Cerca de 80 por cento dos produtos hortofrutícolas disponíveis nas grandes
superfícies são produzidos em Portugal, segundo dados da Associação Portuguesa
de Empresas de Distribuição (APED).
A APED salienta que as empresas de distribuição trabalham com
mais de 8.000 agricultores e organizações setoriais, mas aponta ainda alguns
problemas ao setor, nomeadamente a disponibilidade de produtos nacionais durante
todo o ano decorrente da sazonalidade da produção.
Os distribuidores consideram também que é necessário que ambos
os setores melhorem a eficiência das suas estruturas para fazer face às
exigências do mercado e promover parcerias que garantam o escoamento com
continuidade de oferta ao consumidor.
De acordo com a APED, a escolha de parceiros nacionais tem
algumas vantagens: melhor conhecimento das preferências dos consumidores
portugueses, frescura dos produtos devido à logística dos transportes e menos
custos ambientais.
A produção e a distribuição têm mantido relações tensas que
pioraram em maio, devido às promoções de uma grande cadeia de hipermercados.
Na altura, os agricultores questionaram as elevadas margens da
distribuição e queixaram-se de estar a pagar os descontos oferecidos aos
clientes e a ministra da Agricultura admitiu ser necessário regular as relações
contratuais na cadeia alimentar.
O Governo criou no ano passado uma Plataforma de Acompanhamento
das Relações na Cadeia Agroalimentar (PARCA) que integra várias entidades
representativas desta cadeia, como os representantes da indústria (CIP), dos
agricultores (CAP e CNA) e da distribuição (APED).
No seu primeiro relatório, divulgado em maio, a PARCA concluiu
que "a produção agrícola não conseguiu fazer repercutir nos preços de venda o
grande aumento dos custos de produção, o que teve um impacto fortemente negativo
sobre as margens dos agricultores", já que o preço implícito no produto agrícola
teve uma diminuição real de 26 por cento entre 2005 e 2011.
A PARCA acrescenta que "as dificuldades dos agricultores em
repercutir nos respetivos preços de venda o grande aumento dos custos de
produção" condizem com a análise da Autoridade da Concorrência aos contratos
entre celebrados entre distribuidores e fornecedores e que revelam "um
desequilíbrio negocial entre as duas partes, com preponderância para os
primeiros".
«Lusa»
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