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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Presunção sem Água Benta


Artigo de Opinião
Por: Sara Jofre

Vivemos hoje uma crise económica mas acima de tudo de valores. Ora ontem estava eu numa loja e entrou uma senhora idosa que disse boa tarde. Respondi. Depois balbuciou algo e eu apercebi-me que seria um queixume de quem pedia. Disse-lhe, no egoísmo e desconfiança que esta sociedade me incutiu, que não. Assim fizeram todos os clientes da loja. A senhora saiu, cabisbaixa. Depois fiquei a pensar e se ela estivesse, de facto, em desespero. Quão desumanos fomos todos nós.
Portugal é um país laico, sem religião oficial, para que, oficialmente, seja respeitada a liberdade religiosa, sejam aceites todas as religiões. Mas o que observamos é que na tentativa de se respeitarem todas as religiões, não se respeita na verdade nenhuma e deixa de existir qualquer liberdade religiosa. Hoje um médico não pode ter símbolos religiosos no seu gabinete porque pode ofender os doentes. As escolas não podem ostentar símbolos religiosos porque podem ofender os alunos. Antigamente, quando Portugal era oficialmente católico, não se pensava na religião, fosse ela qual fosse, como algo ofensivo. As escolas tinham crucifixos, ao Domingo ia-se à missa e, tudo isso, era encarado como normal. Quem não tinha a mesma religião, não tendo os símbolos da sua religião expostos em edifícios públicos, teria a liberdade de os ter em casa e não era, de todo, ofendido por pensar diferente, por acreditar em coisas diferentes. Podia não concordar-se mas ninguém achava que quem acreditava no Buda ou não acreditava na santidade de Cristo era estúpido. Hoje em dia olha-se de lado quem vai à missa ao Domingo, goza-se com quem acredita na Torah e teme-se o islamismo, não o associando à religião mas ao terrorismo.
O laicismo não trouxe, assim, qualquer liberdade religiosa, antes pelo contrário. Esta nossa sociedade laica foi moldada na crença que não existem crenças. Foi moldada no ensinamento que acreditar e ter fé é ser obtuso e esse facto tornou-a preconceituosa e presunçosa.
Eu, que não sou religiosa, considero que é negativo para um país não ter uma religião oficial, seja ela qual for. A religião, quando não levada ao extremo (porque a crença levada ao extremo é tão prejudicial como o ateísmo levado ao extremo), é algo muito positivo. A religião ensina-nos a ser bons, a respeitar os outros, a não sermos egoístas e a partilhar. E, mesmo que sejamos egoístas, por temor a Deus, acabamos por tentar controlar esse egoísmo.
O episódio que vivi ontem com a senhora que pedia na loja obtendo um não como resposta de todos os presentes, numa sociedade religiosa certamente não sucederia e a crise tornava-se mais fácil de ultrapassar porque havia caridade e solidariedade. E se pensar que essa senhora pode tentar ir à paróquia, que ficava ali perto, para pedir ajuda, apercebo-me que de pouco lhe serve porque como pode uma paróquia ajudar se já ninguém coloca nada nas caixas de esmola, se já quase ninguém vai à missa dar no peditório? Esta crise seria muito menos dolorosa se a sociedade não se tivesse afastado da religião e as "paróquias continuassem a ter o poder de nos educar na caridade, solidariedade e partilha. " ?

4 comentários:

Anónimo disse...

O problema é que as religiões transformaram-se num negócio de milhões.
As doutrinas, sejam elas politicas ou religiosas deixaram de ter como base o idealismo.
Tanto as doutrinas políticas, como as religiosas (e outras) hoje não passam de formas apoiadas no colectivo de angariar (muito) dinheiro.
Ao longo da história vão adaptando a(s) doutrina(s) para servir os seus dirigentes.
Exemplos não faltam!
Hoje o Vaticano nada tem a ver com as ideias que Jesus Cristo lançou, assim como as ideias iniciais do comunismo tinham a ver com o que os dirigentes do antigo bloco de leste praticavam.
Ao longo da história foram adaptando as doutrinas aos seus interesses...
A confissão é um dos maiores exemplos!(a autocrítica nos partidos comunistas)
Deter a informação valia e vale mais do que ter uma prática correcta e democrática.
Antecipar problemas e saber as ideias dos opositores é valioso!
Hoje o praticar o bem e ser solidário não é sinónimo de ser católico.
Quantos católicos praticantes conhecemos que todas as semanas vão "papar" missas e durante a semana exploram e humilham os seus semelhantes?
Entendem alguns que papando a hóstia, 3 Avé Marias e 2 Pais Nossos apagam as pulharias que fizeram durante a semana...

Vanda Pereira disse...

Vanda Pereira
Como é de conhecimento geral a igreja não ajuda o próximo tal como um dos mandamentos. Só ajudam eles proprios nunca vi um padre, um papa, um bispo ou uma freira a viverem na miséria. Deixa se esmolas para quê como que intuito pois eu respondo para encher os bolsos da igreja que julgam os pecadores mas são piores k eles. Já não é uma questão de crise é uma questão de consciencia porque a igreja viva às nossas custas. Basta o vaticano se jesus era pobre e humilde porque é que o papa anda com vestes que têm ouro e diamante pois é a imagem da igreja nao é como dizem. Bastairmos mais atras na historia em que a igreja pedia dinheiro à populaçao em troca de tirarem os pecados. Por isso a igreja nunca fale em solidariedade pk nao sabem o k isso é
(do Facebook)

Isis Gonçalves disse...

Isis Gonçalves O mundo inteiro precisa de mais caridade e solidariedade! Rezemos para isso! Das 23h às 23:05H estamos sendo convocados via internet para orarmos, seja em que religião for, pela paz no mundo! Participe!
(Facebook)

Vanda Pereira disse...

Vanda Pereira:o mundo precisa de consciencia e racionalidade pk as fantasias nao existem.
(Do Facebook)