A colecção de José de Mascarenhas Relvas, reunida ao longo da vida, compreende oito mil peças. O republicano viveu na Casa dos Patudos, em Alpiarça, espaço onde expôs a sua colecção reunindo pintura, escultura, cerâmicas do século XV ao XX. O proprietário doou tudo ao município ribatejano, embora com ressalvas. Uma delas: o quarto do seu filho nunca será aberto ao público.
O olhar «absorve» o espaço cheio de peças de arte, pintura, escultura, tapeçaria, cerâmica. Fechamos os olhos e quase conseguimos ouvir e sentir o burburinho vivido nos finais do século XIX, início de XX, na Casa dos Patudos, em Alpiarça (Santarém), habitada por José de Mascarenhas Relvas (1858-1929) e a família.
A casa que é hoje museu foi construída nos anos
de 1905, 1906, e tem a assinatura de Raul Lino, arquitecto amigo do «Sr.
Relvas», como gostava de ser tratado, diz Nuno Prates, conservador da Casa dos
Patudos – Museu de Alpiarça. A arquitectura simples e despojada talvez não
deixe adivinhar a riqueza da colecção de arte de José Relvas, uma das vozes da
implantação República portuguesa, a 5 de Outubro de 1910.
No total a casa tem 101 divisões, perto de metade estão abertas ao público, conduzindo os visitantes à intimidade deste republicano que legou em testamento a Casa dos Patudos e o seu espólio à Câmara Municipal de Alpiarça.
«Em testamento, José Relvas pede que o quarto que era do filho, Carlos Loureiro Relvas, que se suicidou, nunca seja aberto ao público, assim como pede que o quadro do filho exposto no Salão Nobre nunca seja retirado de lá e que o piano não volte a ser tocado», comenta Nuno Prates.
No total a casa tem 101 divisões, perto de metade estão abertas ao público, conduzindo os visitantes à intimidade deste republicano que legou em testamento a Casa dos Patudos e o seu espólio à Câmara Municipal de Alpiarça.
«Em testamento, José Relvas pede que o quarto que era do filho, Carlos Loureiro Relvas, que se suicidou, nunca seja aberto ao público, assim como pede que o quadro do filho exposto no Salão Nobre nunca seja retirado de lá e que o piano não volte a ser tocado», comenta Nuno Prates.
José Relvas pedia ainda que na biblioteca, que
partilhava com o seu filho Carlos, houvesse sempre flores naturais. Relvas e a
sua mulher, Eugénia da Silva Mendes, tiveram três filhos, dois faleceram ainda
criança e Carlos viveu até aos 35 anos.
Na entrada da casa está um painel de azulejos da fábrica Confiança, em Lisboa. Uma peça que recria a ruralidade da quinta dos patudos. «A quinta, adquirida pelo avô do Sr. Relvas, era assim chamada porque aqui se caçavam patos desde a Idade Média», conta o conservador.
Umas escadas em madeira dão acesso a um mezanino onde é possível observar faianças Bordalo Pinheiro, o brasão da família Relvas, e uma cópia do quadro «Los Borrachos», do século XVII, de Velázquez, pintor espanhol.
Ao todo, a colecção da Casa dos Patudos contabiliza oito mil peças, distribuídas pelo imóvel, e que abarcam um período cronológico desde finais do século XV até ao início do século XX. A visita, que nos ocupa perto de duas horas, conduz os curiosos pelo espaço privado e íntimo da família, mas também pelas zonas de lazer e recepção dos amigos.
Os quartos estão praticamente como foram deixados pelo proprietário. No quarto de José Relvas continua em cima da cadeira o seu chapéu e no chão os sapatos. Os aposentos de D. Eugénia têm duas camas, mobiliário de estilo romântico, e é possível ainda ver um vestido negro e os sapatos. Na sala da família, estão expostos quadros, pinturas e retratos, das várias gerações Relvas.
