De Isabel Faria |
. “Os rapazes dos tanques”, é um livro
de Adelino Gomes, texto, e Alfredo Cunha, fotografia, sobre aqueles que a 25 de
Abril de 1974, estiveram (ou foram enviados para estar) do outro lado, do lado
das tropas fiéis ao regime .
Ainda não li
o livro. Tenho lido as entrevistas e as reportagens que os jornais têm
publicado e, demoradamente, as palavras de José Alves Costa “o cabo apontador que chegou ao Terreiro
do Paço dentro de um blindado M47 para defender o regime de Marcelo Caetano”
e “desobedeceu às ordens de abrir fogo contra a coluna de Salgueiro Maia,
que descera de Santarém para ocupar o centro do poder e derrubar a ditadura.”,
conforme escreve o Público.
É a história de um homem que nunca cantou a Grândola,
que nunca comemorou o 25 de Abril, como ele diz, que confessa que chegou a
passar “um bocadinho de escravidão” e que afirma que a principal razão
para se ter recusado a disparar foi a cautela e o medo “– A gente
sabia o regime que tinha. Se calhava as coisas não correrem bem, a minha vida
podia ir para o maneta.”, declara na entrevista ao Público. Assim sendo…o
melhor era correrem bem. E correram.
Sem laivos de heroísmo,
sem grandes convicções, José Alves da Costa, foi um dos homens que nos permitiu
a madrugada porque todos esperávamos “o dia inicial inteiro e limpo”, de
que falava Sophia de Mello Breyner.
A vida não é só feita
de heróis. É também feita de homens e mulheres comuns, que por convicção, por
desespero, por revolta ou, apenas, por medo, um dia tomam o seu destino nas
suas mãos e mudam a sua história e a história de um país e de um Povo.
Deve ter sido isso
também que tentaram fazer os meninos desta magnifica foto do Alfredo Cunha, uma
das fotos que não foram escolhidas para o livro, agora editado.
Eramos nós há 40 anos
(Link para a reportagem do Publico sobre José Alves Costa)
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