.

.

.

.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

O capitalismo é uma máquina trituradora


O capitalismo é uma máquina trituradora, sem capacidade para garantir um mundo mais justo para as pessoas.

A falência do sistema financeiro significa a derrota do neo-capitalismo e a conclusão de que as sociedades contemporâneas não têm futuro se geridas deste modo? Pelo menos traz à evidência que a redistribuição do produto não é feita da forma mais justa. É um sistema que tem permitido que as assimetrias sejam cada vez maiores, com o aumento dos muito ricos e os restantes cada vez mais pobres.
Creia que esta é a evidência que os dados recentes nos trazem, o capitalismo como máquina trituradora e sem capacidade de garantir um mundo mais justo e igual para as pessoas, onde meia-dúzia de pessoas têm o controlo financeiro deste mundo e podem ditar as leis que bem entendem, já que o poder político deixa de ter capacidade para impor as ideias das pessoas.
Falência do sistema financeiro, alterações climáticas relevantes, início do fim da era dos combustíveis fósseis, escassez de recursos vitais como a água e emprego em queda vertiginosa por todo o mundo. O que é que espera a humanidade neste século XXI?
A humanidade e concretamente a classe política terão que saber ultrapassar as dificuldades que se apresentam nesta época da história. Este mundo capitalista e neoliberal não tem limites e torna-se necessário que a curto prazo se invertam estas tendências, que deixe de haver uma classe financeira dominante que coloque em causa o futuro deste nosso planeta.
Uma vez mais tudo passa pelo sistema capitalista, pelo modo como se organiza e como fica refém de si próprio, pondo em causa até o futuro da própria humanidade.
Que importância tem para o mundo a eleição de Barack Obama para presidente da América?Barack Obama aparece a seguir a um período bastante difícil e aparece também como uma luz de esperança.
Não coloco em causa as boas intenções que Obama possa ter, mas creio que ele está também subjugado por este mundo financeiro que se orienta desta forma, e creio que o espaço que ele tem para inverter as políticas é um espaço muito fechado.
Infelizmente, não creio que seja com Barack Obama que vamos ver grandes alterações neste nosso mundo; os Estados Unidos vão continuar na condição de potência imperialista e a trilhar o percurso que fizeram até aqui.Processos como o Apito Dourado, Casa Pia ou Fátima Felgueiras dão a sensação que o nosso sistema judicial não é capaz de dar como provada a culpa de pessoas poderosas ou com recurso a meios financeiros?
Claramente. O maior inimigo da democracia é a falência do sistema judicial, e é a isso que nós temos vindo a assistir. Situações como a de Fátima Felgueiras, cuja postura e actuação já toda a opinião pública percebeu, mas que depois aparece neste clima de impunidade inaceitável, ou do próprio Apito Dourado, cujos contornos se percebem quando vemos o conteúdo das escutas telefónicas transcrito nos jornais mas depois vemos o sistema judicial que não valida o conteúdo dessas mesmas escutas.
Naturalmente que isto cria perante o cidadão uma grande apreensão, e torna-se necessário que o sistema judicial encontre, também ele, um caminho diferente, essencial para o garante da democracia. Sem justiça não há democracia.O
presidente da República da Islândia mandou as suas gentes voltarem à actividade pesqueira no âmbito da gravíssima crise financeira em que o país mergulhou. Acha que o Homem está prestes a voltar às actividades do sector primário?Eu junto a essa situação a realidade nacional, aquilo que tem a ver com as reformas da PAC [Política Agrícola Comum], e vejo que hoje já começamos a ter sinais de que as pessoas começam a voltar para a agricultura, muita gente até para enfrentar as dificuldades que a vida lhe coloca.
Parece-me que é algo que pode vir a acontecer se não houver uma grande inversão na forma como o mundo caminha e está orientado.
Carlos Coutinho, Vice-Presidente da C.M.Benavente

Sem comentários: