António Lima Fernandes |
Recordo-me como fosse hoje a loucura dos dias em que havia ciclismo na “pista”.
Nunca me esquecerei das “enchentes de gente” vindas de todos os lados para verem o Lima em despique com o Alves Barbosa.
Por ironias do destino acabamos por ser amigos e trabalharmos juntos.
Lembro-me da sua dor quando perdeu o primeiro filho, também ciclista, que faleceu numa prova ao serviço do “Bombarralense” onde eu a mais alguns amigos colaboramos numa singela participação para com Lima Fernandes.
Amigos estes ( Ricardo Vaz, José Joaquim Esteireiro, António Pedro, José Gardão, entre outros) que sabem o que fizemos para ajudar a “neta do Lima” por ter ficado órfão como tudo o que conseguimos arranjar para que a “menina” (neta do António Lima Fernandes) tivesse a nossa “pequena” ajuda quando fosse “adulta” e por consequência um melhor futuro. O suficiente para que Lima Fernandes nunca se esquecesse do que fizemos e por nós tivesse a maior consideração.
Lima Fernandes foi um grande “Embaixador de Alpiarça”
Ainda hoje no interior do país se falarmos de Alpiarça o nome de “Lima Fernandes” vem logo à conversa.
Um homem que tinha um “coração do tamanho do mundo”
Lima Fernandes não permitia injustiças e era capaz de despir a “camisa” para dar a quem precisasse. Tinha os seus defeitos e contradições, como todos temos, mas tinha uma fibra de lutador, não tivesse sido um ciclista. Amava os mais desfavorecidos como os protegia. Este seu lado, fez com que sempre o admirasse, mas a vida prega-nos partidas e quando menos esperamos perdemos a companhia de quem gostamos.
Uns mais cedo outros mais tarde, todos temos que partir.
Ao Lima Fernandes a minha singela homenagem.
Aos mais novos deixo, como homenagem a Lima Fernandes, um pouco do muito que fez e deu para com o ciclismo e para Alpiarça, terra que Lima Fernandes amava.
Aos mais novos deixo, como homenagem a Lima Fernandes, um pouco do muito que fez e deu para com o ciclismo e para Alpiarça, terra que Lima Fernandes amava.
O Ciclismo foi a modalidade que deu mais destaque de a Alpiarça
« Reflexo deste destaque, é a existência de uma das melhores pistas de ciclismo do País»
« O Clube Desportivo "Os Águias", foi, desde sempre, um grande impulsionador desta modalidade, entrou na primeira Volta a Portugal com o ciclista Manuel Simões, nessa época um dos melhores Ciclistas do Ribatejo.
A partir de então o Águias de Alpiarça sempre participou no Ciclismo Nacional mas com classificações modestas, até que em:
1955 - Aníbal Costa e José Domingos após provas de qualificação realizadas em Portugal de Norte a Sul do País conseguem os dois ciclistas de Alpiarça ser os apurados para ir a Milão (Itália) representar Portugal no grande Prémio Pirelli.
1958 - Alpiarça aparece com uma das suas grandes equipas onde militavam entre outros Lima Fernandes, António Pisco, José Manuel Marques, Agostinho Correia, João de Brito, João Centeio entre outros, todos grandes valores do Ciclismo dessa época.
1959 - O Águias faz o 20º Lugar na Volta a Portugal a equipa Portuguesa a seguir à equipa Italiana do Licor 43, Lima Fernandes vence o maior número de etapas, 5º nessa volta, ficando Lima, Pisco e Agostinho Correia nos 10 primeiros e Pisco vence nas Penhas da Saúde.
1959 – José Manuel Marques é Campeão Nacional e Regional de estrada, Lima Fernandes é Campeão Nacional de pista e António Pisco Campeão Nacional em Contra-Relógio, João Centeio vence na Volta a Portugal a etapa das Penhas da Saúde.
1960 – José Manuel Marques é novamente Campeão Nacional de Estrada e Vence a Volta a S. Paulo no Brasil. Vence também a Volta ao Algarve.
