Serralheiros, canalizadores e torneiros mecânicos podem conseguir ordenados
mais altos do que arquitetos ou advogados. Basta visitar o portal do Instituto
de Emprego e Formação Profissional (IEFP) e consultar as cerca de três mil
ofertas de emprego disponíveis em Portugal para verificar que um torneiro
mecânico, em Alcobaça, um serralheiro mecânico em Pombal ou um montador de
tubagens em Valença tem um salário proposto de 800 euros enquanto a um
engenheiro mecânico, em Lousada, são oferecidos 600 euros. E tem de saber três
línguas: inglês, francês e espanhol.
Diferenças salariais "frustrantes" para jovens licenciados e à procura de
emprego. "Não é por ver os outros a ganhar mais. São trabalhadores técnicos
qualificados, devem ser remunerados por isso.
Por 750 euros, encontra vaga no site
'netemprego' para um eletricista em Coruche, sendo-lhe exigido, apenas, o 4º ano
de escolaridade. Um operário do fabrico de rolhas ou um canalizador, em Santa
Maria da Feira, poderão receber 700 euros. O mesmo salário que é oferecido a
engenheiros civis, em Faro e Lisboa, com a obrigação de falarem inglês
fluentemente.
O ordenado mínimo nacional, 485 euros, é a oferta para um engenheiro
agrónomo, em Trancoso, o mesmo proposto a um trabalhador agrícola para a apanha
do tomate, em Mora, no Alentejo, e quase metade dos 834 euros oferecidos a um
tratorista agrícola, em Viana do Castelo. No setor agrícola destacam-se os 1500
euros oferecidos a um casal que queira ser feitor/caseiro numa quinta da
Covilhã.
«DV»
1 comentário:
Há poucos dias em conversa com cidadãos estrangeiros foi-me dito que não conhecem País com tanto formalismo e gravatas como em Portugal, na maioria das vezes sem nada que o justifique.
Criou-se a ideia de que uma licenciatura, que mais não é que uma especialização ACADÉMICA (realço isto por ser muito importante) era sinónimo de um emprego no ar condicionado.
No artigo o jornalista admira-se que um serralheiro ou um montador de tubagens tenha um salário superior a um engenheiro mecânico recém formado.
O jornalista ou vive noutro mundo, ou não faz a mínima ideia que para poder pagar um salário é necessário que haja geração de riqueza.
Aí, as duas profissões referidas ganham por goleada ao engenheiro recém formado.
Mas ainda acrescentaria outro dado importante.
No passado víamos homens com o velhinho curso Industrial que chefiavam departamentos de empresas que exportava tecnologia de ponta e com isso aportava receitas para as suas empresas e consequentemente para o País.
Quantos destes homens eram os verdadeiros motores da riqueza que a Lisnave, Setenave, Sorefame e muitas outras, criava?
Depois, havia também engenheiros que tinham "tarimbado" e que eram traves mestras dessas empresas. Engenheiros de meia idade para cima e que já tinham visto muita água correr debaixo das pontes...
Mas também havia engenheiros jovens a começar a aprender os segredos do ofício além da parte académica.
Se perguntarem a um engenheiro recém formado como se solda um determinado metal, em teoria ele saberá quase tudo, e até coisas que nem precisaria saber.
No entanto, quando é preciso soldar uma peça e ela mais tarde não partir, ai entra a experiência e o saber acumulado de milhares de experiências que o soldador executou.
Há que dar lugar aos jovens, mas à maioria não lhes faria mal experimentar começar por baixo, conhecer o que é um ambiente operário, as manhas, os truques, a forma de agir do pessoal da "ferrugem".
Mais tarde esses conhecimentos serão importantes e vitais na direcção de equipas que venham a coordenar.
Não tenho dúvidas que no futuro o fato macaco irá substituir a gravata...
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