Autor do livro "O credor toca sempre duas vezes" considera que, para as famílias, a insolvência pode ser uma oportunidade de refazer a vida.
As famílias também
declaram falência. Esta saída de último recurso é usada cada vez mais
na classe média, afirma o advogado Nuno da Silva Vieira, em entrevista à Renascença.
“Começam
a aparecer famílias tipicamente da classe média que viveram vidas fantásticas a
nível financeiro e que, por diversas razões, agora enfrentam vicissitudes.
Essas pessoas perderam a vergonha social”, refere o autor do livro "O
credor toca sempre duas vezes".
Às
causas mais comuns, os cartões de crédito e os empréstimos para consumo e
habitação, juntam-se também as dívidas das empresas familiares, explica.
Para
estas famílias, a insolvência pode ser uma nova oportunidade. “A lei permite
essa segunda oportunidade, a lei permite às famílias o perdão de dívidas, a
renegociação, permite a possibilidade de ter direito a uma vida nova. Podem
voltar a ganhar dinheiro, contribuir para a Segurança Social, podem regressar
ao contrato social sem ter que andar a dissipar bens de forma simulada com
familiares”, diz Nuno da Silva Vieira.
Esta
solução passa pelo tribunal, mas não exige dinheiro, uma vez para isso existe o
apoio judiciário, lembra o advogado. Bastam 15 minutos, na delegação mais
próxima da Segurança Social.
Existem
dois tipos de insolvência: a renegociação, para quem não consegue liquidar as
dívidas mas ainda tem alguns rendimentos, ou o perdão total da dívida.
“Nas
situações limite de necessidade de apresentação a insolvência com perdão de
dívida, o tribunal vai encarregar-se de atribuir um valor digno que a pessoa
irá usufruir sem que nenhum solicitador ou credor possa executar. Esse
valor é revisto consoante a evolução da vida das pessoas”, explica Nuno da Silva
Vieira, que garante que as famílias não ficam na miséria.
Para
que o perdão seja efectivo, durante cinco anos estas famílias que decretam
falência têm que prestar contas ao tribunal, sem falhas.
Quando
as dívidas incluem as casas, o banco toma posse delas, mas também aqui há
soluções para evitar que a família fique na rua.
“A
casa será entregue ao banco e a dívida será tratada como uma outra dívida
comum, mas existem outros mecanismos que as pessoas podem desenvolver. Há
sempre soluções para que a casa não se perca de forma definitiva. Existe casos,
por exemplo, em que o banco faz um contrato de leasing com os particulares,
através da contrapartida de uma renda de forma dilatada no tempo”, diz o autor
do livro "O credor toca sempre duas vezes".
Soluções
que permitem acabar com as dívidas e recomeçar de novo. As insolvências
familiares são uma saída cada vez mais utilizada e recomendada, sobretudo
quando a crise continua a fechar empresas e a aumentar o desemprego.
«RR»
«RR»
1 comentário:
Portugal Está a Atravessar a Pior Crise Que fazer? Que esperar? Portugal tem atravessado crises igualmente más: - mas nelas nunca nos faltaram nem homens de valor e carácter, nem dinheiro ou crédito. Hoje crédito não temos, dinheiro também não - pelo menos o Estado não tem: - e homens não os há, ou os raros que há são postos na sombra pela Política. De sorte que esta crise me parece a pior - e sem cura.
Eça de Queirós, in 'Correspondência (1891)'
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