Lima Fernandes é Campeão Nacional de Pista»
"HISTÓRIA DO CICLISMO EM ALPIARÇA"
«Ao escrever a História do Ciclismo em Alpiarça, pretendi tão somente fazer com que a memória dos feitos dos ciclistas de Alpiarça não se perdessem com o passar dos anos. Isto era uma situação que não poderia acontecer face à riqueza social e desportiva que encerrava e ao facto de Alpiarça ser uma terra conhecida em todo o país pelos feitos dos ciclistas que envergaram a camisola do mítico Águias de Alpiarça.
O livro começa por abordar o nascimento da bicicleta em todo o mundo, o seu aparecimento em Alpiarça através do médico Dr. João Maria da Costa. Fala depois da primeira associação representativa dos clubes que praticavam a modalidade, a União Velocipédica Portuguesa, legalmente constituída em 1 de Julho de 1901 e que se transformou em 1944 na Federação Portuguesa de Ciclismo. O Alpiarça Sport Club inscreve-se na União Velocipédica por volta de 1919, enquanto que o Alpiarça Foot-Ball Club Os Águias vê a sua inscrição aprovada em 1 de Agosto de 1929.
Em 1922 é fundado o Alpiarça Foot-Ball Clube “Os Águias” pelos seguintes elementos: Joaquim Francisco Calado, Joaquim Pereira Almeida, João Mendonça Avelar, João Pinhão, José Pinhão, Adolfo Fernandes, António da Silva, Manuel Maria Carolo, Frederico Narciso, Francisco Tendeiro Gameiro, Francisco Pimentel, António Infante Parreira e Renato Pinhão.
O Clube começaria por se dedicar ao futebol e atletismo, embora o ciclismo também faça a sua aparição em 1922, 1923 e 24, através de Apolinário Oliveira e Edmundo Maria Nunes, o primeiro dos quais venceu a 1ª volta a Coruche. Apolinário Oliveira seria o primeiro ídolo da população, pelas boas classificações que tem nas provas em que participa.
Em 1925 aparecem dois clubes a praticar ciclismo em Alpiarça, o Sport Lisboa e Alpiarça e o Alpiarça Foot-ball Clube Os Águias, sendo que alguns corredores chegaram a representar os dois clubes durante a mesma época. A equipa de Os Águias é representada então pelo Apolinário F. Oliveira, por João Pinhão, Fernando Coimbra, José Paulino, Manuel Fonseca, António Santos e Armandino Fidalgo. O Sport Lisboa e Alpiarça tinha na sua equipa Fernando Coimbra, que fica em 1º ligar nos 120 km de Alpiarça, Joaquim Calçada, que vence uma outra prova de 35 km, Francisco Santos, António Santos e Manuel Teodoro.
Em 1927 aparecem novamente os dois clubes de Alpiarça a inscrever oficialmente na União Velocipédica os seus corredores.
O Sport Lisboa e Alpiarça inscreve Apolinário Oliveira, Manuel Machacaz, Joaquim Antunes Freilão “Teta”, Jacinto Mendes, mais conhecido por Jacinto “Bate latas”, João Silvério Carvalho e António dos Santos.
Os Águias alinham com José Pereira da Rosa, António dos Santos Júnior e Manuel de Oliveira Júnior.
Será este Manuel de Oliveira Júnior, padeiro de profissão, natural da Golegã e nesta altura com 18 anos, que se transforma no primeiro grande corredor de Os Águias, já que vence o 1º Campeonato Distrital, corre regularmente nas diferentes corridas disputadas pelo distrito, concorre ao VII Porto – Lisboa e principalmente alinha na 1ª Volta a Portugal em Bicicleta.
