Notabilizou-se
nas quatro últimas décadas pelos programas televisivos sobre História. Os
portugueses conheciam-lhe os gestos, a voz, a sabedoria. José Hermano Saraiva,
o homem que se confunde com a História, faleceu hoje aos 92 anos. O historiador José Hermano Saraiva
morreu hoje de manhã, confirmou à agência Lusa o assistente do produtor do
programa da Videofono feito pelo académico de 93 anos.
Carlos Manuel disse à Lusa que o produtor José Manuel Crespo foi hoje informado por um familiar de José Hermano Saraiva que o historiador tinha morrido hoje em casa, no distrito de Setúbal. No 10 de junho deste ano, o historiador foi condecorado pelo Presidente da República com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, distinção que foi recebida pelo filho.
Em 2010, a Academia
Portuguesa da História (APH) distinguiu José Hermano Saraiva como “grande
divulgador” da História de Portugal e elegeu-o académico de mérito. O
historiador foi ainda distinguido com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública,
a Grã-Cruz da Ordem do Mérito do Trabalho, a Comenda da Ordem de N. S. da
Conceição de Vila Viçosa e a Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco (Brasil).
Admirado por muitos, José
Hermano Saraiva foi também alvo de algumas críticas por ser um assumido
"salazarista". Ainda hoje recaem sobre ele acusações de que terá dado
ordens à PIDE para carregar sobre estudantes enquanto ministro da educação do
Estado Novo.
Nas reacções à sua morte, destaca-se o
"cativante divulgador" da História Portuguesa, nas palavras de Cavaco
Silva, um homem "curioso e comunicador", nas de Jorge Wemans, diretor
da RTP2, que deixou um contributo inestimável ao país.
O historiador nasceu em Leiria,
em a 3 de outubro de 1919, fez as licenciaturas em Ciências
Histórico-Filosóficas (1941) e em Ciências Jurídicas (1942), consagrando-se
desde então ao ensino e à advocacia.
Exerceu as funções de professor liceal, director do Instituto de Assistência aos menores, Reitor do Liceu D. João de Castro, deputado à Assembleia Nacional, procurador à Câmara Corporativa, professor do Instituto de ciências sociais, políticas e ultramarinas da Universidade Técnica de Lisboa, ministro da Educação Nacional e embaixador de Portugal no Brasil, cargo de que solicitou a exoneração em 29 de Abril de 1974.
Exerceu as funções de professor liceal, director do Instituto de Assistência aos menores, Reitor do Liceu D. João de Castro, deputado à Assembleia Nacional, procurador à Câmara Corporativa, professor do Instituto de ciências sociais, políticas e ultramarinas da Universidade Técnica de Lisboa, ministro da Educação Nacional e embaixador de Portugal no Brasil, cargo de que solicitou a exoneração em 29 de Abril de 1974.
"Foi aqui..."
Foi através do ecrã que
José Hermano Saraiva chegou ao grande público, notabilizando-se nas quatro
últimas décadas através de programas televisivos sobre História.
Na vida pública, entre
outros cargos que exerceu antes do 25 de abril de 1974, como o de diretor do
Instituto de Assistência aos Menores, foi ministro da Educação entre 1968 e
1970, qualidade na qual inaugurou a Biblioteca Nacional de Portugal.
Tendo sido substituído por
Veiga Simão na pasta da Educação, após a crise académica de 1969, foi designado
embaixador de Portugal em Brasília, em 1972.
Foi ainda deputado à
Assembleia Nacional e procurador à Câmara Corporativa.
A colaboração com a RTP
começou na década de 1970 com o programa “O tempo e a alma”. Foi ainda autor e
apresentador de “Histórias que o tempo apagou”, “Horizontes da Memória” e “A
Alma e a Gente”.
Um dos seus livros mais
conhecidos é a “História concisa de Portugal” já na 25.ª edição, com um total
de cerca de 180 mil exemplares vendidos. Editado pela primeira vez em 1978,
este título foi já traduzido em espanhol, italiano, alemão, búlgaro e chinês.
José Hermano Saraiva
dirigiu também uma outra História de Portugal em seis volumes, editada em 1981
pelas edições Alfa.
Na área da História, José
Hermano Saraiva tem publicados cerca de 20 títulos, entre eles “Uma carta do
Infante D. Henrique”, “O tempo e alma”, “Portugal – Os últimos 100 anos”, “Vida
ignorada de Camões”, ou “Ditos portugueses dignos de memória”.
Na área da jurisprudência
editou sete títulos, nomeadamente “A revisão constitucional e a eleição do
Chefe do Estado”, “Non-self-governing territories and The United Nation
Charter”, e “Apostilha crítica ao projecto do Código Civil”, tendo ainda
publicado cinco títulos na área da pedagogia.
José Hermano Saraiva
apresentou à APH várias orações académicas, tendo sido publicadas sete, a mais
recente em 1988, intitulada “A crise geral e a Aljubarrota de Froyssar”.
Além da APH, José Hermano Saraiva
era também membro das academias das Ciências de Lisboa, de Marinha e do
Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.
«Lusa
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