Lisboa é
o distrito com maior diferença de preços no transporte de doentes não urgentes
sem credencial do médico de família, revela um estudo da TESTE SAÚDE.
A equipa daquela revista de
consumidores vestiu a pele de um utente e pediu orçamentos telefónicos para o
transporte de um doente não urgente com acompanhante. Tratava-se de um percurso
de 50 km, com duas horas de espera. No distrito de Lisboa, registou-se uma
diferença de mais de 200 euros entre o valor apresentado pelos Bombeiros
Voluntários de Moita Ferreiros, na Lourinhã (43 euros) e o indicado pelos
Bombeiros Voluntários de Odivelas (250 euros). A menor variação ocorreu no
distrito de Viseu, onde a viagem custa entre 50 euros (Ambulâncias Viriato) e
70 euros (Bombeiros Voluntários de Viseu).
O estudo, que também incluiu um
inquérito por escrito, mostra não haver diferença na média de preços praticada
por bombeiros e privados para a generalidade dos consumidores.
Não existem critérios legais para
o cálculo dos custos do transporte, pelo que cada um inclui as parcelas que
entende.
A
cobrança ao quilómetro é a única constante em todas a entidades que responderam
à TESTE SAÚDE. Os valores indicados oscilam entre 40 cêntimos e 2 euros, embora
o mais frequente seja 51 cêntimos por quilómetro.
Évora e Setúbal são os distritos
com a média de preços mais elevada (79 e 75 cêntimos por quilómetro). Do lado
oposto surgem Castelo Branco e Guarda, com 49 cêntimos. A Cruz Vermelha pede 55
cêntimos em viagens superiores a 25 quilómetros; nas mais curtas, cobra taxa de
saída: 35 ou 37,50 euros, para
doentes
sentados e acamados, respetivamente.
Esta taxa também entra na conta
de 23 corporações de bombeiros (das 88 que responderam) e de 20 operadores
privados (das 84 que responderam). Os valores oscilam entre 7,50 euros e 30
euros.
O período em que a ambulância
está parada a aguardar pelo doente, em geral, também é pago. O mais comum é
receberem 5 euros por cada hora, com a primeira grátis. Porém, o preço varia
entre 2 e 30 euros.
Se o paciente precisar de
oxigénio, a maioria cobra 10 euros à hora pela aplicação. O acompanhante quase
sempre pode seguir “à boleia”, mas há entidades a considerar que a sua presença
vale entre 10% e 20% da fatura.
A falta de critérios para o
cálculo dos custos de transportes dificulta a comparação de preços pelos
consumidores. Por isso, a DECO pede a fixação de métodos de cálculo dos custos de
transporte, definindo as parcelas que podem ser contabilizadas e o seu
significado. Os valores a cobrar deverão ser definidos pelos prestadores e
publicados em locais acessíveis.
No atual quadro legal, só as
ambulâncias podem transportar doentes não urgentes. O veículo simples de
transporte, previsto há anos, foi suspenso pelo Governo até 2015, para
atualizar o regulamento. Este veículo pode ter vantagens para os doentes, pelo
que urge enquadrar legalmente a sua utilização.
«DECO»
Sem comentários:
Enviar um comentário