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sábado, 15 de março de 2014

Crónica de maldizer – As Brigadas Municipais das Tampas’

Como assenta como uma luva à nossa e outras autarquias, transcrevemos do semanário ‘O Ribatejo’  a crónica ‘As Brigadas Municipais das Tampas’


 Com saltos e ressaltos e alguns sobressaltos todos nos vamos dando conta do não cumprimento pelas Câmaras Municipais das suas obrigações de manterem as tampas dos esgotos no mesmo nível ou plano dos pavimentos das ruas e das estradas.
A questão não é de somenos, porque os automóveis tropeçam nos buracos resultantes dos afundamentos das tampas dos esgotos e pum: pneus cortados, suspensões degradadas, parafusos desapertados, etc., etc., além dos riscos de acidente quando o condutor se desvia dos buracos dos esgotos.
E, sem saltos nem ressaltos, mas com muitos sobressaltos, porque nós é que pagamos tudo, todos fomos assistindo ao constante aumento dos funcionários camarários. Com as liberdades de nomeação de adjuntos, consultores e assessores com que os dos Partidos pagam votos, ajudas e favores logo que conquistam o poder, e com a rotação cíclica dos Partidos no poder, tá-se a ver: de cada vez que muda o partido no poder temos danças e contradanças de assessores e consultores e doutros estupores e novas contratações de servidores camarários, que os outros já fizeram o mesmo e não são mais do que nós ora essa! Assim se chegou à duplicação e quadruplicação, quase decuplicação nalguns casos, do número dos servidores que os municípios tinham há 40 anos, que os outros até meteram mais, e ou há moralidade ou comem todos.
Como não há moralidade, comem todos.
Com os buracos que todos conhecemos e com os constantes aumentos do pessoal das Câmaras só tem que fazer-se um raciocínio lógico, sobretudo se se ponderar que frequentemente vemostrabalhadores municipais a descansarem nas horas de serviço (sem que possam ser censurados por isso, porque eles não têm mesmo nada para fazer). E, raciocinando, conclui-se que será de gran proveito para a comunidade que as Câmaras Municipais tratem de criar brigadas de trabalhadores que corrijam os desníveis entre as tampas de saneamento e o pavimento das ruas. Com a vocação que as Câmaras têm para criarem Divisões, poderão chamar ao novo serviço Divisão das Tampas, que terá, claro, Director e Zelador das Tampas e os trabalhadores necessários para se levantarem as tampas de esgoto que se afundaram – para o que se fornecerá ao Zelador das Tampas um automóvel utilitário (e um de gama média ou alta para o Director), para o Zelador ver todos os meses o estado dos buracos. Antes de começar o novo serviço devem dar-se duas semanas de formação aos acertadores das tampas. Deverá também criar-se um Regulamento do Nivelamento das Tampas de Saneamento,redigido pelos serviços jurídicos das Câmaras, com a colaboração democrática dos niveladores das tampas, porque serão os que estarão mais preparados para darem dicas sobre os processos mais rápidos e menos dispendiosos de pôr as tampas no nível dos pavimentos – devendo, porém, recusar-se soluções radicais, mesmo que inovadoras. Por muito que nos seduza a inovação, grande moda agora dos nossos políticos, não serão de acatar sugestões no género de se nivelar sem se mexer nas tampas, afundando-se os pavimentos em vez de levantar as tampas. Pode ficar mais caro, além de se criar um ressalto pior do que o buraco que se eliminou.
Pede-se depois um parecer ao consultor jurídico avençado. De seguida apresenta-se o Regulamento à Assembleia Municipal, precedido dum preâmbulo que esclareça os Senhores Deputados Municipais sobre os benefícios da nova Divisão das Tampas.
Eurico Heitor Consciência

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