Vasco Pulido Valente escreve hoje, na sua coluna de opinião no jornal Público, que não compreende a “gente” que “anda por aí preocupada” com o facto de “a redução das pensões dos reformados” da Função Pública poder vir a “abalar a confiança no Estado” quando, relembra, o Estado “nunca inspirou qualquer respeito”. Porque “o buraco não é só financeiro” mas “também dos ‘negócios’ do Estado”, o escritor considera que “há por aí grandes cemitérios de escândalos à espera que a miséria os desenterre".
No habitual artigo de opinião que assina no jornal Público, o escritor e comentador político Vasco Pulido Valente escreve este domingo sobre a preocupação de alguma “gente” que “anda por aí” sobre “a redução das pensões aos reformados do funcionalismo público” que, pensa essa “gente” pode “reduzir e abalar a confiança no Estado”.
Na opinião do escritor “isto não se compreende”. E porquê? Porque “até há pouco tempo o Estado só aparecia ao cidadão comum por três razões: para lhe tirar dinheiro, para o meter na tropa ou, mais raramente, para o prender”. Portanto, concluiu Vasco Pulido Valente, o Estado “nunca inspirou qualquer respeito e era universalmente detestado”.
Recuando aos tempos da monarquia, regime em que “o rei ainda inspirava alguma deferência”, o escritor refere que com “o liberalismo as coisas pioraram”: “O rei já não encarnava o Estado e já não oferecia sombra de protecção à turba tumultuária”. E, acrescenta, “esta atitude não mudou com a República e a Ditadura”.
“Depois do 25 de Abril, algumas pessoas (…) pensaram que o Estado ia finalmente deixar de ser um ‘covil de ladrões”, o que não passou, na opinião de Vasco Pulido Valente, de um “erro crasso”.
“Os jornais de hoje revelam escândalo sobre escândalo, que”, sublinha “na generalidade envolvem o Estado ou antigos dirigentes do Estado. Do BPN ao desaparecimento de dossiês, a pingadeira não pára”, afirma o escritor, sustentando que “previsivelmente não vai parar”.
Vasco Pulido Valente refere, por isso, que Portugal tem não só um “buraco financeiro” mas também “um buraco dos ‘negócios’ do Estado (…)” que vai de Norte a Sul do País. “Há por aí”, portanto, acrescenta, “grandes cemitérios de escândalos à espera que a miséria e o desespero do País se transformem em raiva e os desenterre”.
«NM»
Sem comentários:
Enviar um comentário