Enviado por: Victor Fernandes |
O período do programa de ajustamento da troika e do Governo é marcado por uma transferência de grandes proporções dos rendimentos do trabalho para os do capital, indicam dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) publicados esta semana. As famílias portuguesas estão mais capitalistas, por assim dizer.
De acordo com cálculos do Dinheiro Vivo à forma como evoluiu a distribuição do rendimento das famílias entre o segundo trimestre de 2011 e o terceiro trimestre deste ano (valores trimestrais, médias móveis de quatro meses), verifica-se uma quebra brutal do rendimento dos salários (menos 5,8 mil milhões de euros ou uma redução de 6,9%). Foi a única parcela do rendimento disponível bruto que caiu. O emagrecimento das remunerações pagas deve-se à compressão e aos cortes diretos nos salários e ao efeito da subida dodesemprego.
Ao mesmo tempo, as duas componentes relativas à remuneração do capital registaram aumentos assinaláveis durante os 14 trimestres do programa: os rendimentos de propriedade -- são, grosso modo, rendas de imobiliário, juros auferidos, ganhos em dividendos -- engordaram 3,5 mil milhões de euros (mais de 36%) e o excedente de exploração (que reflete a remuneração do factor capital em sentido estrito, o valor acrescentado) somou mais 860 milhões de euros (mais 2,8%).
E até foi batido um recorde. Os rendimentos de propriedade alcançaram o nível mais elevado da série longa do INE, que remonta a 1999: 13,2 mil milhões ou 10,6% do rendimento disponível no terceiro trimestre deste ano.
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