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sábado, 7 de junho de 2014

PELOS VALORES

Joaquim Luís Rosa do Céu
Em 2011 O Partido Socialista perdeu eleições legislativas e os portugueses elegeram uma maioria cuja prática política está hoje completamente desacreditada .O PS era, então, dirigido por José Sócrates que, na sequência da derrota eleitoral, se demitiu. O PS teve, então, que avançar para a realização de eleições para a escolha de novo secretário-geral.
Na altura, como é sabido, a maioria que dirigia o partido, a começar por José Sócrates, elegia António Costa como o candidato natural dessa área. António Costa não aceitou e foi Francisco Assis que avançou, com o apoio de Costa e de todos os dirigentes que mais próximo estavam de José Sócrates.
O resultado das eleições ditou uma opção maioritária por António José Seguro e, desde logo, o candidato derrotado, no estrito respeito pela enorme coerência e elevação que os socialistas e o País lhe reconhecem, disse que as eleições internas tinham acabado e que, no respeito pela vontade dos militantes, ele iria estar na primeira linha de combate para auxiliar o PS a erguer-se do descalabro eleitoral e contribuir, assim, para a recuperação do prestigio do partido.
Passaram 3 anos. Durante este período o País foi fustigado por uma prática política que, como é hoje sobejamente reconhecido, prosseguia objectivos ideológicos e não o mero cumprimento de regras de uma concessão de crédito ao País. Durante estes três anos o PS recompôs-se, contou com o contributo dos que estavam disponíveis para dar a cara pelo combate, denunciou a praxis de um maioria mais troikista que a troika, apresentou as suas propostas, recuperou gradualmente a credibilidade junto dos portugueses e, em concreto, ganhou dois actos eleitorais, um deles com a maior maioria de sempre.
Foi um percurso de grande exigência e todos sabemos que tais caminhos são sempre menos difíceis quando contam com o trabalho e a abnegação de todos .
E, no intimo de cada um de nós, terá sido assim? O PS contou com a o trabalho e com a energia de todos ou, pelo contrário, passou estes três anos sempre à espera do próximo “tiro” vindo de dentro?
Cada um que responda em consciência.
O PS é um partido de livre exercício das opções, embora devendo respeitar-se e cumprir-se a matriz ideológica de onde emerge . Ao longo da sua história tiveram lugar combates que sempre respeitaram os valores fundadores do partido. Pela primeira vez o PS vive a particularidade de estar a discutir um líder que ganha.
O momento presente, na sua exploração da opinião publicada e no “dramatismo” das opções, tem alguma equivalência com o que se verificou em 1991, altura em que Jorge Sampaio e António Guterres se enfrentaram, e que possibilitou, três anos depois, o regresso do PS ao poder, ainda que com maioria relativa. Em 1991, após uma vitória por maioria absoluta do PSD, e com o PS a ficar-se pelos 29%, Guterres avançou. Fê-lo, numa reunião da comissão nacional e não num qualquer acto mais ou menos oficial, no estrito cumprimento das regras partidárias e no respeito das normas de relacionamento entre camaradas.
E porque um partido também não pode viver e crescer sem respeito pela memória, vale a pena recordar o que , perante o anúncio de candidatura feito de forma frontal e elevada por António Guterres, foi dito , por António Costa, então secretário-coordenador da FAUL.
Em entrevista ao semanário “ O Jornal” aponta razões para apoiar Jorge Sampaio: “ acho essencial para o relançamento do PS que o partido não desperdice o capital político conquistado nos últimos anos. Em segundo lugar porque entendo que nada exige que se proceda à alteração da liderança. “ E , mais à frente : “ Foi com Jorge Sampaio como líder que o PS subiu nas europeias e ganhou nas autárquicas”.
É verdade foi assim mesmo. Não se muda um líder que sobe nas europeias e ganha as autárquicas. Mais à frente nessa mesma entrevista António Costa refere que Jorge Sampaio é o candidato mais bem colocado para ganhar o “centro”. Seria bom saber o que sobre este ponto pensa hoje o candidato.
Isto era o pensamento de António Costa. A prática de hoje é o que se vê.
Mas mais recentemente recupero do discurso de António Costa no congresso de Santa Maria da Feira, alguns pensamentos:
“Juntos temos confiança... que saberemos vencer, juntos somos fortes, juntos somos imbatíveis”
A prática política, recuperando ideia chave de António Guterres, terá que ser exercida com razão, mas também com o coração. A componente emocional tenderá sempre a respeitar valores, que ditam regras comportamentais. Os eleitores estão cansados, muito cansados de uma política espectáculo ditada pelos interesses mercantis da comunicação publicada. Não é uma” boa imprensa”, sem que conheçamos em toda a sua extensão a razão para tal ,que deve conduzir a livre opção dos socialistas.
Quando se escreve e se transmite que o atual secretário geral do PS conhece, como ninguém o partido, que trata os militantes pelo nome, que conhece muitos dos seus problemas, é como se tal fosse um acto sem interesse e, até de pouca dignidade. Realmente para quem achar que o País é uma realidade para ser pensada, discutida e planeada num eixo que vai do Chiado à Quinta da Marinha, tal prática será uma maçada ( é assim que usam referir-se, não é?).
Em consciência acho que há muitas mais razões para que António José Seguro continue como secretário-geral do PS e seja o nosso candidato a primeiro ministro. Neste momento e, nesta oportunidade, entendi ser meu dever, na minha qualidade de militante, evocar aspectos fundamentais que materializarão sempre o que deve ser uma conduta pelos valores.
Joaquim Luís Rosa do Céu

Militante 8871
«PS/Alpiarça»