Com efeito a 26 de Abril de 1927 começa a 1ª Volta a Portugal em Bicicleta. Alpiarça esteve presente através de Manuel Simões de Oliveira Júnior, que alinhou pela categoria dos fracos. Havia três categorias, os fortes, corredores já credenciados e que haviam corrido em várias corridas oficiais, os fracos eram os corredores mais novos e que estavam em inicio de carreira, havia ainda a categoria de militares, que como o próprio nome indica eram os ciclistas que estavam na “tropa”. Manuel Simões fez uma prova extraordinária, ficando em 2º e 3º lugares em diversas etapas, classificando-se em 6º lugar na sua categoria no final da Volta, que foi composta por 18 etapas e percorreu todo o país, muitas vezes por carreiros e a corta-mato, pois não havia estradas e pretende-se fazer uma verdadeira volta a Portugal.
Manuel Simões e Manuel Machacaz são os ciclistas de Alpiarça que mais se distinguem nos anos seguintes, até que em 1932 aparece José Rodrigues, o conhecido Zé Barato, funileiro de profissão, que aos 21 anos volta a fazer com que a camisola dos Águias volte a percorrer as estradas de Portugal, pois participa na 3ª Volta a Portugal em Bicicleta. Fica várias vezes em 2º lugar e não fosse a parcialidade do júri, teria vencido a etapa que terminou em Aveiro, pois cortou a meta em 1º lugar, mas o júri relegou-o para 2º numa decisão muito polémica.
Manuel Simões e Manuel Machacaz são os ciclistas de Alpiarça que mais se distinguem nos anos seguintes, até que em 1932 aparece José Rodrigues, o conhecido Zé Barato, funileiro de profissão, que aos 21 anos volta a fazer com que a camisola dos Águias volte a percorrer as estradas de Portugal, pois participa na 3ª Volta a Portugal em Bicicleta. Fica várias vezes em 2º lugar e não fosse a parcialidade do júri, teria vencido a etapa que terminou em Aveiro, pois cortou a meta em 1º lugar, mas o júri relegou-o para 2º numa decisão muito polémica.
José Rodrigues acabaria a volta em 11º lugar na sua categoria de fracos. Nos fortes aconteceria pela primeira vez um grande duelo que daria brado nos anos seguintes Alfredo Trindade contra José Maria Nicolau, ambos do concelho do Cartaxo, um representando o Sporting e outro representando o Benfica. Desta vez venceu Alfredo Trindade, noutras ocasiões seria Nicolau a levar a melhor.
Depois de um período de menos fulgor, a que não será alheio os problemas que surgiram, nomeadamente a Guerra Civil em Espanha e a 2ª Grande Guerra Mundial, com todas as dificuldades a que isso conduziu em Portugal, o ciclismo em Alpiarça só voltou aos seus grandes dias a partir de 1949, quando surgiram José Domingos, vulgarmente conhecido por Zé Abrunheira, Aníbal Costa e Josué Morais “Pangaia”, que, representando duas equipas de Santarém, os Leões e o Operário, concorrem à 1ª Volta ao Ribatejo. Zé Domingos fica em 2º, Aníbal Costa em 3º e Pangaia em 6º.
No ano seguinte o Presidente dos Águias, João Catarina Duarte, convida-os a formarem uma grande equipa nos Águias, aos quais se junta António Luís, José Miranda do Céu “Zé Esturrado”, Francisco Rodrigues e mais tarde José Malaquias Caetano “Zé Camões”, Júlio Pereira “Júlio Espanhol” e Raul Pardal “Pernica”.
António Luís acaba por ser aquele que traz para Alpiarça a 1ª grande vitória em termos nacionais pois vence a 1ª Pedalada, prova disputada na zona de Lisboa e que termina no Estádio José de Alvalade. Esta prova organizada pelo Sporting Clube de Portugal, contou com a presença de 186 corredores. António Luís é o grande vencedor, José Domingos chegou em 5º, Aníbal Costa em 11º e Josué Morais “Pangaia” em 13º. Foi na verdade uma tarde de glória para os corredores e para o Águias de Alpiarça.
