Por: Isabel Faria |
Creio que nunca me abstive numas eleições.
Já votei em branco. Já votei convictamente. Já votei pelo mal menor. Já votei
”útil”. Já engoli sapos e outros bicharocos, igualmente indigestos e mal
cheirosos. Sempre votei à Esquerda, apesar de algumas vezes não, seguramente,
na “minha” Esquerda.
Não consigo
entender a abstenção como voto de protesto, porque para o ser teria que ser
eficaz no protesto e não é.
Respeito
quem me diz que não vota porque não acredita mais que de eleições possam sair
respostas para a situação social dramática em que nos encontramos, mas não
respeito nada quem o faz por inércia, por indiferença, porque são todos iguais
(quando todos sabemos que não são todos iguais!).
Aos primeiros peço-lhes que me ajudem, então, a encontrar o caminho certo.
A luta justa, Ou as formas eficazes de lutar. Dos segundos quero distância. Não
tenho nem tempo nem paciência para as lágrimas de crocodilo de quem nada faz,
das vítimas eternas de tudo e de todos, dos indiferentes militantes e
empedernidos.
A Europa está longe, esta Europa
trouxe-nos aqui e cada vez duvido mais que haja outra que não esta, mas sei que
o resultado das Eleições do próximo Domingo, mais do que questionar ou
caucionar essa Europa, terá sempre leituras nacionais. E, no dia 25 quero
derrotar a Direita no Poder e mostrar que a austeridade, mesmo a fofinha, as
abstenções violentas e as portas semiabertas à Direita, não são a resposta.
Domingo
votarei à Esquerda e na Esquerda.
Em nome do
enorme afecto que lhe tenho, do grande respeito que tenho pelo trabalho que
desenvolveu no Parlamento Europeu, em circunstâncias particularmente penosas e
dramáticas, em nome das batalhas que travei, mesmo daquelas em que saí
derrotada (e foram tantas!), em nome da memória de uma campanha inteira feita
de entrega e de partilha, a das Europeias de 2009, com o Miguel Portas,
seguindo o coração, talvez mais do que a razão, com divergências e diferenças,
mas, assumidamente, no próximo Domingo votarei Marisa Matias e
Bloco de Esquerda.
Meus
companheiros nesta luta, mesmo não votando como eu, serão todos aqueles que
votarem contra a austeridade, a mentira e a ocupação. Contra o desemprego e a
fome.
Pela dignidade
dos trabalhadores e do trabalho. Pelo fim dos lucros imorais, da corrupção, da
incompetência e da impunidade. Pela defesa de uma Europa dos povos e não dos
bancos.
No dia 25, levarei comigo, para a mesa de
voto, a promessa antiga de que faremos um País Novo. E a certeza de que para
isso, são precisos todos os que ainda não cruzaram os braços.
As eleições
são, apenas, mais uma batalha a juntar às batalhas de todos os dias. No dia 26
o País não mudará seja qual for o resultado. Mas no dia 26, a força e a
esperança de que seremos capazes de o fazer, de que ainda vamos a tempo de
fazer um País para os nossos filhos, sairá fortalecida ou, mais uma vez,
adiada.
Cabe-nos a nós decidir.
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