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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Alpiarça - A passo calmo com o cavalo Sorraia

A Reserva Natural do Cavalo Sorraia, em Alpiarça, é um espaço aberto que convida a desfrutar da natureza, enquanto responsáveis técnicos se encarregam de preservar aquele equídeo em vias de extinção. Dócil e versátil, o Sorraia é acarinhado em Alpiarça, a par de outros animais como cabras, porcos, galinhas. Um pequeno jardim zoológico na vila ribatejana.Ao sairmos do carro, percorridos pouco mais de 90 quilómetros a partir de Lisboa, recebe-nos um sossego apaziguante, deixando para trás o bulício citadino. A Reserva Natural do Cavalo Sorraia (RNCV) fica em Alpiarça e proporciona uma descoberta da natureza, com especial atenção para aquela espécie de equídeo em vias de extinção.No total estão registados no livro da raça 200 cavalos Sorraia. 

Na RNCV existem 20 espalhados por uma área de 36 hectares. Vivem aqui num estado quase selvagem. «Não é totalmente selvagem, porque há alturas do ano em que é necessário alimentá-los, por não haver pastagem, bem como são vacinados e alguns preparados para aulas de equitação e passeios», explica Pedro Ferreira, responsável técnico da reserva.O nome deste cavalo de pelagem parda, com dorso percorrido por uma lista, deve-se à sua descoberta na zona de Coruche.Neste concelho vizinho, no ano de 1920, o hipólogo Ruy d’Andrade, durante uma caçada no vale do rio Sorraia, deparou-se com manada destes cavalos que veio a baptizar com o mesmo nome do rio. O cavalo Sorraia é um equino primitivo da Península Ibérica. Existem pinturas rupestres, que representam, com pormenores, o Sorraia, nas grutas do Escoural, em Portugal, e La Pileta, em Espanha.O cavalo «rápido na corrida, resistente no trabalho», como descreveu Ruy d’Andrade, chegou a Alpiarça há dez anos quando, com o apoio da Fundação Alter, foram adquiridas algumas éguas deste animal que não mede mais de 1,45 metros, as fêmeas, e 1,48 metros, os machos.

«Começámos por adquirir quatro éguas e na última década o que temos feito é a preservação deste animal. Hoje temos 20 cabeças, entre machos e fêmeas. Este projecto do cavalo Sorraia neste espaço da Reserva Natural, pertencente ao município, nasce precisamente porque o cavalo está em vias de extinção», adianta Pedro Ferreira.Da explanada do restaurante Cavalo Sorraia, localizado no espaço da RNCV, é possível ouvir, vindo de longe, o relinchar dos animais. Frente ao restaurante está o picadeiro, onde duas crianças montam, elegantes, o cavalo. Este é um espaço de ensino, aqui dão-se aulas de equitação.O amplo espaço da RNCV está aberto ao público que pode simplesmente passear pelo espaço, desfrutando da flora, de lagos, e observando outros animais que aos poucos se foram reunindo. Há cabras, pavões, porcos, galinhas.O deambular pela reserva, escutando apenas os animais, o ressoar das folhas com o vento, os passos nos caminhos de terra batida, permite ainda espreitar a estufa municipal de flores. 

Aqui sepreparam as plantas que vão ornamentar os jardins da vila de Alpiarça.Não muito longe está a pista de obstáculos para testar o cavalo de forma mais desportiva. «Temos também uma posta de atrelagem», adianta Pedro Ferreira. «Em breve, teremos parque de merendas e um parque infantil», acrescentou o responsável.Recente é também a escola de cães, um espaço preparado para treinar e educar os cães, bem como dar dicas aos donos sobre como lidar com os seus animais.Num dos caminhos, cruzamo-nos com as duas crianças que estavam no picadeiro. Deixaram o espaço fechado e andam a passo calmo pela RNCV. Observamos de perto a cabeça rectangular do Sorraia. Os olhos expressivos e as orelhas sobre o comprido.A juntar à lista de mulo, a crina do Sorraia, é outra das curiosidades deste animal. A crina é farta e bicolor, tem cerdas escuras na linha do meio e da cor do corpo na parte mais externa conferindo-lhe uma beleza singular.


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