Na entrada da casa está um painel de azulejos da fábrica Confiança, em Lisboa. Uma peça que recria a ruralidade da quinta dos patudos. «A quinta, adquirida pelo avô do Sr. Relvas, era assim chamada porque aqui se caçavam patos desde a Idade Média», conta o conservador.
Umas escadas em madeira dão acesso a um mezanino onde é possível observar faianças Bordalo Pinheiro, o brasão da família Relvas, e uma cópia do quadro «Los Borrachos», do século XVII, de Velázquez, pintor espanhol.
Ao todo, a colecção da Casa dos Patudos contabiliza oito mil peças, distribuídas pelo imóvel, e que abarcam um período cronológico desde finais do século XV até ao início do século XX. A visita, que nos ocupa perto de duas horas, conduz os curiosos pelo espaço privado e íntimo da família, mas também pelas zonas de lazer e recepção dos amigos.
Os quartos estão praticamente como foram deixados pelo proprietário. No quarto de José Relvas continua em cima da cadeira o seu chapéu e no chão os sapatos. Os aposentos de D. Eugénia têm duas camas, mobiliário de estilo romântico, e é possível ainda ver um vestido negro e os sapatos. Na sala da família, estão expostos quadros, pinturas e retratos, das várias gerações Relvas.
«A nível da pintura estão representadas todas
as escolas europeias. Na Casa dos Patudos estão expostas sensivelmente 29 obras
de José Malhoa, 33 obras de Silva Porto, entre outros pintores», comenta Nuno
Prates.
A casa era frequentada por músicos, pintores, políticos, pessoas que partilhavam os mesmo gostos que este erudito português. Na zona de convívio da casa, conseguimos ainda imaginar os salões, com um ambiente envolto no fumo dos charutos e cachimbos, repletos de elegantes homens a discutir os mais diversos temas em longas tertúlias.
A dona da casa também tinha a sua habitação para receber e estar. A sala da D. Eugénia era o espaço para a mulher do Sr. Relvas receber as amigas e onde ensinava as criadas a bordar. «Ao centro temos o único exemplar de um Tapete de Arraiolos, bordado a seda sobre linho, datado do século XVIII. Uma peça adquirida em 1914, em Lisboa. É uma das peças mais conhecidas da casa», explica o nosso interlocutor nesta viagem pela Casa dos Patudos – Museu de Alpiarça.
A sala da música é «emblemática». Aqui está uma grande caixa de música. «É uma pianola». Olhando de relance parece ser um piano, mas tem um espaço para colocar uns rolos que contém as notas musicais. «Os rolos são o bisavô dos nossos CD’s», brinca Nuno Prates. Aqui podemos ainda ver a Jarra da Música, da fábrica Bordalo Pinheiro, que representa diversos músicos.
No rés-do-chão existem salas cujas paredes estão repletas de quadros, a óleo e aguarelas. Há muitas imagens de pintores portugueses que representam um Portugal já desaparecido. Alguns representam zonas rurais dos arredores de Lisboa como Carnide e Benfica, hoje bairros habitacionais da capital.
A casa era frequentada por músicos, pintores, políticos, pessoas que partilhavam os mesmo gostos que este erudito português. Na zona de convívio da casa, conseguimos ainda imaginar os salões, com um ambiente envolto no fumo dos charutos e cachimbos, repletos de elegantes homens a discutir os mais diversos temas em longas tertúlias.
A dona da casa também tinha a sua habitação para receber e estar. A sala da D. Eugénia era o espaço para a mulher do Sr. Relvas receber as amigas e onde ensinava as criadas a bordar. «Ao centro temos o único exemplar de um Tapete de Arraiolos, bordado a seda sobre linho, datado do século XVIII. Uma peça adquirida em 1914, em Lisboa. É uma das peças mais conhecidas da casa», explica o nosso interlocutor nesta viagem pela Casa dos Patudos – Museu de Alpiarça.
