O
dirigente histórico comunista Domingos Abrantes lamentou hoje a morte do
escritor e político Pedro Ramos de Almeida, afirmando que Portugal perdeu uma
"grande figura da luta antifascista e da luta pela institucionalização do
regime democrático".
Para
o dirigente comunista, Ramos de Almeida era um "intelectual de grande
craveira", considerando o seu desaparecimento aos 80 anos "uma grande
perda no terreno das letras e no terreno da luta antifascista".
Domingos
Abrantes lutou ao lado de Pedro Ramos de Almeida na luta contra o fascismo,
tendo sido um dos oito presos comunistas que se evadiu da prisão de Caxias em
1961.
À
agência Lusa, recordou o "amigo e camarada" com quem partilhou esta
luta: "Trabalhou comigo e com muitos outros camaradas na juventude, desde
1954, foi um destacado dirigente do MUD [Movimento de Unidade Democrática]
Juvenil, esteve preso, mas sempre com um comportamento digno".
"Teve
sempre uma atividade empenhada, não só na juventude, mas em toda a luta da
unidade antifascista", frisou.
No
plano internacional, Ramos de Almeida desempenhou "um grande papel no
desenvolvimento da solidariedade com os presos políticos e com o povo português
no tempo da ditadura fascista".
"Tem
um trabalho notável de denúncia do fascismo e do salazarismo, tem obras sobre
isso, que são ainda hoje indispensáveis para a compreensão e conhecimento do
que foi o salazarismo", sublinhou.
Segundo
o dirigente, foi uma pessoa "empenhada até ao fim e sempre muito
confiante": "Nos últimos tempos, tinha uma noção exata dos perigos
que a nossa democracia corre, até porque foi uma pessoa que conheceu bem os
processos do desenvolvimento do fascismo".
Por
outro lado, frisou, "também é um amigo, um camarada que naturalmente vemos
partir com mágoa, mas acho que cumpriu o seu papel e a liberdade conquistada no
25 de Abril tem uma parte da sua contribuição".
Pedro
Ramos de Almeida, escritor e ex-dirigente do PCP, morreu hoje, em Lisboa,
vítima de insuficiência respiratória, disse à agência Lusa fonte familiar.
Nascido
em Lisboa em 1932, licenciado em direito e lutador antifascista, foi dirigente
do PCP e viveu no exílio em Argel na década de 60 onde, como membro do PCP,
pertencia à Frente Patriótica de Libertação Nacional.
Nesses
anos, foi um dos responsáveis pela rádio Voz da Liberdade, que emitia para
Portugal a partir de Argel.
«Lusa»
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