Costa Freire foi o primeiro político condenado por atos durante o mandato, decorria o ano 1994. Dez anos depois, Maria Lurdes Rodrigues é sentenciada a mais de três anos de prisão. A Justiça portuguesa, dizem alguns juristas e advogados hoje ouvidos pelo jornal i, começa a ter mão pesada nos políticos e não só.
Costa Freire, Isaltino Morais, Armando Vara, Jardim Gonçalves, Ricardo Salgado e, mais recentemente, Maria Lurdes Rodrigues são alguns exemplos de como a Justiça portuguesa não tem olhado a elites ou postos quando em causa está uma condenação.
O jornal i falou com alguns advogados e juristas e a opinião parece consensual: há menor tolerância com o ilícito e a ‘mão’ dos tribunais está mais pesada. Mas os portugueses continuam a querer mais, e o mais é, quase sempre, ‘vê-los atrás das grades’.
“A Justiça tem estado a funcionar, é preciso entender que o funcionamento da Justiça não implica obrigatoriamente por pessoas na prisão”, disse à publicação o advogado Paulo Sá e Cunha, referindo-se à espera do povo por “um exercício de vingança coletiva por parte dos tribunais”.
Para o advogado, existe quem defenda que os banqueiros e grandes agentes económicos, assim como outras personalidades de elite, vão a tribunal em desigualdade com os outros cidadãos, mas “isso não é só em Portugal e acontece porque de facto é-lhes exigível um nível maior de escrutínio”, diz um outro advogado que pediu anonimato.
«NM»
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