A sala da música é «emblemática». Aqui está uma grande caixa de música. «É uma pianola». Olhando de relance parece ser um piano, mas tem um espaço para colocar uns rolos que contém as notas musicais. «Os rolos são o bisavô dos nossos CD’s», brinca Nuno Prates. Aqui podemos ainda ver a Jarra da Música, da fábrica Bordalo Pinheiro, que representa diversos músicos.
No rés-do-chão existem salas cujas paredes estão repletas de quadros, a óleo e aguarelas. Há muitas imagens de pintores portugueses que representam um Portugal já desaparecido. Alguns representam zonas rurais dos arredores de Lisboa como Carnide e Benfica, hoje bairros habitacionais da capital.
A sala de jantar é ampla. A mesa está posta,
como se aguardasse os convivas. Nas paredes há quadros «natureza morta» e ao
fundo duas vitrinas expõe serviços de jantar. A lareira, feita com pedra de
Ançã, tem expostas pratas portuguesas e inglesas. A sala é rica na mesa,
nas paredes mas também no tecto, forrado de madeira, simplesmente trabalhado.
Contíguo à sala de jantar está o Salão Nobre, onde se destaca, por exemplo, um arquibanco da oficina de José Emídio Maior, datado do século XX. No tecto um imponente lustre de cristal Burano do século XIX. E aqui também está o quadro que representa o filho Carlos. Uma obra de Columbano Bordalo Pinheiro colocada junto ao piano «que nunca mais se poderá tocar».
Caminhamos para a saída, mas há ainda tempo para espreitar a Biblioteca, o local de trabalho de José Relvas e do filho Carlos. No total a biblioteca reúne uma colecção de sete mil livros, embora não estejam todos expostos. «Os livros relacionam-se com as várias actividades desenvolvidas por Relvas, tais economia, finanças, política, livros de arte», explica Nuno Prates.
Em cima das duas secretárias, dispostas lado-a-lado, estão blocos de notas, uma escultura de um capino, e dois calendários: um parado na data 14 dezembro de 1919, data da morte do filho Carlos, e outro parado a 20 de Dezembro de 1929, data da morte de José relvas. Sobre as secretárias, as duas jarras com flores naturais, o pedido deixado em testamento.E assim nos encaminhamos para saída, deixando atrás um museu que está aberto de terça-feira a domingo. A Casa dos Patudo – Museu de Alpiarça mantém vivo o espírito de convívio em torno da arte e promove conferências, encontros, tem serviço educativo e um arquivo histórico, onde reúne documentação escrita e materiais fotográficos da História Contemporânea de Portugal.
Contíguo à sala de jantar está o Salão Nobre, onde se destaca, por exemplo, um arquibanco da oficina de José Emídio Maior, datado do século XX. No tecto um imponente lustre de cristal Burano do século XIX. E aqui também está o quadro que representa o filho Carlos. Uma obra de Columbano Bordalo Pinheiro colocada junto ao piano «que nunca mais se poderá tocar».
Caminhamos para a saída, mas há ainda tempo para espreitar a Biblioteca, o local de trabalho de José Relvas e do filho Carlos. No total a biblioteca reúne uma colecção de sete mil livros, embora não estejam todos expostos. «Os livros relacionam-se com as várias actividades desenvolvidas por Relvas, tais economia, finanças, política, livros de arte», explica Nuno Prates.
Em cima das duas secretárias, dispostas lado-a-lado, estão blocos de notas, uma escultura de um capino, e dois calendários: um parado na data 14 dezembro de 1919, data da morte do filho Carlos, e outro parado a 20 de Dezembro de 1929, data da morte de José relvas. Sobre as secretárias, as duas jarras com flores naturais, o pedido deixado em testamento.E assim nos encaminhamos para saída, deixando atrás um museu que está aberto de terça-feira a domingo. A Casa dos Patudo – Museu de Alpiarça mantém vivo o espírito de convívio em torno da arte e promove conferências, encontros, tem serviço educativo e um arquivo histórico, onde reúne documentação escrita e materiais fotográficos da História Contemporânea de Portugal.
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