Em 1953 dá-se o primeiro contacto internacional. Zé Domingos e Aníbal Costa, ficam em 1º e 2º lugar no Premo Pirelli, disputado em Portugal e que apurava os dois primeiros para a prova Europeia a disputar em Itália, mais propriamente em Milão, sede da fábrica Pirelli. Lá foram os nossos corredores que conseguiram o 37º lugar através de Zé Domingos e o 48º através de Aníbal Costa, entre os 109 corredores que começaram aquela dura prova de 224 quilómetros, com duas subidas de categoria superior que arrasaram a grande maioria dos ciclistas.
O Dr. Raul José das Neves era o Presidente de Os Águias e principal dinamizador da Secção de ciclismo, muito acompanhado por Natalino Andrade e Joaquim Alcobia. O treinador era o antigo corredor Manuel Simões Júnior ajudado por outro antigo corredor de Alcanhões, o José Balreira. O mecânico era o Isidro dos Santos, que tinha a melhor oficina de bicicletas da zona.
Não se portaram mal os rapazes de Os Águias. Na classificação final José Miranda do Céu seria o 17º, António Adegas o 19º, Zé Domingos o 21º; João Maria da Silva o 36º, Manuel Gonçalves o 37º e Francisco Leal o 38º. Colectivamente Os Águias foram 7ºs classificados. O mítico Ribeira da Silva, do Académico, vence a prova, seguido de Sousa Santos e Alves Barbosa.
Face ao incremento da modalidade é inaugurada a nova pista de ciclismo, que deixa de ser em terra batida e passa a ser em alcatrão, o que acontece em 21 de Outubro de 1956, uma obra que nasceu graças ao empenho de muita gente, nomeadamente Natalino Andrade e principalmente do Dr. Raul Neves, na altura a exercer o cargo de Presidente da Câmara Municipal e que se empenha na realização desta obra.
Entretanto corre-se a 19ª Volta a Portugal. Os Águias vão para a estrada novamente com João Maria da Silva, Zé Domingos, Zé Camões, Josué Pangaia, Francisco Leal e António Guedes Jorge. José Miranda do Céu fora entretanto correr para o Benfica e Aníbal Costa também esteve ausente.
Manuel Miranda do Céu dava os primeiros passos como dirigente. José Balreira assegurava a direcção técnica e João da Silva Santos “o João do Isidro” era o mecânico.
Mais uma vez Os Águias voaram alto. Zé Domingos foi a grande figura da equipa, conseguindo um magnífico 14º lugar, Francisco Leal foi 27º e João Maria da Silva o 29º classificado. Alves Barbosa foi o grande vencedor, logo seguido pelo seu grande rival Ribeiro da Silva.
Em 1957 começa a aparecer uma nova “fornada” de ciclistas. Joaquim Terebentino, João Alberto Correia, Lima Fernandes, José Manuel Marques, Agostinho Correia. António Pisco, Maurício Vieira e Manuel Carvalho “o Volvo”. Serão no entanto os homens da “velha guarda” que vão percorrer as estradas de Portugal, para representar o clube na 20ª Volta a Portugal. Constituem a equipa, Aníbal Costa, José Miranda do Céu, que regressou a casa depois de representar o Benfica, Zé Domingos, José Jesus Henriques, Fernando de Jesus Cruz e António Lagarto Luciano.
Foi uma volta para esquecer, desistiram todos. Todos não….a Volta continuou a ter a presença de elementos de Alpiarça, mas não eram corredores, mas sim a cançonetista Fernanda Pacheco e o acordeonista Fernando Ribeiro e Fernanda Guerra, que faziam parte da animação da volta nos finais de etapa.
Apesar deste fracasso, começam a aparecer os títulos nacionais conquistados pela “nova vaga”. José Manuel Marques em 1957 conquista o título de Campeão Regional e Nacional de velocidade, o primeiro disputado na pista de Alvalade e os nacionais na velhinha pista do Lima, pertença do Académico do Porto.
Em 1958 não vão à Volta a Portugal, mas em compensação, José Manuel Marques e Lima, ganham títulos regionais e nacionais de fundo, sendo que nos nacionais José Manuel Marques foi o campeão e Lima Fernandes o vice-campeão. Começava a lenda em que se iriam transformar estes dois grandes ciclistas.
