Por: Octávio Augusto |
Em plena pré-campanha para as Presidenciais de 1996, nas quais Jerónimo de
Sousa se candidatou pela primeira vez, eu era o responsável pelo Departamento
de Propaganda do PCP.
Nessa campanha introduzimos um conjunto de novos equipamentos de áudio e
vídeo de suporte e apoio às iniciativas onde participava o candidato. Criámos
igualmente uma equipa técnica de apoio, toda ela muito jovem e com pouca
experiência nestas andanças.
Esse material e essa equipa teriam a sua estreia em Alpiarça.
Resolvi, acompanhado de mais dois camaradas do Departamento de Propaganda e
de uma camarada que estava a trabalhar em Lisboa, mas que era Alpiarcense,
pôr-me ao caminho e dar um pulo a Alpiarça. Assim veria com os meus olhos como
as coisas iriam decorrer. (Ainda hoje mantenho este vício de procurar estar
onde as coisas acontecem e conhecer aquilo que a natureza das minhas tarefas
partidárias determina que deva conhecer em pormenor. Há quem lhe chame
controlo… Eu chamo-lhe conhecimento e/ou contacto com a realidade).
A equipa e o material portaram-se lindamente.
A sessão com Jerónimo de Sousa no salão da sede do PCP, que estava a
rebentar pelas costuras, não podia ter corrido melhor. Muito bom ambiente,
elevada compreensão por parte dos presentes relativamente ao que estava em
causa nestas eleições. Fiquei impressionado. Com o ambiente, com as pessoas.
Voltei a Alpiarça no dia 25 de Maio de 2007 para participar na reunião da
Direcção Regional do PCP e a partir dessa data, assumir a responsabilidade pela
organização partidária no distrito de Santarém.
Entrei em Alpiarça, vejo o Largo dos Águias, paro um pouco mais à frente.
Já não tinha a certeza de qual era a rua que me levava à sede do PCP. Abro o
vidro e pergunto a uma jovem – não tinha mais de 15 anos – qual era a rua onde
ficava a sede do PCP…
PCP? Não estou a ver… aqui em Alpiarça? Não… aquela ali é a rua do Partido,
agora do PCP não sei!..
Tive naquele momento a confirmação de que o meu Partido, “O Partido”,
estava profundamente enraizado nesta Terra e que essa realidade passava de
geração em geração.
Começou a ganhar forma a minha “paixão” por Alpiarça, pelas suas gentes,
pelos seus hábitos e costumes.
Fiz a minha estreia na miga fervida, no borrego à moda de Alpiarça e
noutras iguarias e fiquei a saber que por aqui também se produzem tintos de
alto gabarito e não apenas os famosos brancos, esses já meus conhecidos de
outras andanças. Percebi que o melão de “Almeirim” afinal era de Alpiarça.