A crise que assolou o país nos últimos anos levou muitos portugueses a recorrerem à ajuda do Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado da Deco. O desemprego era a principal causa do pedido de ajuda, mas a tendência está a mudar e agora são os cortes nos salários e nas pensões que estão na origem do “desespero”, escreve o Jornal de Notícias.
Se no início da crise eram apenas os desempregados que recorriam à Deco em busca de uma solução para liquidarem as suas dívidas, agora o panorama está diferente.
De acordo com o Jornal de Notícias, que teve acesso ao boletim estatístico do Gabinete do Sobre-endividado (GAS) da Deco, são os pensionistas e os funcionários públicos os novos ‘clientes da casa’. Em causa, os cortes nos salários e nas pensões.
“As famílias estão numa situação financeira mais débil e já não conseguem reestruturar as suas dívidas devido à ausência quase total de rendimentos”, disse ao JN Natália Nunes, responsável do GAS.
Segundo o boletim estatístico em causa, a maioria dos sobre-endividados que recorrem à Deco ainda são os trabalhadores do setor privado (33,6%) e os desempregados (30,4%). Contudo, tem vindo a crescer significativamente o número de reformados e funcionários públicos a pedir ajuda.
Se no ano passado a Deco os reformados representavam 11,6% dos pedidos de ajuda, este ano o número aumentou para 15%. Entre os funcionários públicos a subida é mais modesta (de 15,6% para 16,1%), no entanto espelha uma tendência que não deixa de ser preocupante.
Este crescimento é explicado por Natália Nunes como consequência dos “cortes salariais e da falta de perspetiva de voltarem a ter o mesmo rendimento que tinham antes”.
Esta situação, sublinha, “está a causar um grande desespero e a levar as pessoas a perceber que têm de pedir ajuda”.
Só nos primeiros seis meses do ano a Deco, e mais precisamente o GAS, recebeu mais de 17 mil pedidos de ajuda.
«NM»
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