A Volta a Portugal ficou tristemente assinalada pela morte de dois ciclistas espanhóis, Raul Motos e Joaquim Pólo, durante e no final da 2ª etapa que terminou em Alpiarça.
Joaquim Casimiro vence a Prova de Iniciação, destinada jovens ciclistas representantes dos 18 distritos do país, enquanto que António Pisco e Agostinho Correia davam boas indicações nos regionais de iniciados e juniores.
Também em 1958, o campeão nacional de velocidade, José Manuel Marques, vai ao Brasil participar na prova “9 de Julho”, organizada pelo jornal “Gazeta Esportiva”. Não foi feliz o ciclista de Alpiarça, pois desistiu, absorvido pelas dificuldades deparadas com a participação de mais de 500 ciclistas.
Se esta prova correu mal, aconteceu precisamente o contrário no Campeonato Nacional de Equipas. Os Águias apresentaram Mário Jordão, Manuel Lino, um excelente reforço que veio do Bombarralense, que acompanharam José Manuel Marques e Lima Fernandes. Foram campeões nacionais.
Seguem-se os anos dourados. A partir de 1959 Os Águias deslumbram todo o país com a sua classe. Campeonatos nacionais e regionais; vitórias em provas particulares e muito especialmente em pista em que tínhamos alguns dos melhores sprinters nacionais, alem de que Lima Fernandes e José Manuel Marques integram a convocatória para a Selecção Nacional. Lima Fernandes escalado para a Volta a Espanha, integra no entanto a equipa que disputa a Volta à Tunísia, onde acaba por desistir na 3ª etapa devido às condições climatéricas. Lima fez melhor na clássica Porto/Lisboa, pois ficou em 2º lugar.
Corre-se então a 22ª Volta a Portugal. João Alberto, Manuel Carvalho, José Manuel Marques, Aníbal Costa, António Pisco, Lima Fernandes, Mário Jordão e Agostinho Correia foram os escolhidos para esta grande prova nacional. Na 2ª etapa Pisco dá nas vistas ao ser 2º classificado e mais notado se tornou ao vestir a Camisola Amarela na etapa de Loulé para Moura. Foi o delírio em Alpiarça.
Na etapa seguinte, erros tácticos na condução da equipa fizeram com que o corredor de Os Águias perdesse a camisola. Agostinho Correia assume-se então como um dos corredores mais regulares da equipa e Aníbal Costa como o grande capitão sempre disposto a todos os sacrifícios em prol da sua equipa. Seria Agostinho Correia a vencer pela primeira vez uma etapa da Volta, o que acontece no circuito do Lima. Na última etapa Lima Fernandes ainda consegue o 2º lugar o que o ajuda a cimentar o brilhante 8º lugar na classificação geral. António Pisco foi o 10º, logo seguido de Agostinho Correia. Mário Jordão foi o 36º. Venceu Carlos Carvalho do Porto, seguido por Jorge Corvo do Tavira a 5 segundos. Por equipas Os Águias ficaram em 3º lugar.
Foi uma volta brilhante para os ciclistas de Alpiarça
Em 1960 os corredores de Alpiarça voltam a conquistar títulos nacionais e dá-se também o caso de pela primeira vez um ciclista de Os Águias ser seleccionado para ir aos Jogos olímpicos que se realizavam em Roma. Coube a honra a Francisco Valada, juntamente com Mário Silva e José Pacheco do Porto e Ramiro Vieira Martins do Benfica.
Na 23ª Volta a Portugal voltam a estar Agostinho Correia, Mário Jordão, Pisco, Lima, Manuel Carvalho, a que se juntam agora Maurício Vieira, Manuel Pereira e Joaquim Casimiro.
As ambições são muitas. Jordão começa bem, com um 2º lugar na 1ª etapa, Pisco na seguinte é 3º. Lima Fernandes vence em Braga e quando está quase a conseguir a amarela desiste após um temporal na etapa que acaba em Viseu. Pisco dá então um recital na etapa-rainha que acaba no cimo da Serra da Estrela, onde chega em 1º lugar.
