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segunda-feira, 31 de março de 2014

OPINIÃO: Afinal, depois de tantos actores principais já conhecidos, ainda ... havia outro

Por: Anabela Melão
Disse Barroso na entrevista ao Expresso: «(…) eu quando era primeiro-ministro chamei três vezes o Vítor Constâncio a São Bento para saber se aquilo que se dizia do BPN era verdade.» - «o que se dizia» sobre o BPN no tempo em que ele era primeiro-ministro? Barroso esteve em São Bento entre Março de 2002 e Junho de 2004. Ao tempo, ninguém suspeitava da existência da Banco Insular ou do Banco Virtual, ou de todos os aspectos que, em 2008, se tornaram públicos como a maior fraude político-financeira em Portugal. O que se dizia, ao tempo, à boca cheia era que o BPN servia para financiar o PSD. João Semedo, nos finais de 2012, afirmou na Assembleia da República: «Tenho fortes razões para admitir que alguns daqueles muitos e muitos milhões que circularam entre o BPN e a sua clientela favorita, alguns desses milhões alimentaram candidatos e alimentaram partidos» e «O partido que estava mais próximo dessa realidade, por via dos seus antigos ministros, era o PSD, era a isso que eu me estava a referir». Vai daí Barroso, supostamente arvorado em inquisidor-mor, diz ter chamado o governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, a São Bento para lhe perguntar se aquilo que se dizia [que o seu partido estava a ser financiado ilegalmente pelo BPN] era mesmo verdade verdadinha ou apenas a resposta ao mais secreto dos seus sonhos. E alguns parvos convencem-se que Constâncio terá respondido que não, que o BPN era uma virgem apanhada a visitar o bordel sem qualquer nota de culpa! Outros, ainda mais parvos, acreditam que o BPN era o guardião da gruta de Ali Bábá e que os ladrões eram a nata laranja. Ora, o "guardião" da gruta tem nome e os menos que 40 estão perfeitamente identificados, pelo que não há aqui qualquer adivinha, a não ser a da razão por que o processo ficou em águas de bacalhau na autêntica caldeirada que é a panela [e respectiva paneleiragem - é assim que se chama a quem faz panelas, certo?!] da impostora justiça portuguesa. Barroso, falando agora, só revela não ter estado à margem de toda esta salgalhada. Afinal, depois de tantos actores principais já conhecidos, ainda ... havia outro. 

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