 20ª pior posição no ranking dos 28 Estados-membros, no qual a Suécia aparece em primeiro lugar e a Grécia em último. O ranking foi publicado num estudo da fundação alemã Bertelsmann Stiftung, que comparou vários indicadores estatísticos de cada país da UE, concluindo que, nos últimos anos, a injustiça social tem vindo a aumentar em geral.
O que os dados mostram em relação a Portugal é que a nossa posição no índice de justiça social subiu entre 2008 e 2011 (de 5,11 para 5,15). Só que desde 2011 o nível tem vindo a descer, registando em 2014 um valor mais baixo (5,03) do que em 2008 - ano em que a fundação alemã foi criada e calculou pela primeira vez este índice. Pior do que Portugal estão Roménia, Bulgária, Hungria, Letónia ou Itália, além da Grécia. No extremo oposto, o estudo coloca Suécia, Finlândia, Dinamarca e Holanda.
"Esta deterioração foi certamente intensificada pelas políticas rígidas de austeridade implementadas no decurso da crise, assim como as reformas estruturais aplicadas no sentido da estabilização económica e orçamental", conclui o estudo em relação à perda de justiça social na UE. Apesar de ser sublinhada a existência de alguns sinais de recuperação económica, os autores lembram que a austeridade teve um impacto negativo nos sistemas de segurança social e em áreas como a educação ou a investigação, devido aos cortes.
Mas como é que se mede a justiça social de um país? A análise feita neste estudo usou vários indicadores de cada país relativos a seis grandes áreas - prevenção da pobreza, educação equitativa, acesso ao mercado de trabalho, coesão social, saúde e justiça entre as gerações mais novas e mais velhas.
É precisamente na justiça entre gerações que Portugal fica pior posicionado. O que está em causa é haver ou não uma distribuição justa de recursos entre as gerações atuais e futuras.
Analisam-se os sistemas de pensões, as políticas ambientais e indicadores como a dívida pública ou o investimento em investigação. Portugal surge com a terceira maior dívida pública da UE e o 5º maior rácio de dependência em 2014 (ou seja, relação entre a população idosa e a população em idade ativa). O rácio é mais elevado do que era em 2008. «Expresso»
Sem comentários:
Enviar um comentário