É depois 2º na meta instalada em Tomar, o que só acontece devido a uma queda a poucos metros da meta.
Agostinho Correia vence a etapa que acaba em Alpiarça depois de ver a equipa ficar sem representação colectivamente. Ficaram apenas Pisco e Agostinho Correia, com aquele a terminar num brilhante 6º lugar e Agostinho em 33º. Todos achavam que Pisco poderia ter vencido esta Volta não fosse o azar da etapa para Viseu onde a equipa naufragou no temporal.
O final da época é bastante movimentada, com os ciclistas de Alpiarça a vencerem a maior parte dos festivais de pista e circuitos que se desenrolaram após a Volta, dando-se até o caso bastante significativo de, no mesmo dia, duas equipas de Os Águias correrem em locais diferentes e vencerem, como aconteceu numa prova realizada em Grândola que Lima Fernandes venceu, enquanto que Manuel Carvalho “o Volvo”, vence na Vila das Aves.
Entretanto começa a falar-se da ida de António Pisco para o Benfica, que a Direcção do Clube impede de momento, mas que iria verificar-se mais tarde.
Em 1961 Os Águias eram reis e senhores na zona sul. Dominam por completo os regionais. António Pisco vence a primeira prova, Lima Fernandes vence a segunda e a terceira, Pisco volta a ser primeiro classificado na quarta prova. Na Volta ao Algarve, uma prova prestigiada, António Pisca volta a fazer das suas e vence e José Manuel Marques fica em 2º lugar, enquanto que Agostinho Correia era 6º classificado. Mercê deste excelente comportamento António Pisco integra a equipa nacional que vai disputar a Volta a Espanha, da qual desiste ao 4º dia devido a problemas de saúde.
A 24ª Volta a Portugal vai para a estrada e mais uma vez o Águias de Alpiarça está presente com um fortíssimo conjunto do qual faziam parte João de Brito, José Manuel Marques, Agostinho Correia, Joaquim Casimiro, Maurício Vieira, Manuel Carvalho e Lima Fernandes. António Pisco é a maior ausência, já que se depositavam fundadas esperanças de que pudesse vencer a Volta, no entanto vai para a tropa e é mobilizado para ir combater para Angola, vendo assim a sua promissora carreira ser irremediavelmente comprometida.
A Volta foi um festival Lima Fernandes, já que vence 4 etapas, a que terminou na Malveira, em Braga, no circuito de Vila do Conde e na chegada a Sangalhos. Agostinho Correia e José Manuel Marques também estiveram em evidência, uma vez que acabavam as etapas quase sempre nos primeiros lugares e com provas muito regulares.
Na classificação final Agostinho Correia seria o melhor de Alpiarça, ficando em 15º lugar, Lima Fernandes foi 20º, José Manuel Marques ficou em 23º, Manuel Carvalho em 43º, Joaquim Casimiro em 50º e Maurício Vieira foi o 54º classificado. Por equipas a equipa conseguiu o 7º lugar.
Lima Fernandes acabou também por se tornar campeão regional e nacional de velocidade, pelo que não admira que o Benfica o tente levar para Lisboa. Oferece uma pequena fortuna – 300 contos. Os Águias reúnem uma Assembleia-Geral de emergência e não deixam sair o corredor, prontificando-se os sócios a fazerem-lhe uma casa, para que o ciclista permaneça em Alpiarça o que efectivamente veio a acontecer.
Em 1962 o clube atinge o sócio número 1000 (Luís Manuel Leocádio Martins) e volta ao esplendor do último ano.
Agostinho Correia vai à Volta à Espanha integrando a selecção nacional e mais uma vez não é feliz, uma vez que desiste na etapa entre Benidorm e Cartagena, tal como muitos outros corredores devido ao calor sufocante que se fez sentir nesta corrida.
No Grande Prémio Robbialac, Lima vence 3 etapas, mas é Joaquim Casimiro o melhor classificado, em 9º lugar. Lima vai também à corrida “9 de Julho” em São Paulo, no Brasil, sem conseguir terminar a prova.
A 25ª Volta a Portugal não correu como se desejava, apesar de Lima Fernandes ter vencido as etapas do Furadouro (ex-aequo com José Pacheco), a etapa que terminou em Alpiarça, Pista de Alvalade. Mas o pior estava para vir Agostinho Correia caiu a caminho de Lisboa, aguenta mais 3 etapas mas desiste a caminho de Beja. Lima Fernandes acaba também a sua actuação no Alentejo. Ficam apenas em prova João de Brito, João Centeio e Santinho Mendes. Foram 3 heróis estes homens. João Centeio vence a mítica etapa das Penhas da Saúde com mais de 11 minutos sobre o 2º classificado. Depois Santinho Mendes desiste, mas Brito e Centeio aguentam.
Na classificação final João de Brito é 17º e Centeio 31º, com este último a conseguir o 3º lugar no prémio da montanha.
Em termos de campeonatos as coisas correram melhor. António Branco é campeão regional de juniores; José Manuel Marques é campeão regional de velocidade; João de Brito vence o campeonato regional de perseguição e Lima Fernandes é campeão nacional de velocidade.
Em 1963 Agostinho Correia volta a integrar a Selecção Nacional que corre a “Vuelta” a Espanha e fica em 44º lugar.
Na Volta a Portugal desistem todos, uma desilusão – Amílcar Mateus, Joaquim Pisco, António Branco, Agostinho Correia, João de Brito, Lima Fernandes, João de Brito, Santinho Mendes e João Centeio.
Nos circuitos a saliência vai para a vitória de João de Brito no circuito da Malveira e em Alenquer e de Amílcar Mateus no circuito do Cartaxo, que João de Brito haveria de vencer também no ano seguinte.
A 27ª edição da Volta a Portugal é assinalada com a vitória de Agostinho Correia na chegada a Fafe e nas duas vitórias consecutivas de João de Brito, uma na chegada a Tavira e a outra na Pista. Agostinho Correia acabaria por ser o 14º classificado, João Centeio o 29º e João de brito o 42º, os restantes desistiram.
É o ano da despedida de Lima Fernandes que termina assim uma carreira recheada de sucessos que ajudaram a cimentar o prestígio de Os Águias de Alpiarça.
1965 representou o fim de uma época de ouro. Os grandes ciclistas que representaram Os Águias no principio da década de 60 estavam no fim da sua carreira. Os substitutos não se revelaram apostas vencedoras, por isso não é de estranhar que na Volta a Portugal todos tenham desistido – Henrique Castro, Indalécio de Jesus, Pedro Júnior, Luís Birrento, Florêncio Silva, João de Brito e Amílcar Mateus.
O ciclo chegara ao fim e o ciclismo faz um interregno. As dificuldades financeiras fizeram o resto»
Fontes: Clube Desportivo “Os Águias de Alpiarça”;
“História do Ciclismo em Alpiarça, de “José João Marques Pais
Por: António Centeio
4 comentários:
Sonia Saturnino Adeus vizinho, até um dia...Descansa em Paz.
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Luisa Reis grande homem do ciclismo paz á sua alma
há 4 minutos.
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Maria Fernanda Alves um grande Senhor, conheci-o muito bem e seu filho tambem ja falecido era um grande amigo, posso mesmo dizer que fomos criados juntos : Meus Pêsamos a toda a familia
( da nossa página do Facebook)
O meu mais profundo pesar por um dos 'Heróis' da minha meninice.
Grande Homem com quem tive o privilégio de conviver, e que sempre me marcou pela sua enorme tenacidade demonstrada aquando das suas entradas na pista onde mostrava o que significava 'QUERO VENCER'.
Muitas tareias apanhei por ir ver os ciclistas a treinarem na pista, onde me esquecia do tempo, mas valeu a pena pois aprendi que com esforço, trabalho e devoção, ao mesmo tempo com o tempero de 'malandragem' se constroem os campeões.
Até sempre LIMA
Latxo
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